AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O conjunto construído, o poço da nascente na ribeira]

 

Época termal
"Abrimos em Julho, pelo São João, mas isto este ano tem estado muito fraquinho, no fundo é só meia dúzia de pessoas que vinham aí. Agosto é o mês mais forte mas este ano não, isto está a morrer." (homem encarregue do balneário)

Indicações

Doenças de pele, reumatismo e aparelho digestivo
"Eu quando vim para aqui quase não andava, problemas de circulação, artroses e da coluna. Eu não entrava numa banheira, tinha que andar apoiada, fazia fisioterapia, tomava cortisona. Agora desde Janeiro para cá que não tomo cortisona, comecei a desinchar, já tenho menos 12 quilos, estou óptima, danço, canto." (aquista em tratamento)

"Esta água também faz bem a feridas. Quando era pequena, o lavrador lá do monte vinha aqui buscar água com uma pipa, para dar banho em casa. E lembro da minha mãe ir lá com uma coisinha para buscar água, para lavar as “pêras” que a gente tinha na cabeça quando éramos pequenos." (mulher encarregue do balneário)

Tratamentos/ caracterização de utentes

"O tratamento é só banho, tenho feito 11 banhos, mas este ano é um caso especial, só vou fazer nove, cada um de 20 minutos. Mas logo no primeiro ano senti melhoras. No primeiro ano tinha de ter sempre uma pessoa ao pé de mim, para ajudar a entrar e sair, mas agora já vou sozinha, vou para o banho a cantar, saio do banho a cantar. Foram quatro anos de banhos, mas comecei logo a sentir melhoras. Ao princípio, de um tratamento para o outro, sentia aquela falta, mas este ano já não sinto. Sabe que a gente nem é preciso limpar-se, passados dois minutos de sair do banho está completamente enxuta. Mal acabamos o nosso banhinho vem o repouso, enrolada e a suar um pouco. Isso é essencial sair do banho e ficar em repouso, às vezes até fico mais de meia hora, por vezes fico até duas horas." (aquista em tratamento)

Os frequentadores são sobretudo oriundos da região, embora a aquista contactada referisse frequentadores de oriundos de Lisboa: "Anteontem e ontem foram muitas pessoas embora, uns entram e outros saem, o rapaz também não pode ter aqui muita gente, isto também não tem condições, o rapaz está sozinho e estes senhores é que estão a olhar por isto. Vem também muita gente de fora da região de Lisboa e tudo. Também há muita gente que vem só cá tomar banho e volta para casa. Paga-se mil escudos por banho, não é assim muito caro, têm de puxar e aquecer a água, tem de ter aqui um homem a trabalhar tem muitas despesas, não acho caro." (aquista em tratamento)

 

Instalações/ património construído e ambiental

Existem três captações de águas: a primeira no próprio leito da ribeira de Oeiras, num poço com cerca de 1,5 m de diâmetro e igual profundidade, onde a água surge de uma fissura do calcário. A segunda emergência é um furo executado pela câmara, talvez nos anos 1980, para abastecimento de água, e encontra-se dentro da capoeira das galinhas, sendo canalizada até um pequeno fontanário. A terceira é um furo de estudo executado pela empresa A. Cavaco em 1989.
A hospedaria/balneário tem 7 quartos duplos e 4 singulares, havendo duas banheiras para banhos terapêuticos.
Chambel, no seu estudo de 1996 sobre estas águas, faz algumas considerações sobre o estado das captagens e dos balneários, afirmando que se tornava necessário criar espaços “ para acolher os aquista durante a estadia”. O autor proponha a construção de um balneário, com "banho escocês, banheiras modernas, instalação de bidés terapêuticos, instalação de vaporizadores para inalação de vapor, reforma das canalizações, implantação de esquentadores”.

Um pouco a jusante deste local termal foi construído um açude na ribeira e instalada uma zona de merendas.

 

Natureza

Cloretada sódica, sulfúrea sódica (Calado 1995).    

 

Alvará de concessão

A exploração era feita pela proprietária do local, Custódia Maria Martins, falecida em 2002. Tomou conta da exploração um seu filho, deficiente com problemas de foro psíquico. Na época balnear é auxiliado no trabalho por um casal, morador em Morena.

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Historial

Há uma curta menção em "Águas e Termas Portuguesas" (1918:15): “No concelho de Mértola existem várias nascentes de águas minero-medicinais, sulfurosas, uma na margem esquerda do Guadiana, muito próxima da sede de concelho; outra na chamada Ribeira de Oeiras, da freguesia de S. João dos Caldeireiros, a 12 km da vila, e outra ainda na mesma ribeira, próximo ao chamado Monte das Morenas.”
Existiam neste local minas de sulfato de bário, exploradas nos anos 1940 pela empresa Águas Santas Lda., de que era proprietário o sr. Coelho. Nessa época foi construída a estrada municipal. Na década seguinte as minas foram desactivadas “por razões de ordem diversa – falta de pessoal , desentendimento entre sócios e problemas de gestão” (Campos 2001). Este local era tradicionalmente usado por trabalhadores das minas de S. Domingos, que para aqui vinham em banhos nos seus períodos de férias, acampando em volta da nascente e transportando mesmo as banheiras ou bidões para os seus banhos.
Foi portanto após a dissolução da empresa mineira que o proprietário e sua esposa (Custódia) iniciaram a exploração termal. De início era o próprio alpendre que servia de armazém à mina, depois transformado em balneário, com divisórias em madeira e cana. Já nos anos 1960 foi construída uma das casas, onde estão agora os quartos de aluguer, ampliados posteriormente.
Em 1993 o prof. Chambel, por encomenda da câmara de Mértola, iniciou um estudo sobre as águas subterrâneas do concelho para um futuro abastecimento público. Sobre as Águas da Morena, o autor faz várias críticas aos modos de captagem e à salubridade das instalações, relatando que as obras necessárias para a adaptação dos actuais balneários orçavam entre 2 a 4 milhões de escudos, verba que a proprietária não dispunha, embora a CM auxiliasse com mão-de-obra e oferta de materiais de construção. Neste sentido foi formulada uma candidatura à CCR do Alentejo, não se vindo a concretizar o apoio pedido. Em 2002 a proprietária faleceu, o seu filho iniciou a exploração auxiliado por um casal de moradores em Morena, mas numa instabilidade inerente ás suas condições de deficiente.

Deve no entanto referir-se que a qualidade físico-química demonstrada pela análise completa efectuada, demonstra as grandes potencialidades intrínsecas desta água sulfúrea para fins termais.” (Chambel 1996)

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Alojamentos

"Isto tem quartos para 10 casais, e duas banheiras." (aquista em tratamento)

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Recortes

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Bibliografia

Calado 1995, Chambel 1996, Campos 2001, Campos s/d, Filipe 2000, Águas e Termas Portuguesas 1918.

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Dados gerais

Distrito
Beja

Concelho
Mértola

Freguesia
Sobre a divisória das freguesias de Mértola e S. João dos Caldeireiros.       

Povoação/Lugar
Sítio das Águas Santas, Morena 

Localização
Na EN 267 (Mértola-Almodôvar), em Namorados, a 4 km de Mértola, toma-se o desvio à direita para Morena e Alvares. A 2 km passa-se o desvio para Morena e continua-se cerca de 1 km na estrada, que atravessa a Ribeira de Oeiras em ponte. Na outra margem encontram-se os balneários que servem de apoio às Águas Santas.  

Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica do Rio Guadiana      

Zona geológica
Maciço Hespérico

Fundo geológico (factor geo.)
Grupo de Flysch do Baixo Alentejo. Meio fissurado de média permeabilidade.   

Dureza águas subterrâneas
200 a 400 mg/l CaCO3

Concessionária

Uso popular

Telefone
 934182601

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


O poço da nascente



A hospedaria



O balneário