Tipo de exploração:
Água para lavagens
Natureza da água:
Sulfúrea sódica
Indicações (pop.):
Doenças músculo-esqueléticas, dermatoses
[Praia fluvial de Verim onde se localizava uma das imergências de água sulfúrea]
Época termal
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Reumatismo e doenças de pele
"É pena não aproveitarem aqui as águas, isto também dava valor. Vê-se pessoas com feridas crónicas, que é só pomadas, medicamentos e antibióticos e não se curam. E estas águas, como diz a minha mulher, pessoas mais antigas que vinham buscar esta água para lavar as feridas e saravam. A água era muito melhor que esses remédios todos, era barata e melhor. É como os remédios caseiros, chá de cidreira, chá de limão, chá disto e daquilo, de tília… agora já ninguém usa. Se têm uma dor de barriga vão logo a correr à farmácia. Isto são riquezas que andam para aqui esquecidas, como diz a minha mulher e é verdade, a minha sogra tinha umas feridas nas pernas, morava à beira do Gerês, depois veio para aqui, e mulher disse-lhe: «Ó mãe, há ali uma água de enxofre, a mãe devia botar nas feridas». Nós levámos a água para ela lavar as feridas, e ficou curada. Agora é só remédios das farmácias, as coisas caseiras e estas coisas que nós temos na nossa terra ninguém quer saber. Quando era pequeno, tinha uns 8 ou 10 anos, tínhamos aí umas cabras e umas ovelhas, às vezes no fim da escola vinha para aqui com elas, e bebia água aí dessa bica, sabia mesmo ao enxofre, mas bebia-se bem."
(Sr. António Costa)
Tratamentos/ caracterização de utentes
"Levavam para casa, não se lavavam aqui. Ali naquela da bica de tubo como a água caía da altura de 50cm, essa devia ser mais antiga., Quem é que meteu lá o tubo sei lá bem? Aquilo antigamente era bom, mas depois deixaram caducar. É assim, deixam perder as coisas boas."
Instalações/ património construído e ambiental
Eram dois os pontos de emergência. O primeiro, debaixo de uma rocha granítica debaixo de mimosas, 30 m a jusante do bar da praia. O segundo, 80 m a montante do mesmo local, depois de passada a propriedade (com construção clandestina em madeira), junto de uma lima de água entre choupos, também de uma rocha. Ambas estão na linha de inundações periódicas do Cávado e são de pequeno caudal, “um fio de água” nas palavras do Sr. António Costa, morador vizinho do local e familiar de utilizadores destas águas.
Actualmente o espaço compreendido entre as duas nascentes foi transformado em praia fluvial, com o seu parque de estacionamento, bar e apoios balneários, com construções pré-fabricadas em madeira, onde não falta a bóia do nadador-salvador. Local agradável, muito concorrido no Verão.
As emergências estão com certeza lá, só que assoreadas. Seria uma mais-valia para a praia e freguesia que estas se mantivessem em pequenas bicas, com o aviso das suas propriedades curativas.
"Esta nascente que vamos ver, só lhe mostro o local, não está a ser explorada. Isto era preciso miná-la, porque era pequenina e some-se aqui na areias. Era aqui, corria por aqui fora, andaram para aqui com estas obras da praia e aterraram-na, ela nascia aqui entre duas rochas, saia assim num punhozito. Ali havia um engenho, uma azenha de moer o milho, era aqui, era preciso explorar isto, agora já não tem sinal. Era uma água chorada, como se costuma dizer, uma aguinha pouca. Agora a outra tem um tubo, mas agora andaram lá com as areias, não sei como está." (Sr. António Costa)
Natureza
Fracamente mineralizada, sulfúrea sódica fluoretada, hipotermal (Almeida e Almeida 1978)
Sulfúrea sódica (Calado 1992)
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Almeida (1988: 285) escreveram sobre esta nascente: “Por pouco a água estará perdida porque a lama dos enxurros vai assoreando a nascente, mas é muito procurada para doenças de pele e reumatismo”. Actualmente a água está mesmo perdida e o local foi transformado numa praia fluvial - todo o espaço em volta da nascente descrita encontra-se coberto por areia que serve de repouso aos banhistas. Existe outra nascente a cerca de 110 m a jusante da primeira, mas também
em 1999 a câmara municipal e a junta de freguesia iniciaram o projecto de transformação do local numa praia fluvial, e em 2000 a praia contava já com um bar e balneário. As nascentes foram completamente ignoradas, fruto de uma época em que se esqueceram os tratamentos tradicionais: "Foi a junta que fez isto aqui com a colaboração com a câmara, fizeram isto que até está bem, mas ao mesmo tempo podiam ter aquelas águas de enxofre exploradas. Isto nós velhotes morrendo, ficam sem saber nada. Eu tenho cinco filhos, se lhes for perguntar, respondem assim «sim, o meu pai dizia». Não sabem onde era, se era aqui ou acolá. Não sabem se era bom para isto ou aquilo, não sabem nada, há muita coisa que morre e que vai fazer falta"» (Sr. António Costa)
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Acciaiuoli 1944, Almeida 1988.
Freguesia
Verim
Povoação/Lugar
Bouça do Areal – actual praia fluvial de Verim (margem esquerda do Cávado)
Localização
Partindo de Verim para norte em direcção à margem esquerda do rio Cávado, percorridos cerca de 2 km chega-se ao local da nascente, na margem do rio, actual praia fluvial.
Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Cávado
Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro Ibérica
Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (ácidas e intermediárias), granitóides e afins
Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l CaCO3
Concessionária
Sem uso – água perdida
Telefone
n.d.
Fax
n.d.
Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais