AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[As Portas de Ródão. A nascente localizava-se junto do Tejo]

 

Época termal
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Indicações

Reumatismo e dermatoses
"Cá há anos um indivíduo, aqui o chefe da estação de Vila Velha, da estação da CP, apareceu-lhe uma alergia no corpo, o homem foi para Coimbra, foi para Lisboa, fartou-se de correr médicos e mais médicos e estava sempre na mesma. Até que houve alguém que lhe disse para ir à Fonte das Virtudes, que ao fim de pouco tempo isso estava tudo seco. Ele assim fez, acimentou aquele tanque, que está lá arranjadinho, limpou aquilo bem, e vinha ali todos os dias dar banho.
Eu vi-o lá ao fim de uma temporada e perguntei-lhe: 'então como vai isso agora?'. Ele respondeu: 'Isto foi uma maravilha, já passou tudo, já nem tenho as borbulhas'.

Aquela água é uma maravilha para o fígado (informante).


Tratamentos/ caracterização de utentes

Actualmente não é utilizada, mas no local havia várias casas que “davam banhos” .

Antigamente era mais para banhos, agora é só para beber”, segundo um informante. A água a que se refere esta afirmação é a da “Biquita”, que não é uma água sulfúrea, nem parece ao paladar ter nenhuma característica especial.

 

Instalações/ património construído e ambiental

No início da década de 80 foi construída a barragem do Fratel, e a sua albufeira fez subir as águas do Tejo para montante das Portas de Ródão. Em Montes de Vila Ruiva, as margens eram ocupadas por um extenso areal que formava uma praia fluvial, bastante concorrida. “Chegavam a juntar 150 pessoas por dia”, segundo um informante. Além de servir como praia fluvial, o local servia também para banhos terapêuticos. A Fonte das Virtudes é ou era uma água sulfúrea sódica, que nasce à temperatura de cerca de 24º.
No local da antiga emergência existe uma propriedade murada, “a casa do engenheiro”, onde se vê uma piscina de razoável dimensão. Junto do extremo nascente do muro há uma bica de água, que o proprietário deixou para serventia pública. Para poente da propriedade, no meio de um afloramento rochoso, há uma poça de água, completamente coberta de silvas, de acesso difícil, da qual corre para o Tejo um ligeiro caudal de água. Á esquerda desta poça e numa cota ligeiramente superior, uma pequena casa, a única que resta das casas dos banheiros. Mais para poente encontra-se um tanque que serviu a banhos.

Aquilo era um caudal assim [forma com as mãos um circulo correspondente à secção de uma manilha de 20 cm]. Foram umas termas muito boas", afirma o informante.Se essa emergência não estiver submersa pela albufeira, será fácil de adivinhar onde se encontra esse grande caudal, já que os dois que estão fora da propriedade são pequenos fios de água.

 

Natureza

Sulfúrea sódica / 20 e tal º (Calado. 92)”
“Ela nasce morninha, quer de Inverno quer de Verão esta sempre igual”. (informante)
"Parece que vem a ferver, até deita fumo. Ela sai e divide-se em duas, vai para uns tanques e vai para aquela piscina. Desta tem uma torneira que vai para o Tejo, e a outra vai para um tanque no meio das silvas.

É mal empregado estar a deitar aquela água fora, quando há tanta gente com necessidade de tomar banhos nela. (informante).

 

Alvará de concessão

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Historial

No Aquilégio (1726) a fonte é assim descrita: "No monte de Vilas Ruivas, termo da Vila Velha de Redém, comarca de Castelo Branco, está uma fonte a que chamam das Virtudes. E se é pelas que se experimentam na sua água, está bem posto o nome.. Ela nasce tão quente que não se pode beber. O seu mineral de enxofre, que o cheiro e o calor mostram. Há experiências de que as pessoas que tem sarna se curam lavando-se com esta água. Porém não terá só esta virtude, senão que os seus banhos serão como os mais sulfurosos, que nos números acima temos falado, e servirão para os mesmos usos.”
Acciaiuoli só a cita pelo Aquilégio (“Nasce tão quente que não se pode beber”, V, 1944) e o mesmo acontece com a descrição de Dias (1951. Figura no mapa de Calado (1992)
No site de Vila Velha de Ródão aparece uma pequena referência nas informações sobre turismo com o seguinte texto: “Fonte das Virtudes – Fonte de água mineral termal, que pelo seu fraco escoamento não é comercializada. Antigamente curavam-se aqui doenças de pele e outras. Pela sua proximidade ao rio, trata-se de um local de bucólica beleza”.
Este antigamente não é muito longínquo, pois remota à década de 1970-80, aquando da construção da barragem de Fratel, cujas águas da albufeira submergiram a praia fluvial, e talvez mesmo as nascentes, embora a sua emergência principal se possa encontrar dentro da propriedade murada.
O desaparecimento da praia fluvial representou a decadência do próprio local e também da vizinha Vilas Ruivas, que actualmente conta com 56 habitantes. Na aldeia "já não nenhuma loja, dantes neste largo eram cinco lojas, agora já não há nada” (informante). A venda mencionada por um dos informantes deve localizar-se no final da década de 80 ou início da seguinte: “Aquilo há uns anos foi vendido e as pessoas que lá vão de férias… está a ver, fizeram uma casa com muro a toda a volta, com uma rede para as pessoas não passarem.”
O local é um imponente cenário, com os abruptos afloramentos rochosos das Portas de Ródão a abrirem-se no horizonte na continuidade do espelho de água formado pela albufeira.

Facilmente se imagina como seria antes da barragem. A descida íngreme termina na passagem subterrânea ao caminho-de-ferro mas devia continuar a descer até uma cota bem mais inferior, onde um extenso areal se cobria barracas de veraneantes, gentes rurais dos distritos de Castelo Branco e Portalegre, uns em lazer, outros em banhos curativos.

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Alojamentos

Nos tempos da praia fluvial, alugavam-se quartos em casas dos “banheiros” e acampava-se no areal
“Dantes quando aquilo era uma praia, era lá que ficavam as pessoas, tinha umas casitas, ou faziam barracas lá no meio daquele areal."

"Havia lá pessoas a viverem, as pessoas que davam os banhos, agora só ficou lá uma casita, mas havia mais.”(informantes).

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli 1944, Dias 1951, Henriques1726

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Dados gerais

Distrito
Castelo Branco

Concelho
Vila Velha de Ródão

Freguesia
Vila Velha de Ródão       

Povoação/Lugar
Vilas Ruivas - Montes de Vilas Ruivas 

Localização
Na margem direita do Tejo, cerca de 3 km a jusante das Portas de Ródão, a montante da barragem do Fratel. Em Vilas Ruivas toma-se o caminho para o Tejo, que por descida íngreme conduz, a cerca de 2,5 km, à margem direita do rio, depois de uma passagem subterrânea sob a linha férrea da Beira Baixa. Este caminho acaba na “casa do engenheiro”, onde se devem localizar as emergências mais importantes da água.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Tejo      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas metamórficas (xistos)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

Uso popular - actualmente sem uso.

Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


A praia submersa pelas águas da Albufeira de Fratel




Junto do muro encontra-se a única bica de água que resta dos antigos banhos