AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O solário das Termas de Monfortinho]

 

Época termal
Encerra de 14 de Dezembro a 30 de Janeiro

Indicações

No Aquilégio é longa a lista das doenças tratadas com esta água, relativas ao aparelho digestivo, urinário e problemas uterinos: “assim também achaques cutâneos, como são uzagres, empigens, gota rosada, sarna, comichões, pústulas, fistulas, chagas e lepra e outros males, excepto gálico [sífilis] em que não se aproveita.”
Dispepsias, dermatoses, várias manifestações artríticas, auto-intoxicações, gota, diabetes, catarros das mucosas gastro-intestinais, aparelhos hepático e genito-urinário, escrofuloses, etc. (Correia, 1922)
Doenças do fígado, intestinos, rins e dermatoses irritáveis. (Contreiras, 1951)
Pele, aparelho digestivo (Acciaiuoli,1944, I)

Doenças hepato-biliares, doenças gastro-intestinais, doenças reumáticas (site de divulgação).

Tratamentos/ caracterização de utentes

Tratamentos: Ingestão de água, balneoterapia (banho em água corrente, de bolha de ar, duche subaquático, hidromassagem e banhos locais, duches de jacto, Vichy e circular), pressoterapia (tratamentos musculares localizados), fisioterapia (massagens locais e gerais, electroterapia de ultra sons e ondas curtas), enteroclises, hidrocinesoterapia (ginástica em grupo na piscina termal, solaris, etc.) (site de divulgação).
Em 2002 houve 3095 inscrições, o que representou um valor 531.000 Euros, colocando estas termas em 12º lugar na frequência das termas portuguesas. Desde 1996 tem demonstrado um crescente número de utentes, com excepção para o ano de 2000, em que caiu para 1775. Para os outros anos, temos: 1996-2255, 1997- 2301, 1998 - 2265, 1999 - 2269, 2001- 2658. (IGM/estatísticas). Em 2003 receberam 3200 aquistas (dados do director termal) .

No Hotel Astória funciona também um Instituto de Hidroterapia, com programas dentro do turismo da saúde: anti-celulítico, reafirmante, relaxamento e de embelezamento.

 

Instalações/ património construído e ambiental

O Balneário conservou no seu exterior a arquitectura do Estado Novo (1940), formada por três corpos, um central, onde se encontrava o vestíbulo e a buvete (15x8 m), e duas alas que se desenvolvem lateralmente. A da esquerda servia para o sexo feminino e direita para o masculino (30x12m cada ala). A parte central aparenta a monumentalidade da arquitectura dessa época, com um pé direito superior às alas, abrindo-se a fachada em escadaria com três altos pilares, o todo coroado por um telhado de quatro águas.
Já sob a exploração do Grupo Espírito Santo – Saúde, o edifício sofreu obras de renovação em todo o interior. O espaço ficou assim dividido (segundo o percurso de visita): no corpo central conservou-se a recepção e buvete, no monumental hall. Daqui segue-se para a ala direita, onde se encontram os vestiários, bar, sala de repouso e a zona de “tratamentos secos”, ou seja, cabines de pressoterapia, de massagens simples, de ondas curtas e de ultra-som (no piso superior que ocupa a parte de maior altura desta ala).
Na ala direita encontram-se a zona de tratamentos húmidos: cabines de enteroclises; de aero-banho e duche subaquático; de Vichy, de duche escocês e circular, de hidromassagem e de banhos simples. Conta ainda com cabines de Pedi-Aix e de hidropressoterapia, e uma sala de repouso. No piso superior (semelhante ao da outra ala) encontram-se os tratamentos de carácter mais cosmético: duches faciais, massagem facial e duches gengivais.
O corpo central conta com outro piso superior, que se desenvolve em volta do espaço da buvete, onde se encontram os gabinetes médicos, sala de reuniões e sala de espera. Por detrás deste corpo do edifício há um terceiro que se desenvolve em altura, com piscina de água termal e dois ginásios, um de manutenção e outro de “cardio-fitness”. Sobre estes, na cobertura desta construção, há um solário com banhos de água mineral corrente.
A zona termal de Monfortinho encontra-se separada da povoação do mesmo nome por uma colina que forma parte do parque termal, no interior do qual se localiza o Hotel Fonte Santa. A outra parte do parque encontra-se defronte da fachada do balneário, formando a parte “ajardinada”.
O plano de urbanização de Monfortinho é da década de 40, tal como o de Monte Real, ao qual é semelhante, e define um traçado rectilíneo com ruas em quadrícula numa zona plana.

É uma região de grandes herdades, com a da Poupa e a do Vale Feitoso, onde se fazem safaris fotográficos e se pratica a pesca e a caça. Conta ainda com um Clube de Pesca e Tiro, piscinas para natação e albufeira para pesca e canoagem. O edifício principal deste clube é o antigo pavilhão de férias do conde da Covilhã.

 

Natureza

Bicarbonatadas cálcicas e magnesianas, cloretadas sódicas e potássicas, sulfatadas sódicas e cálcicas, litinadas, silicatadas, gaso-azotadas, oxigenadas e carbónicas, hipomineralizadas, hipotermais (28º) (Correia,1922)
Hipossalina, bicarbonata sódica (28º) (Acciaiuoli, 1944, I)
Fracamente mineralizada, radioactiva (Contreiras, 1951)

Bicarbonatadas, sódicas, cálcicas e magnésicas, com um alto teor de sílica – 30º,5, pH 5,45 com 25 litros/segundo (site de divulgação)

 

Alvará de concessão

Primeiro alvará a 20 de Dezembro de 1906
Contrato actual 1 de Janeiro de 2001

Área reservada 52,25 ha

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Historial

Para poente de Salvaterra do Extremo há a Fonte Santa onde vão muitos doentes tomar caldas e saem delas com saúde “ (Costa, 1706)
Francisco da Fonseca Henriques descreve no Aquilégio Medicinal (1726:43) os modos de tratamento então praticados: "Desde Julho até ao fim de Setembro, há grande concurso de gente a tomar banhos nesta fonte; o que fazem sem arte, sem regimento, e sem cómodo; porque aquele sitio é deserto, e não há casa de banhos, nem médico e enfermeiros que governem, cada qual usa delas como lhe parece, e saindo do banho, não em mais abrigo que as sombras das árvores, que ali são muitas ou algumas barracas que da sua rama fabricam. Tomão dois banhos no dia, de manhã e tarde, e cada um deles de uma até duas horas, e não passam de dezoito banhos. Nos achaques internos, como são obstruções do mesenterio, e afecções hipocondríacas, bebem desta água com grande utilidade.” Entre os frequentadores, o autor destaca o “doutor António Sanches [Ribeiro Sanches], que deveu grande beneficio a esta fonte, porque lhe serviu de remédio de uma gota rosada quando pequeno, e de uma hipocondria depois de adulto.” O autor atribui as qualidades terapêuticas das águas aos minerais nela contidos, como o ferro, o enxofre e sobretudo o ouro. Desse ouro temos ainda testemunhos da sua recolha no rio Erges na primeira metade do séc. XX: “o Erges, Elga ou Ergia ainda hoje fornecem amostras do preciosos metal que os pastores encontram e recolhem” (Dias, 1951).
O Dr. Francisco Tavares diz em 1810 destas caldas que "da sua nascente é conduzida a água por um cano que, na falda da serra, termina num tanque fabricado dentro duma pequena casa abóbada, a qual, por muito vaga tradição se diz mandada fazer pelo Senhor Infante D. Francisco. Estão as ruínas desta casa, há muitos anos, em total abandono, […] O sítio é deserto, e a povoação mais vizinha é Monfortinho, distante uma grande légua; porém, assim mesmo, em outro tempo, para ali concorriam, para uso dos banhos, não somente portugueses de Monfortinho, Monsanto, Penagarcia e outras povoações, mas também espanhóis, vivendo no meio tempo em cabanas feitas de ramos de arvores de o lugar abunda. Esta frequência tem diminuído muito consideravelmente, porque maior actividade de outras águas termais da Província da Beira, e melhores comodidades nos sítios delas convidam ao seu uso os que remédio necessitam, e hoje se lhes dá preferência com muita razão ”.
O infante a que se refere o autor é o irmão de D. João V, que viveu entre 1661 e 1742 e terá doado uma verba à Câmara de Salvaterra do Extremo (concelho incluído actualmente no de Idanha-a-Nova) para a construção de um primeiro balneário depois de uma cura que fez com estas águas, mas por razões desconhecidas a construção do mesmo só veio a ocorrer por volta de 1755 (Andrade, 1939).
O tanque coberto por casa abobadada, que Tavares descreve em ruínas, foi reconstruído em 1850. Nove anos depois, o médico de Salvaterra do Extremo, Barreto (1859), publica um estudo sobre estas águas que foi muito divulgado na vizinha Espanha, começando a afluir às termas muitos aquistas da província de Cáceres, o que está relacionado com a toponímia de Fonte das Espanholas, uma das 14 nascentes relacionadas por Cohen (1906) no seu relatório, que nos faz uma descrição dos banhos existentes: banho público construído sobre a Fonte Santa; Banho Fonseca Henriques, alimentado por dois canos, com tanque de granito revestido a cimento; Banhos do Dr. Pedrosa Barreto, com barraca em madeira; banhos das fontes das Espanholas e da Figueira, com casas próprias. (cit. Acciaiuoli, 1944/IV: 165-180).
A situação de decadência dos banhos ao longo de todo o século XIX, testemunhada por Leal (1875-80), Félix (1877) e Lopes (1892), continuaria no século seguinte. A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova ainda pretendeu explorar as nascentes mas a “9 de Outubro de 1901 seria publicada a portaria de desistência pedida pela Câmara” (Dias, 1951).
Nesse mesmo ano (1901) era publicado no Porto a tese de dissertação sobre Monfortinho do Dr. José Gardette Martins (1901), o qual, “nomeado médico municipal do concelho de Idanha-a-Nova foi, a partir dessa data, médico e organizador das termas, sendo nomeado Director Clínico em 1912” (Dias, 1951).
A este médico se deve a formação da Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho, empresa formada em 1907, e os melhoramentos de algumas instalações: casa do médico em 1901, quartos de aluguer em 1902, Balneário do Dr. Barreto em 1904, o Balneário das Espanholas em 1905, um pequeno hotel em 1908, que ardeu pouco depois, a capela em 1933, tudo construções precárias sem grandes infra-estruturas, construídas sobretudo com dinheiros do Dr. Martins.
Em 1932 estava finalmente pronta a estrada de ligação das termas a Castelo Branco, e no ano seguinte a empresa concessionária é intimidada a fazer obras de renovação das captagens e a construir um novo balneário. Em 1934 entra como sócio da companhia o capitalista conde da Covilhã, Júlio Anahory do Quental Calheiros. A 27 de Agosto de 1935, uma portaria aprovava o ante-projecto de captagens do Engenheiro Andrade (1939), tendo os trabalhos sido iniciados três anos depois.
 “Para realizar a captagem destas nascentes fui obrigado a completar neste sítio o estudo tectónico sumário que realizara na parte nordeste da Serra de Penha Garcia”, pode ler-se no relatório de Andrade (1939), que cita Cohen ao falar das emergências de água: “Brotam na base da Serra, por existir uma zona de falhas, coberta hoje pela aluvião, que impede a emergência destas no próprio leito do rio Erges”. E comentando a riqueza hidromedicinal de Monfortinho: “As águas medicinais brotam, actualmente em número de 14, mas se se descobrisse a rocha muitas mais apareceriam. Encontrando-se, aproximadamente, em linha recta desde da nascente da Charca, a sul, até à Fonte Fria, a norte […] as mais meridionais apresentam maior percentagem de gases do que as outras.
Em 1938, ainda com os trabalhos de captagem a decorrerem, foi construído um hotel, e no ano seguinte iniciava-se a construção do novo balneário, com duas alas que se desenvolvem a partir de uma parte central onde se encontra o vestíbulo e o buvete, cada uma com 30 metros de comprimento por 12 metros de largura e destinados aos dois sexos. Estas alas são definidas por um corredor central, encontrando-se de um lado as cabines destinadas a balneoterapia e do outro as cabines dos tratamentos hidroterápicos Em Setembro de 1940 foi inaugurada a ala destinada ao sexo feminino, que serviria a ambos os sexos até 1945, ano em ficou concluída a outra ala e a sala da caldeira e entrou em funcionamento a oficina de engarrafamento.
No início da década de 1950, é inaugurado o laboratório de análises clínicas e é traçado o plano de urbanização das termas. Por iniciativa de um grupo de industriais chefiados pelo padre Alfredo Marques dos Santos, foi construído um novo hotel, o Astória, com 100 quartos.
No início da década de 1970, as termas de Monfortinho aparecem nomeadas em discursos parlamentares, sobretudo pela necessidade de construção de uma ponte sobre o Erges, que formaria um posto fronteiriço, dedicado sobretudo aos clientes espanhóis das termas. A proposta de construção dessa ponte iria surgir em vários debates parlamentares depois de 25 de Abril, cujo tema era sobretudo as suas potencialidades turísticas. Na sessão de 6 de Março 1986, Monfortinho foi referenciado num discurso de Pereira Lopes, sendo o tema mais uma vez relacionado com os problemas da falta de infra-estruturas da interioridade, a que os sucessivos governos não davam resposta: “É tempo de dizermos basta! O distrito de Castelo Branco não pode suportar por mais tempo o isolamento a que o querem submeter. A paciência tem limites que neste momento foram atingidos” .
Em meados da década de19 90 a ambicionada ponte foi construída. Já em 1999 era reivindicada a ligação da via rápida (IP 2) às termas.

Foi também na década de 90 que as termas de Monfortinho iniciaram uma mudança da sua proposta de exploração, pela entrada do Grupo Espírito Santo na sociedade formada pelos herdeiros do conde da Covilhã, onde veio a deter uma posição maioritária, apostando na renovação do equipamento e dos tratamentos termais, vocacionado para o turismo de saúde e de lazer e explorando novas valências de turismo como a pesca e caça.

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Alojamentos

No parque termal encontra-se o Hotel Fonte Santa, uma construção da mesma época do balneário, actualmente com obras de recuperação total. O Hotel Astória é de traça do arquitecto Vasco Lacerda Matos, do final da década de 50, também renovado recentemente

Em Monfortinho existem ainda diversas pensões de 2 estrelas (Boavista, Residência Portuguesa e Pensão das Termas de Monfortinho) e outras oito unidades hoteleiras de aluguer de quartos ou apartamentos.

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953, Almeida 1948, Andrade 1939, Ayuso, 1946, Ayuso1946b, Barreto1859 (1951), Brandt 1881, Calado 1995, Carvalho1943, Castro 1762, Castro 1900, Chaves  1932, Cohen 1906, Contreiras 1937,Contreiras 1947,Contreiras 1951, Correia 1922, Costa1706, Dias 1951, Félix 1877, Henriques1726, Lacerda 1908, Lautensach 1932, Leal 1875-80,Lepierre 1932, Lima 1943,Lopes 1892, Mangorrinha 2002, Martins 1901,  Martins 1930, Mastbaum 1915, Mendonça 1924, Mira1948, Monteiro 1907, Narciso, 1920;1920b;1926;1947. Pamplona 1935,  Pinto 1933, Proença 1942,  Salgado 1904 Salgado 1934, Sanches 17..? , Santos 1845, Silva 1908, Tavares 1810, Vidal 1843, Le Portugal Hydrologique e climatique. 1930-42, Águas minerais do continente e ilha de S.Miguel. 1940, Águas e Termas Portuguesas 1910, Boletim de minas: 1926-29, 1930-35, Águas de Monfortinho 1872, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963.

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Dados gerais

Distrito
Castelo Branco

Concelho
Idanha-a-Nova

Freguesia
Monfortinho       

Povoação/Lugar
Termas de Monfortinho 

Localização
Na margem direita do rio Erges, que aqui define a fronteira  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Tejo      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas metamórficas (xistos)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho S.A. (Grupo Espírito Santo – Saúde)

Telefone
27743430

Fax
277430329

Morada
Rua Padre Alfredo,
Temas de Monfortinho
6060-072 Monfortinho

E-mail / site

monfortinho@monfotur.pt

www.monfortur.pt

Director das Termas: Dr. João Paulo

 

 


Buvette


Fachada do balneário



Hotel




Balneário, um gabinete
enteroclises



A estrada de Espanha




Capela da Fonte Santa




O complexo da Junta de Freguesia




Alameda do Balneário




Solários