AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[Ruínas do balneário]

 

Época termal
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Indicações

Artritismo, aparelho digestivo e pele (Contreiras, 1951). Reumatismo e dermatologia

Tratamentos/ caracterização de utentes

Banhos de imersão, tratamentos ORL e ingestão. Actualmente este pequeno balneário encontra-se encerrado. Apenas é fornecida água para ingestão, fornecida por uma funcionária da Câmara do Fundão que aqui se desloca para este trabalho.

 

Instalações/ património construído e ambiental

C.M. Fundão – Termas da Touca – Estudos e trabalhos de prospecção pesquisa e execução de nova captagem de água mineral - Projecto e execução a cargo de Sondagens e Fundações A. Cavaco
Assim reza um painel deteriorado colocado junto da rede que serve de vedação ao que foram as termas da Touca. É um espaço de meio hectare, no meio do qual se encontram as ruínas do antigo balneário. Junto da divisão quadrilátera da propriedade, uma construção térrea foi transformada no final da década de 1980, pela Junta de Freguesia de Alpedrinha, num pequeno balneário, com cinco banheiras de imersão, uma de hidromassagem, aparelhos de vaporização e irrigação, mas encontra-se encerrado.
Na mesma correnteza de casas que ladeia este edifício, encontra-se, junto da estrada, uma casa que foi a venda/taberna das antigas termas e no outro extremo a antiga hospedaria, em completa ruína. Para trás destas construções fica a única rua de que se compõe o aglomerado das termas, com casas que serviam para aluguer de quartos.
Mas é a dimensão das ruínas do antigo balneário que marca todo o local: uma construção rectangular de um piso, de cerca de 250 m2, com grandes janelas rasgadas para o que foi outrora o parque termal; o interior está completamente ocupado pelo silvado que torna impossível a visita. Na fachada vazia do edifício resta a placa referente à reforma de 1874.

Em volta destas ruínas ficam os três furos feitos pela empresa A. Cavaco, dois dos quais selados (nas traseiras e o lateral), que representam todas as obras anunciadas no painel junto da rede divisória da propriedade.

 

Natureza

Hipossalina, sulfúrea sódica, bicarbonatada mista, hipotermal    

 

Alvará de concessão

Alvará de 22 de Novembro de 1925, passado a favor da Empresa de Águas do Alardo, Lda., que nunca concretizaram a exploração, com área reservada de 100 hectares.

Foi pela CM do Fundão dada em contrato a Joaquim S. Barata no final da década de 20.

Mais tarde a sua exploração passou para Junta de Freguesia de Alpedrinha. Actualmente a CM do Fundão pretende iniciar um projecto de recuperação do local para fins termais.

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Historial

Gusmão (1849) menciona na sua memória várias nascentes junto do Monte da Touca, descobertas depois de 1824, existindo já um balneário em 1840 mandado construir pela Câmara Municipal de Alpedrinha, uma construção em telha vã na qual se encontrava o tanque de banhos e um local para dormir. Havia ainda nas proximidades uma casa que alugava “dois cubículos”, estando então a exploração a cargo da Irmandade do Santíssimo de Alpedrinha. Sobre as emergências da água escreve Gusmão (1849) que “saem à flor da terra, na extremidade de uma vinha, para um pequeno reservatório, donde se derramam por uma formosa seara de milho, deixando após de si um espesso rasto como de lodo amarelento”.
Em 1849, um ofício do Governo Civil de Castelo Branco visava um melhor aproveitamento das águas minerais da Touca.
Em 1866, é o próprio Governo Civil que toma a iniciativa de construir um novo balneário, conforme a inscrição na fachada: “Começou esta obra no ano de 1866, sendo Governador Civil, Guilhermino Augusto Barros. Findou no ano de 1874, sendo Governador Civil, João José Vaz Preto Geraldes”. Um ano antes do final das obras o Governo Civil entregava à Câmara do Fundão, no qual o concelho de Alpedrinha tinha sido incluído, a exploração do balneário.
Lopes (1892) refere as nascentes de “Alpreade, Zebras, ou fonte das Virtudes junto à margem esquerda da Ribeira de Alpreade, na falda de um montes, a 2 km dos lugares das Zebras e do vale da Torre e a 20 km de Castelo Branco.
Monte das Toucas ou Águas enxofradas a 2 kilometros para nascente de Alpedrinha no vale das Madalenas, junto ao Monte das Toucas ou quinta da Conceição.
Bacelos, a pequena distancia de Alpreade; pouco abundante e sem oferecer mais importância.
Estas nascentes brotam de terreno saibroso e argiloso, e junto às duas primeiras há em cada uma delas uma pequena casa com tanque para banhos”.
Pela menção de Lopes (1892) somos levados a crer que os tanques de banho se localizavam nas nascentes Alpreade e Zebra, desconhecendo o hidrologista o balneário já então existente na Touca. Neste caso como em outros do inventário hidrológico de Alfredo Lopes “Águas Minero Medicinais de Portugal” (1892), as descrições das nascentes de águas minerais foram sobretudo obtidas por informações ou correspondência de terceiros.
Foram analisadas por Lepierre em 1921 e 23, e descritas no Relatório de Mendonça (1924), que nos falou de quatro nascentes, uma num poço pouco profundo e as outras três num tanque aberto na rocha. Por essa época terá sido reformado o balneário, os tanques foram substituídos por quatro cabines com banheiras em granito e duas com banheiras em mármore.
Acciaiuoli, nos seus relatórios como Inspector Chefe das Águas, nas décadas de 30 e 40, comentou: “É bastante anormal a situação desta estância: a exploração é feita em virtude dum contrato com a Municipalidade do Fundão a qual não só não tinha competência para o fazer, como esse contrato foi executado sem homologação do Governo” (Acciaiuoli,1941).
A “anormalidade” da situação referia-se à concessão passada a uma empresa que nunca concretizou a sua exploração, sentindo-se a Câmara Municipal do Fundão no direito à sua exploração e arrendamento a um terceiro, situação em que se manteve até ao encerramento das termas. Em 1944, “continua a ser péssima a exploração desta nascente” (Acciaiuoli,1944, I).
Em 1945 as termas fecharam oficialmente, mas continuaram para uso das populações locais, sendo consideradas abandonadas em 1973. No final da década de 80, a Junta de Freguesia de Alpedrinha restaurou o velho edifício junto da antiga venda e equipou-o com tratamentos de hidromassagem e ORL, mas sem nenhum controle médico, nem análises às águas que se vieram a mostrar em más condições bacteriológicas.
Mangorrinha (2002) noticia que a “a autarquia está a desenvolver esforços para reabrir o estabelecimento em 1999”.

Mas tal não se concretizou. Em Assembleia Municipal de 20 de Dezembro de 2003, foi anunciado um projecto para estudo da viabilidade das Termas da Touca. A 26 de Fevereiro de 2004, a Câmara anunciava a abertura de um concurso público para as obras de saneamento das termas, e que depois destas efectuadas “serão retomadas as análises”.

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Alojamentos

Actualmente nem alugar um quarto nas pequenas casas da rua traseira é possível. As termas vão adiando a sua renovação. A data proposta é o próximo ano, mas já há muitos anos que a abertura está programada para o próximo ano.

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Recortes

 JN –? (Carlos Carvalho da Costa) – As Velhas Termas da Touca podem reabrir para o ano – As suas águas sulfurosas já foram consideradas das melhores do país para o tratamento de reumatismo e de doenças de da pele. (Destaque: Desactivadas nos anos 30 termas continuaram a funcionar)

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953. Alves 1886, Brandt 1881,Calado 1995,Caldas 1852, Caldas 1852b, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Dias 1951, Félix 1877, Gusmão 1849, Lepierre 1921, Lepierre 1923, Lopes 1892, Mangorrinha 2002, Mendonça 1924, Narciso1920, Narciso1947, Le Portugal Hydrologique e climatique1930-42.  Águas minerais do continente e ilha de S.Miguel. 1940,Anuário Médico-hidrológico de Portugal,1963.

1849 – Ofício do Governo civil de Castelo Branco à CM de Alpedrinha para se aproveitarem as águas minerais da Touca.

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Dados gerais

Distrito
Castelo Branco

Concelho
Fundão

Freguesia
Alpedrinha       

Povoação/Lugar
Monte da Touca 

Localização
Ficam a poucos quilómetros da antiga vila de Alpedrinha, no monte das Toucas ou Quinta da Conceição” (Dias,1951). À beira da estrada municipal que liga Alpedrinha a Cortiçada, a cerca de 4 km da primeira.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Tejo      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (granitóides)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

desactivadas

Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


O balneário na década de 1940 (In Acciaiuoli,1944)