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[O velho balneário em recuperação]

 

Época termal
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Indicações

Doenças de pele e Reumatismo (Contreiras, 1951)
“…aqui tinha um médico e mesmo um enfermeiro, as pessoas vinham aqui para ter um diagnóstico também. O médico dizia  quantos banhos precisavam.

Era sobretudo doenças de pele, mas com a água aquecida também era bem para os ossos, não cura… mas abranda.” (Helene -proprietária)

Tratamentos/ caracterização de utentes

A- Actualmente há pessoas que vêm cá tomar banho ou buscar águas?
(Helene) – Sim cada vez mais e mais. Portugueses da região, passarem sempre falam a mesma história, que era tão agradável ficar aqui como criança, com a família, para passar férias, as águas, os bailes de São João. Era o início do ano … era um baile muito famoso.
 A – Tem uma média de pessoas que vêm aqui tomar banhos ?

(Helene) – Desde 2000 ? não sei, são pessoas que estão a dar um passeio, passam por aqui, param olham,… “Ah! Alguma coisa acontece outra vez, as termas estão a funcionar? Talvez vamos perguntar.” Então com a família de 4, 5 pessoas que descem as escadas para perguntar o que é o que está a acontecer, se podem levar água. Serão talvez cento pessoas no ano.

 

Instalações/ património construído e ambiental

Roterdão – restaurante”, assim escrito à portuguesa e o nome desenhado num discreto cartaz de estrada, o pratos servidos são de cozinha holandesa com forte tendência naturalista, e a língua mais ouvida é o holandês, o espaço é a antiga buvete circular, pintada de um azul quase índigo, os convidados para as refeições sentam-se na volta circular interna que serviu outrora de banco de espera de aquista. Nas paredes e muros dos espaços já recuperados, desenham-se formas cromáticas de composições feitas em pequenos azulejos e fragmentos diversos, como seixos e espelhos.
As obras de recuperação das antigas termas procedem ao ritmo de um exploração de turismo alternativo. Para já estão recuperados a zona da antiga buvete, com antiga correnteza de quartos aluguer, transformados em quatro apartamentos. No balneário 2 dos 12 quartos de banho, também apresentam nova decoração, mantendo as antigas banheiras de cimento pintadas com tinta forte de cor ocre. Recuperado está também o primeiro andar do balneário, com quartos para residentes.

O interior da “casa grande” está numa fase final de obra, resta a recuperação de uma outra correnteza de casas de aluguer de quartos, junto da estrada, a duas casas em frente que formavam a antiga pensão.   O antigo edifício da venda/ taberna serve actualmente, o piso térreo aos escritórios e arquivos desta jovem empresa, o piso superior conta com quartos individuais de aluguer.

 

Natureza

Cloretada sódica e bicarbonatada cálcica, levemente sulfatada e magnesiana, com 28,5º. (Lepierre, 1936)         

 

Alvará de concessão

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Historial

Referida no Aquilégio Medicinal (1726) sobre o nome de  Caldas de Nossa Senhora do Pranto:  “…há uns banhos de água tépida, a que chamam de Nossa senhora do Pranto, por estarem perto de uma ermida desta invocação; cujas águas nascem no sítio do monte chamado Barril, por baixo de umas penhas, onde se formão barracas de madeira para se tomarem banhos. São estas águas nitrosa, sulfúreas, e aluminosas, e curam os seus banhos intemperanças quentes das entranhas, e da massa do sangue, e do útero. São de muita utilidade nos hipocondríacos, escorbúticos, nas paralisias, e estupores  espúrios; nas convulsões, e achaques cutâneos, como são as sarnas, pruridos, impigens, pústulas, chagas, e lepra.”     
Com a mesma toponímia, referenciando a sua localização na baixa do monte Barril. São citadas por Frei Cristóvão dos Reis em 1779, “quem quer tomar banhos faz poços e barracas para banhos e para o descanso”.  
Tavares (1810) escreveu: “… junto ao lugar da Azenha, de trinta fogos,[…] nascem hoje ao lado do monte Barril, e faldas dele as águas termais, que por ficarem próximas  a uma capela da Senhora do Pranto, se intitulam deste nome.
Pelo ano de 1700 arrebentavam ao norte do Monte do Bicanho, aonde hoje chamam de banhos velhos, mas com o andar dos tempos pelos anos de 1711 a 1716 pela força das enchentes, e alterações consequentes do antigo terreno apareceram no sítio onde hoje se conservam. Os bons efeitos destas águas, que lhe deram credito e frequência na época dita, bem que não mudaram, mudou a moda (que em tudo reina) e caíram senão em descrédito, em desuso até ao ano de 1764, em que de novo foram frequentados, e se construíram casas de banho com alguma regularidade e que presentemente estão quase inteiramente demolidos … ”  
Durante todo o séc. XIX as descrições desta nascente repetem o estado de abandono.
Na década de 20 do séc. XX, foi construído um balneário descrito no relatório de reconhecimento (Segurado, 1928): “ O balneário compõe-se de uma vasta sala de espera, com tosco banco de madeira ao centro, tendo, dum lado, nove quartos de banho, alimentados pela água como vem da nascente, e, do outro, três quartos para banhos quentes, as banheiras do 1º grupo são forradas por lajes de calcário, com as juntas argamassadas, e as do 2º são de betão. Sobre o balneário há a hospedaria, ou seja, uma série de quartos com cozinhas comuns.” (cit. Acciaiuoli, !944,III,57).
Foram analisadas por Lepierre (1936), com uma temperatura de 28,5º, é uma água essencialmente cloretada sódica e bicarbonatada cálcica, levemente sulfatada e magnesiana.     
Nos Relatórios de Acciaiuoli, das décadas de 30 e 40, a frequência anual rondava os 450 aquistas. O Relatório de 1940 acrescenta outra informação: “ O Estabelecimento abriu na noite de 23 para 24 de Junho, afim de serem dados os banhos tradicionais da véspera de S. João. Grande foi este ano o número de banhistas nesta noite, onde houve música e foguetes a expensas do concessionário” . Nesse ano a termas tinham sido vistoriadas sendo imposto a construção de uma buvete.  
Dos mesmos festejos na noite de S. João são referidos no Anuário (1963), o concessionário era então José Henrique Foja de Oliveira, proprietário de “uma modesta pensão”, e de várias casas de aluguer aos banhistas, cuja frequência anual rondava os 600. Sobre os balneários pouco acrescenta: “…é modesto e composto de cabines de 3ª classe com banheiras privativas e destinadas a banhos frios e quentes”(329)
A história mais recente destas termas foi-nos contada pela actual proprietária Helene: “… o dono José Henrique era patrão, e nesta altura tudo correu bem, mas quando ele faleceu, o filho, João Orlindo, queria continuar com as termas, mas não tinha forças, não tinha o suporte da família, não tinha nada. Ele viveu aqui na casa maior. Mas era uma coisa que foi abaixo, mais e mais e mais… durante 10 anos, no fim dos anos 90 estava acabado. Hás vezes uma pessoa passava para tomar banho, mas mais nada…

Helene tem a frontalidade e abertura de uma holandesa, o seu projecto não passa directamente por uma exploração termal, mas manter os banhos em funcionamento ou permitir a recolha de água é uma dos seus objectivos, a horta biológica, o restaurante de cozinha holandesa, os cursos de azulejaria e passeios organizados ou livres na região, são outras tantas ofertas deste local, que esta jovem empresa salvou de um destino semelhante ao das vizinhas termas da Amieira. “63 ainda estava a funcionar?...é, e agora são ruínas, só ruínas… oh! A natureza faz isso facilmente … rapidamente 40 anos … é só ruínas….. ai!ai!ai!” (espanto de Helene em relação à rápida decadência das vizinhas termas da Amieira) 

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Alojamentos

A – Agora está a recuperar este espaço, já têm uma série de apartamentos ...
(Helene) – Sim são 4 apartamentos, ali tempos quartos simples, e ali na casa maior temos apartamentos para 4 ou 5 pessoas.
A- Aquela casa maior era a antiga pensão?

(Helene)– Não a antiga pensão era ali ( duas casas do outro lado da estrada) e aquelas casas em banda, e aqui havia um bar uma loja, e ali mais quartos, quartos em todo o lado. Não eram termas para pessoas ricas.

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953. Brandt 1881, Burnay,1922, Calado 1995, Castro 1762, Chernovitz 1878, Choffat 1893, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Costa 1819, Félix 1877, Henriques 1726, Lopes 1892, Leal 1875-80, Lepierre 1936, Narciso 1920, Narciso 1920b, Narciso 1947, Pamplona 1935, Reis 1779, Rego 1923, Segurado 1928, Tavares 1810, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963, Le Portugal Hydrologique et Climatique 1930-42, Termas de Portugal, Edição 1947.

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Dados gerais

Distrito
Coimbra

Concelho
Soure

Freguesia
Vila da Rainha           

Povoação/Lugar
Pedrógão do Pranto 

Localização
No vale da ribeira de Pranto, afluente da margem esquerda do Mondego. No sopé do monte do Barril, junto da Estrada municipal de Vinha da Rainha para Abrunheira, a 500m da aldeia de Pedrógão do Pranto - Azenha.    

Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica do Rio:  Mondego        

Zona geológica
Orlas Mezo Cenozoicas

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas sedimentares (arenitos, areias) – na extremidade do diápiro do sul Mondego.   

Dureza águas subterrâneas
200 a 300 mg/l de Ca CO3

Concessionária

1930 – Alvará de concessão, publicação DG, nº89, II série, 17/4/1930. A favor de José Henrique Foja Rascão

Telefone
239 508493

Fax
n.d.

Morada
Meio Gordo Actividades Turísticas, Lda
Termas da Azenha / 3130-434 Soure 

E-mail / site

information@meiogordo.com

www.meiogordo.com

 

 

 


Um dos quartos para banho de imersão




Outro dos quartos para banho de imersão





A antiga pensão




O pátio com a antiga buvete