AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[Instalações da Cimpor no Cabo Mondego]

 

Época termal
---

Indicações

Afecções digestivas e dermatoses (Contreiras, 1951)

Esta aqui está coberta pela areia, quando o mar descarrega vê-se. Quando o mar tira a areia a gente bebe água e lavavam-se para a pele. (informante)

 

Tratamentos/ caracterização de utentes

“Aquilo tem sempre uma biscazita a correr dá para beber bem e encher um garrafão, de Inverno e de verão é sempre o mesmo nunca esvazia.” (informante) 
  “… usavam para lavar a roupa, a água não é quente, mas também não é fria, talvez fosse assim mais morna. Eu lembro perfeitamente quando era pequenito das mulheres a lavarem a roupa. (informante)

 

Instalações/ património construído e ambiental

Brotam dentro da mina de Buarcos, a 1200 metros da boca da galeria de esgoto de Santa Bárbara, e a 3metros acima do nível do mar. a emergência faz-se próximo do teto da galeria por diferentes olhos, tem um caudal 129.600 litros em vinte e quatro horas […]  a vazão para o exterior da mina faz-se por uma pequeno aqueduto (Lopes, 1892,162).
Il n’y a pas d’établissement thermal. L’eau est utilisée dans les maisons particulières. (Le Portugal Hydrologique et climatique, 1934/5,III, 618) 
A 20m do portão da Cimpor encontra-se um pontão em cimento de função industrial, ao pé da caserna onde esta o esporálho (informante), construído perpendicularmente à estrada na direcção do mar. Por baixo desta plataforma do lado esquerdo, encontra-se uma caleira, que vêm por debaixo de uma porta fechada e assinalada com o sinal de “perigo”. Era nessa caleira que corria esta água mineral oriunda do interior da mina, actualmente está seca.
 Não no meu tempo as minas ainda estavam a trabalhar … fecharam há uns 10 anos …Estão fechadas com tijolo mas estão ocas por dentro, se partirem a parede pode ir-se lá dentro. (informante) 

A outra imergência é na praia de Santa Bárbara e só visível nas marés vazias: Está a ver esta pedra aí na areia… a correnteza dessa pedra vai até lá adiante aquela que está no mar, onde está aquela pedra estragada (um rochedo que não segue a mesma estratificação) é que está a água. Ali na correnteza onde está aquele montinho de areia remexida é ali. (informante) 

 

Natureza

Cloretada cálcica, sulfídrica (Lopes, 1892) 
Cloretada sódica (Contreiras, 1951)
Sulfatada Cálcica (Calado, 1992)

- Se sabe a enxofre não sei, mas já bebi dela muitas vezes e nunca me fez mal. (informante)

 

Alvará de concessão

---

regressar ao topo da página

 

Historial

Neste ano de 2005 o Cabo Mondego tem sido notícia em jornais nacionais e regionais, por uma razão relacionada com a protecção do património Geológico: as características de formações rochosas do médio jurássico, onde não falta as pegadas de dinossauros, estão ameaçadas pela exploração da cimenteira Cimpor. Torna-se curioso que nesta justa defesa do património natural, não se encontre nenhuma referência ao seu património hidrogeológico, mas esta curiosidade torna-se menos marcante se pensarmos que esta água mineral foi descoberta pela própria exploração industrial que deu origem à actual Cimpor.
Por volta de 1773, o Marquês de Pombal, em prol da modernização do ensino da Universidade de Coimbra, interessou-se pelo Cabo Mondego, ordenando o levantamento de uma «carta de Mina» e dando inicio aos trabalhos de lavra subterrânea, sob a orientação do professor Domingos Vandelli ( in Cal Hidráulica Natural – Cabo Mondego 200 anos. (s/a) www.cimpor.pt/site )        
Associar a exploração mineira de carvão a industrias que dependessem desse combustível formando um “parque industrial”, terá sido projecto de finais do séc. XVIII. Em 1801 foi construído um forno de cal, num plano mais vasto onde se incluía além da produção industrial de cal, a da cerâmica e do vidro. Só a produção de cal vingou ao longo dos dois séculos da história deste parque industrial, e, nos últimos decénios, o cimento.
Ao ano da descoberta da água mineral de que nos ocupamos historiar, 1886, havia dois fornos industriais de queima de cal, e a exploração mineira tornara-se intensa, o carvão era pobre. Terá sido na abertura de uma galerias de exploração que surgiu esta água sulfúrea, muito provavelmente na mesma “veia da do olhinho” da praia de Santa Bárbara. “Vinha das minas de carvão por aí abaixo”, disse um dos informantes sobre a origem da água do Olhinho na praia de Santa Bárbara.  
Lopes (1892, 162), espantou-se desta água só ter sido descoberta há 6 anos (1886), já que a exploração mineira de carvão nesta jazida era antigo: Sendo para admirar que apenas há 6 anos irrompeu esta água sulfídrica, que muito provavelmente é de origem remota naquele local “.  Dá como seus primeiros utilizadores os mineiros que construíram o aqueduto de escoamento para o exterior, informando que tinha sido tentada uma exploração termal, mas não concretizada. 
Os professores do Instituto Geral de Agricultura, Ferreira Lapa (1887) e Gaspar Gomes (1877) são os autores da primeira análise feita a estas águas. Gomes (1887) estimou o seu caudal em 129.600 litros em 24h, considerou que a água com origem nas camadas geológica superficiais, eram na sua origem sulfatadas cálcicas tornando-se em contacto com o ar sulfídricas. Lapa (1887) encontrou na sua mineralização: sílica; cal; magnesia, cloretos e ácido sulfídrico, com uma mineralização de 1,6g ( cit. Lopes, 1892,163)

A utilização curativa desta água em problemas cutâneos ou digestivos só reside na memória dos mais velhos, os três homens contactados no pontão da Cimpor, na casa dos 45 anos, a sua memória da água prende-se com a sua utilização para lavagens de roupa, desconhecendo a sua utilização curativa: - Aquilo era imprópria para consumo, não dava para beber, era só para lavar a roupa   

regressar ao topo da página

 

Alojamentos

Muitos e variados em toda turístico/cosmopolita/burguesa Figueira - Buarcos

regressar ao topo da página

 


Recortes

---

regressar ao topo da página

 

Bibliografia

Acciaiuoli 1944, Acciaiuoli 1953, Calado1995, Contreiras 1937, Gomes 1887, Lapa 1887, Lopes 1892, Maia 1936, Catálogo descritivo da Secção de minas da Exposição Nacional de Industrias Fabris de Lisboa, 1889, Le Portugal Hydrologique et climatique, 1930-1942. 

regressar ao topo da página

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Dados gerais

Distrito
Coimbra

Concelho
Figueira da Foz 

Freguesia
Buarcos       

Povoação/Lugar
Santa Bárbara 

Localização
No esgoto mineiro de Santa Bárbara, a 20m da entrada da Cimpor, correndo para a praia. A outra emergência de água é na praia de Santa Bárbara, só visível quando das grandes marés baixas.  

Província hidromineral
A  / Bacia hidrográfica do Rio: Ribeiras de costa      

Zona geológica
Orlas Mezo Cenozoicas

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas sedimentares carbonatadas (calcários)    

Dureza águas subterrâneas
50 a 100 mg/l de Ca CO3

Concessionária

---

Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


Praia de Santa Bárbara, local da imergência da água sulfatada.



Boca do esgoto mineiro por onde escoava a água sulfatada