Tipo de exploração:
Termas concessionadas
Natureza da água:
Sulfúrea sódica
Indicações:
Doenças músculo esqueléticas, dermatoses e insuficiência hepática
[Vista do terraço do antigo balneário]
Época termal
Aberto todo o ano.
Horário do balneário : segunda, 9-13h, terça, 10.30-13h e 15-19h, quarta a domingo 9-13h e 15-19h. Horário das consultas: segunda 10-13h, terça 14-17h, quarta 10-13h (não é necessária consulta médica para os tratamentos de “bem-estar”).
Reumatismos, dermatoses, vias respiratórias, colites e insuficiência hepática
Tratamentos/ caracterização de utentes
Em 1997 a estância termal fechou para obras de renovação do balneário e de hotelaria, reabrindo a 26 de Maio de 2001, embora não conste do mapa das termas em actividade no Boletim de Minas, vol. 39, nº 2, de 2002, referente ao ano de 2001.
À data da primeira visita a estas termas (2003), a abertura dos tratamentos de inalação ainda não estava assegurado na época, por avaria neste equipamento. Estavam disponíveis os tratamentos por banhos de hidromassagem, duche de jacto e vichy, e aplicação de lamas. Na segunda visita (2005) encontravam-se disponíveis os seguintes tratamentos de termalismo e programas de “bem estar”: balneoterapia; banhos de hidromassagem e de bolha de ar; duche de jacto e de Vichy; vapor aos membros; aplicação de lamas; hidromassagem em piscina. Nos tratamentos ORL, a irrigação nasal; nebulização; aerossol sónico; e emanatório colectivo. E, na fisioterapia, a massagem geral e localizada e a hidropressoterapia. Quanto ao “bem-estar termal”, a oferta é variada: conforme a estadia do aquista, há possibilidade de programas de 1 a 7 dias, onde o realce é a cosmética, o relaxe, e o anti-stress.
Instalações/ património construído e ambiental
O complexo termal das Caldas de Monchique ocupa uma área de 40ha.
O Hotel Gran Foia é uma construção dos anos 60, ampliada recentemente e dotado de piscina. O estabelecimento de engarrafamento é uma moderna unidade industrial (anos 1990) com uma área coberta que deverá rondar os 1500 m2. Não foi visitado o interior. Aqui chegam as águas captadas nas nascentes da Pancada I e II (Dependente da F.O.)
O balneário – Reformado recentemente, tem uma área coberta de cerca de 500m2, com um piso térreo, aqui chegam as águas da nascente do furo SAM 1 (1999). É composto por piscina de hidromassagem, ginásio, gabinetes de massagens e outros tratamentos, banhos de hidromassagem e sala de inalações. O Hotel Termal de 3 estrelas, “com 46 quartos acolhedores”, também completamente renovado recentemente, funciona do edifício que corresponde ao hospital termal, terminado em 1965 mas que nunca chegou a funcionar como tal. O jardim das nascentes da Pancada e das Chagas (o banho da Pancada foi demolido na década de 1940) é actualmente um espaço ajardinado, onde em 2005 foi construída uma piscina ao ar livre, que se localiza nas traseiras do Hotel Termal. Aqui eram feitas as captagens das nascentes da Pancada que alimentavam a unidade de engarrafamento. O antigo balneário, uma construção que foi provisória na década de 40, lá está, aguardando um destino de funcionalidade, servindo actualmente de arrecadação, mas se encontram variados instrumentos médicos e sistemas de tratamento característicos das décadas de 1950 e 60.
A buvete, construída sobre a emergência da Fonte de São João, é uma construção dos anos 40, onde se tem acesso pela descida de uma escada, no interior a copa. Um jorro de água brota através de uma protecção de vidro por detrás do balcão, do lado esquerdo, e uma bica fornece a água distribuída aos visitantes por uma empregada ao preço de 10 cêntimos o copo. Na parede do fundo, emolduradas, encontram-se as observações e análises feitas por Herculano de Carvalho na década de 1950. Quando da visita de 2005 este espaço encontrava-se em obras de recuperação.
Em volta da antiga praça do “palacete”, hoje praça da esplanada, à sombra de velhos ulmeiros, temos, do lado sul, o antigo casino, uma construção de finais do século XIX, de dois pisos, de fachada com cornija “ameada”, com janelas e portas em arcos arabizantes. Na parte posterior o edifício apresenta três pisos, devido ao desnível de terreno, o que faz sobressair o seu ar acastelado. Foi outrora local de acesso aos balneários (porta central), à sala de música e bilhar (porta do lado esquerdo), e aos consultórios médicos (porta do lado direito). No piso térreo os antigos salões foram transformados em duas salas para congressos e conferências.
A “salinha museu” é um edifício separado do casino por uma pequena ruela, uma construção simples de dois pisos (actualmente faz também parte da Pensão Central), onde terá sido o “Sanatório Kneip”, relatado na vistoria de 1902 (Sarzedas, 1903). Nesta salinha museu (5x3 m) encontram-se uma ara romana; pedras de armas dos bispos do Algarve; epígrafes com inscrições diversas; uma pia em pedra; e restos de painéis de azulejos. Ao centro uma cadeira-triciclo de adulto que serviu para deslocações de aquistas. Aqui se encontra o livro de registo de doentes do ano de 1874, um tratado de hidrologia médica do século XIX e alguns folhetos de divulgação das Caldas de Monchique, entre outro objectos de menor importância.
Do lado norte da Praça
Restaurante 1692 / Estalagem D. Lourenço – A data que dá nome ao restaurante, corresponde ao ano em que o Bispo D. Simão da Gama mandou recuperar as casas de banho e construir este “palacete”, que serviu de hospedaria, e mais tarde de residência ao médico das Caldas. O Restaurante ocupa o piso térreo desta construção, o piso superior é ocupado por uma estalagem de 4* com 12 quartos. (Depende da F.O.)
O Hotel Central, também de três estrelas, “dispõe de 13 quartos, onde se respira o charme e o encanto do século XIX” (folheto 1) e corresponde à antiga pensão central.
A noroeste da praça da explanada, encontra-se uma outra praça, onde se localizam os Apartamentos D. Francisco, construção do início do século XX dividida em 11 apartamentos T1, que tem no piso térreo um bar e uma loja de artesanato. Num recanto da praça o forno de pão ao ar livre, onde diariamente é cozido e vendido o tradicional pão com chouriço das Caldas. Esta praça dá acesso ao parque termal. Embora todo o complexo termal seja ajardinado e florestado, é nesta zona, em volta da Cascata do Desejos e da Fonte dos Amores, que a vegetação é mais densa e variada, com castanheiros, eucaliptos, cameleiras, pinheiros, e os tradicionais medronheiros, numa mata recortada por caminhos bucólicos ou com frescos locais destinados a merendas. É o local mais visitado das Caldas de Monchique, onde chegam grupos excursionistas, famílias e visitantes ocasionais que se passeiam na frescura das sombras.
Para nascente, uma rua, entre as traseiras da estalagem e um edifício com curiosas cantarias em pedra bruta, leva ao largo e rua do Lajeado, onde existe uma casa de dois pisos, construção do século XIX, com loja de artesanato.
A Albergaria do Lajeado tem o piso térreo um restaurante e no andar superior e em anexos os quartos da albergaria, que tem ainda uma piscina para os seus hóspedes. A
Capela é uma construção de 1940 ao gosto de uma arquitectura “tradicional portuguesa”, com fachada precedida de escadaria e adro com alpendre. Na parte lateral há uma fonte e sobre esta a inscrição com letras a imitar a escrita gótica: “ Por iniciativa da Comissão Administrativa desta estância, segundo o traçado do Arquitecto Rebelo de Andrade foi esta capela erguida. Obra do Mestre João Moura seguindo com muita dedicação. Construída no A D. de 1940. Por subscrição pública e com a ajuda do Estado”
Na rua que sai do Largo do Lajeado em direcção à Estrada Nacional, temos, do lado direito, a fachada do Hotel Central, a recepção das termas, constituída por duas salas; na primeira fica o ponto de recepção e informação dos visitantes, onde se destaca o quadro a óleo representando o bispo D. Francisco Gomes de Avelar, responsável pela renovação das Caldas de Monchique no final do século XVIII. A segunda sala, ampla, serve ao repouso ou leitura. Este espaço dá acesso directo à Pensão Central. Do lado esquerdo da rua um “chalet” particular ao gosto do século XIX. O Hotel D. Carlos é uma unidade hoteleira de quatro estrelas, inaugurada em 2005. No fim da rua, fica a Pensão Internacional, uma construção de princípio do século XX, que se encontra em mau estado de conservação, de preços mais acessíveis que as outras unidades hoteleiras conservam uma bela sala de jantar da década de 30. Defronte desta pensão, uma construção cúbica, corresponde à oficina provisória de engarrafamento construída na década de 40.
Natureza
Bicarbonatada sódica, cloretada sulfatada (Acciaiuoli 1947).
Sulfúrea sódica e alcalino-sódica, mesotermal (Almeida, 1966)
Sulfúrea sódica (Calado 1995)
Foi de 1691 até à secularização dos bens da igreja (1834) explorada pelos bispos de Faro. Depois de 1834 ficou dependente do Governo Civil de Faro. Em 1895 foram arrendadas a João Bentes Castel-Branco, pelo período de 75 anos. A partir de 1921, foi constituída uma comissão administrativa, constituída essencialmente por autoridades de Monchique, semelhante a outras comissões de iniciativas que tomaram e pretenderam dinamizaram termas por todo o país. Em 1928 passam directamente para a superintendência do Serviços Geológicos e Mineiros (Ministério das Finanças). No ano seguinte abre concurso para a sua concessão, sem que se apresentassem concorrentes. Depois do 25 de Abril de 74 passou para o ministério do Comércio e Turismo e é integrado na empresa pública Enatur. Em 1992 foi celebrado um contrato de exploração onde era concessionária a Enatur. Em 1993 a Fundação Oriente adquiriu todos os bens afectos ao Estabelecimento Termal das Caldas de Monchique, revertendo para si todo o património de duas sociedades: a Sociedade da Água de Monchique, SA, para a vertente de engarrafamento de água mineral e Sociedade das Termas de Monchique Lda para a área termal e de hotelaria
No Museu Municipal de Faro encontra-se um bronze romano, do período do Alto Império, proveniente das Caldas de Monchique. A exploração romana destas águas foi também comprovada em 1942, quando, ao se executarem as obras para novas captações de águas, se encontraram restos de canalizações; moedas; cerâmicas; parte de uma inscrição; e uma ara dedicada às águas sagradas, guardada em reservas das Caldas de Monchique (Formosinho 1948).
Da sua utilização do período árabe e medieval não nos chegaram testemunhos, mas a notícia do tratamento de D. João II, em 1492, denuncia que à época estas Caldas já eram utilizadas, pois segundo a Crónica de Resende os físicos do reino acordaram “buscarem doentes da doença del Rey para mandarem a ambas as Caldas & verem as que fazião mais proveyto, o que logo se fez”. As Caldas de Monchique foram assim preferidas à Caldas de Óbidos (Caldas da Rainha), para a cura de “hidrópesia que o atacara" ou de um envenenamento que teria sido vitima, segundo outros autores.
Na “Corografia do Reino do Algarve” (1877) é relacionada a passagem régia de D. Sebastião por estas Caldas, quando em 1571 visitou o Algarve. Na “Descrição do Reino de Portugal” de Nunes Leão (1610) e na “Anacephaloesis” de António Vasconcelos (1621), os dois autores relacionam a estadia de D. João II, mas situam estas caldas na Vila de Alvor, numa evidente confusão com o local onde o rei veio a morrer durante a estadia para tratamentos. As primeiras construções definitivas, junto das nascentes, datam de 1649, quando o bispo do Algarve, D. Francisco Barreto, mandou construir protecções para as nascentes e abrigos para os doentes. Esta construção abobadada constava de três compartimentos, o primeiro com o tanque dos banhos, o segundo com 3 camas e chaminé para cozinhar, e o terceiro servia a criados e enfermos pobres.
Em 1672 o conde de Vale de Reis manda construir uma outra casa de banhos a “cinco passos” da anterior, também abobadada, que tinha no seu interior um tanque, onde um homem sentado tinha água pelo pescoço (Acciauoli 1944, IV: 169).
Em 1691, por alvará régio de 2 de Outubro, é concedida ao bispo do Algarve, D. Simão da Gama, e seus sucessores, a administração do hospital das Caldas. No ano seguinte recupera-se os banhos existentes e foi acrescentada uma nova enfermaria para pobres, melhorando-se as vias de acesso. Destas obras, e de posteriores, guardam-se várias lápides comemorativas, em depósito nas Caldas. Na lápide referente a 1692 pode ler-se: “Esta obra mandou fazer Dom Simão da Gama sendo Bispo deste Reino. Era de 1692”. As outras lápides referem-se à construção do dormitório pelo mesmo Bispo, às reformas executadas em 1731 pelo Cardeal D. José Pereira Lacerda e à construção do dormitório e banho das mulheres.
No Aquilégio (1726) a notícia sobre estas Caldas é breve: “Junto à vila de Alvor do Reino do Algarve, em um lugar chamado Monchique estão umas caldas de copiosas águas, que passam por minerais de enxofre; as quais tem grandes virtudes em curar paralisias, estupores, e todos os achaques dos nervos, e juntas, debilidade de estômago, convulsões, e mais queixas para que se aplicam banhos sulfúreos, de que temos falado muitas vezes no presente Capitulo. A estes banhos foi El Rei D. João II pouco tempo antes de morrer, para se curar de uma hidropesia de que faleceu.”
Entre 1752 e 1780, sobre a administração do Bispo Frei Lourenço de Santa Maria, construiu-se um tanque para banhos de lodo e foi aumentado o hospital, cozinha e banhos. Nos Quesitos do Marquês de Pombal de 1758, o padre Aragão descreve o hospital como tendo ao centro a capela de S. José, para um lado um corredor com celas e quartos para homens, para o outro lado da capela outro corredor com idênticas instalações para mulheres. O hospital abria a 2 de Julho e encerrava a 9 de Setembro. Quanto à sua administração e pessoal, o padre Aragão informa-nos que “é da jurisdição ordinária dos Senhores bispos, os quais correm com a sua administração e suprem das rendas da sua Mitra, o que falta para o sustento dos pobres e conservação do dito hospital, que não tem mais rendas, que as acima referidas. Tem seu Provedor, sangrador, enfermeiros e enfermeiras aos quais todos se dão ordenados.” (Carvalho, 1939: 2)
Em 1787 foi feita uma análise das águas por Dr. Dimas Ramos, demonstrando a existência de “magnésia, sal marino, sal fontano e terra elementar”. (Acciauoli 1944, IV: 177).
Em 1789 D. Francisco Gomes de Avelar iniciou o seu bispado. A este bispo se deve a grande reforma das Caldas, a ampliação do balneário, a construção de caminhos, a plantação de árvores, e a nomeação do médico José Caetano Benevides, natural de Lagos, com obrigação de dar assistência aos doentes pobres, conforme o Regulamento dos Banhos então redigido, que entre outros pontos “manda estarem os sexos separados durante a sesta e a noite”. Será após estas reformas do balneário que Tavares (1810: 173) o descreve: “É um longo corredor disposto de N. a S., com quartos pelos lados separados entre si, e também divididos para homens e mulheres. Como é edificado em sítio de declive tem pelo meio as necessárias escadas, e logo na entrada uma casa grande para homens pobres, e outra tal no fim para mulheres, nas quais se acomodam sem separação de quartos. Aqueles, que são separados e sobre si, são ocupados por pessoas particulares, as quais por fim a título de esmola deixam alguma quantia, qual lhes parece, para o Hospital. No sítio há apenas mais cinco ou seis pequenos albergues de pobre gente que ali assiste, e cultiva algum terreno: afora uma casa maior, residência do provedor que de ordem do Prelado governa o Hospital.”
Tavares enumerou três nascentes dentro do edifício, no meio das quais está a capela de S. João de Deus, e uma quarta nascente ao fundo do hospital que emergia na outra margem do ribeiro. Quantos aos tanques de banhos, eram três: um para 12 pessoas, o segundo para 4 a 6 pessoas, em que da bica que lhe ficava próxima se tirava água para beber, e um terceiro, um tanque para 40 pessoas. Sobre a água, Tavares comentou: “Entrando nas casas dos banhos percebe-se logo cheiro enjoativo, levemente hepático e sufocante, é sensível e prontamente se aumenta a transpiração. Nos tanques, e bicas dos banhos aparece depósito alvacento, como saponaceo que seco e queimado dá indícios próprios da sua qualidade. A água em todas as origens é cristalina, não tem cheiro muito sensível, mas tal como é, é hepático: o sabor toca o enjoativo, com alguns vislumbres de ferruginoso. Nos tanques tem a cor algum tanto alvacento: o sabor é tal qual cheiro, que tem enquanto quente, perde-os de tal maneira em arrefecendo, que se torna potável e de uso comum para bebida e para cozinha…”
Em 1834, com a secularização dos bens da igreja, as Caldas de Monchique passa para a administração do Governo Civil de Faro. Em 1837, Oliveira Soares descreveu os tanques de banhos, o de S. João de Deus para 12 pessoas, perto da qual está a copa ou bica; o banho de S. Teresa, para 6 pessoas, onde se recebem também os vapores da água; um terceiro banho, da “Pancada”, onde a água cai do alto em forma de duche.
Em 15 de Junho de 1840 o debutado Braklamy, do círculo do Algarve às Cortes, requereu “o auto de posse, que por parte da Administração do Algarve, se tomou do estabelecimento das Caldas de Monchique”. O requerimento do deputado prendia-se com o estado dos banhos: “ o material do edifício é além de mesquinho […] insuficiente para o fim a que fora destinado; não tem a precisa capacidade para alojar com comodidades indispensáveis ao doentes”. Além disso, o seu orçamento já não contava com as “rendas” dos bispos. As Caldas tinham sido praticamente abandonadas com a “guerra política do Algarve, e os guerrilhas, que invadiam quase todas as povoações da terra”. Recorde-se que o duque da Terceira desembarcou a 28 de Julho de 1838 na cidade de Lagos, quatro anos depois da Convenção de Évora-Monte, para por fim à guerrilha absolutista comandada pelo Remexido (José Joaquim Sousa Reis, 1797-1838), que dominava a serra algarvia. As intervenções de Braklamy sobre as Caldas de Monchique prolongaram-se até à sessão de 10 de Outubro de 1840, com a aprovação da lei que autorizou o Governo “a proceder de imediatamente ao reparo e aumento que precisa o edifício”. Mas o que se destaca nas suas várias exposições sobre o assunto são as descrições que o deputado fez dos aquistas, e da assistência dada. Comecemos pelas deslocações para as Caldas, ainda em tempo dos bispos: “Iam esses pobres miseráveis conduzidos de Misericórdia em Misericórdia até que chegavam àquele estabelecimento, e aí achavam os curativos próprios dos banhos, e achavam o sustento necessário durante o seu curativo.” Esta situação tinha-se deteriorado, com a nova administração sem recursos para socorrer aos “doentes pobres do Reino do Algarve e das Províncias de Além – Tejo […] onde tomavam certo número de banhos, mas pela maior parte pouco fruto tiravam deles, pois nem tinham as comodidades precisas para a sua entrada, e mansão, e muito menos para se demorarem depois dos curativos (tempo chamado de regimento) eram postos fora do edifício sem meios de chegarem às suas naturalidades, nem se lhes dava acouto, nem alimento, […] obrigados a dormir ao relento, debaixo das nogueiras, que assombram a entrada do Edifício…”
Sobre o pessoal que trabalhava na assistência aos tratamentos, o deputado afirmava que “ressentia-se até agora daquele espírito e sistema monacal, ou clerical, que presidia à maior parte dos estabelecimentos de semelhantes natureza; era governado por um eclesiástico, a quem não faltavam virtudes, religião e moralidade, mas destituído dos conhecimentos, que poderiam influir na aplicação das águas, ou ao menos da higiene precisa e apropriada aos doentes”.
Quanto ás qualidades terapêuticas das águas Braklamy, relata que “foram curados milhares de paralíticos, foram curados milhares de reumáticos, e mesmo achavam algum benefício as pessoas que padeciam de moléstias de peito […] águas que se fossem bem analisadas, e aplicadas por Facultativos hábeis, e cuidadosos observadores, talvez se julgassem próprias ao curativo de leprosos e elefantiacos.”
Recomenda “ que se faça um relatório científico de todas as moléstias ali curadas, e que recolha um tal número de factos, que dê em resultado o perfeito conhecimento das referidas águas, não só pelas análises, mas também pelos efeitos”
O engenheiro Charles Bonnet iniciou em 1846 a sua viagem de estudo pelo Algarve, encomendada pelo Governo. O seu trabalho “Mémoire sur le Royaume de l’Algarve” foi publicado em 1850 pela Academia das Ciências, e no capítulo III trata das Caldas de Monchique, descrevendo as suas nascentes: “ A uma légua ao sul da povoação de Monchique, na encosta sudoeste da Picota, no ponto em que se encontram as rochas graníticas com os xistos, brotam águas termais, que irrompem por sete olhos diferentes, seis que estão no granito mais ou menos sienítico e o sétimo no trapeo (xisto). Têm todas a temperatura de 32,22º.”
Quanto ao balneário, considerava-o “pouco espaçoso, de fraca aparência, não tem internamente nenhuma comodidade e está cercado de três ou quatro casas. É divido em duas partes por um corredor estreito e escuro, tendo do lado direito as salas de banho, a capela e as cozinhas e do esquerdo quartos pequenos para os banhistas, que se alugam por 320 réis cada por vinte dias, não sendo permitido mais demora” .
Os banhos eram três, o de S. João com duas nascentes abundantes, o de Santa Teresa também com duas nascentes menos abundantes, e o banho da Pancada: “ Na extremidade do corredor, descem-se setenta degraus e chega-se à terceira sala, o banho da Pancada, por causa do ruído que a água faz caindo. Tem duas nascentes, uma que vem do oeste, como todas as anteriores, cai de cerca de três metros de altura e pode servir para duches, a outra vem de Este, nasce nas rochas trapeas e atravessa um regato por meio de um cano.” Quanto ao ambiente e acessos, a descrição também não é elogiosa: “Se o interior do estabelecimento é pouco cómodo, o exterior é pouco agradável. A sua situação naquela garganta funda e apertada, limita muito a vista que dele se goza; além disso a vegetação é pouco risonha, com excepção das laranjeiras que D. Francisco Gomes mandou plantar, o terreno está coberto de pequenos arbustos enfezados; os caminhos para lá chegar, de Monchique aos banhos é uma légua, metade do qual é por caminho sofrível, mas a outra é quase intransitável, mesmo para os que vão a pé; o caminho dos banhos para Vila Nova de Portimão não é tão mau; de maneira que todas as circunstâncias concorrem para impedir a frequência dos banhistas e os escritores que destas águas têm falado, exageravam sempre o número destes, porque conforme vi em dois anos e soube por informações ali colhidas, o número dos que frequentam o estabelecimento é muito escasso.”
A 10 de Maio de 1851 a Junta do Distrito de Faro fez uma exposição ao governo sobre o estado do “banho de Monchique”, onde se lastimava apesar de todas as obras executadas pelo Governo Civil do Distrito “está longe, ainda, do estado de perfeição que reclamam as necessidades públicas”.
Em 1862 é inaugurada uma nova enfermaria para homens, cuja lápide em latim evoca a memória de D. Pedro V e se encontra guardada no depósito de material das Caldas. Nesse mesmo ano foi colocado no “palacete” um retrato a óleo do bispo D. Francisco Gomes de Aguiar, copiado do existente na Diocese de Faro (actualmente encontra-se na sala de recepção das termas).
O Governador Civil de Faro conselheiro José Beires foi responsável por um novo “Regulamento do Estabelecimento Termal de Monchique”, em 1872. O regulamento imponha que a direcção e administração das Caldas fossem exercidas por um médico, e o restante pessoal constava de um mordomo, dois enfermeiros, duas enfermeiras, um servente e uma lavadeira. Determinava o período balnear de 1 de Abril a 30 de Setembro e os modos de admissão de doentes pobres e a sua dieta, assim como o preço a pagar pelos banhistas externos: 50 réis os banhos em tinas e no tanque de Santa Teresa, 20 réis no banho da Pancada, e 100 réis os banhos de limpeza.
O médico tinha direito a residência, ocupando um andar do “palacete”, e das suas obrigações constava um relatório anual sobre as actividades e as necessidades do estabelecimento a enviar ao Governo Civil, sendo além disso obrigado ao registo de todos os doentes, dos seus padecimentos e tratamentos seguidos (Carvalho 1939).
Um destes livros de registo chegou até nós, referente ao período de 1874 a 1879 e assinado pelo Dr. Francisco Lázaro Cortes. Nele estão registados 4196 “concorrentes” a tratamentos nas Caldas, numa média anual de cerca de 700 doentes. É um curioso documento para a história da hidrologia médica portuguesa, pelos dados registados, onde além do nome, idade, naturalidade e residência do doente, foi registado para cada “concorrente” o seu temperamento, as moléstias anteriores, o diagnostico médico, o tratamento seguido e o resultado após a cura.
Em 1874 foi renovada e ampliada a enfermaria para mulheres, mas circulava a ideia que em vez de proceder a constantes renovações e reparações do estabelecimento balnear seria preferível arrasar o existente e construir um novo balneário. Contra esta opinião escreveu o médico Francisco Lázaro Cortes no seu relatório de actividades de 1875: “Pretender demolir completamente o estabelecimento termal de Monchique para empreender novas construções é ou desconhecer o seu estado actual e os melhoramentos de que é susceptível, ou apenas fruto de uma imaginação ardente e errada unicamente para dar publicidade às más condições das antigas construções […] mas nunca se poderá pensar na demolição das construções existentes, que chegaria a ser um imperdoável crime”.
Ramalho Ortigão (1875) descreve as Caldas: “O estabelecimento oferece acomodações decentes e confortáveis para grande número de banhistas. Tem sala de música, de bilhar, etc. As piscinas foram modernamente reconstruídas e satisfazem as principais condições da higiene e do conforto. Durante a estação dos banhos, que abrange os meses de Maio a Setembro, as Caldas de Monchique são concorridas por grande número de banhistas da província do Algarve, do Alentejo e da Andaluzia e outros pontos de Espanha.” Nesse ano de 1875 inaugurou-se a estação telegráfica das Caldas, e ultimava-se a estrada de ligação à costa, concluída no ano seguinte, o que permitiu o estabelecimento de um serviço de trens e carrinhas que ligavam Monchique a Portimão três vezes por semana, e os aquistas dispunham de novos alojamentos na Hospedaria dos Banhos de Monchique.
Em 1886, após concurso público, foi nomeado médico das Caldas e do partido de Monchique o Dr. Bentes Castel Branco. As Caldas de Monchique voltaram às Cortes em várias sessões no ano de 1886. As razões prendiam-se com as “condições higiénicas tão deploráveis”. Na descrição feita de um projecto de lei da autoria de vários deputados do círculo do Algarve, lida na sessão de 2 de Março de 1886, pretendia-se que o Governo autorizasse a adjudicação em hasta pública do estabelecimento termal. As qualidades terapêuticas destas águas foram descritas do seguinte modo: “São notórios os benefícios alcançados com o uso destas águas em diferentes enfermidades e em todos os acessos se observam outras maravilhas em doentes que entram no estabelecimento paralíticos, e depois do quarto ou quinto banho andam desembaraçadamente”.
O orador descreveu as Caldas de Monchique como completamente ultrapassadas para as técnicas termais de então: “Os alojamentos são péssimos, mal construídos e miseravelmente mobilados. Faltam-lhe todas as condições higiénicas. As tinas são em pequeno número e em más condições. Não há nenhumas das aplicações termais, necessárias em casas desta ordem, como duches, inalações, pulverizações, banhos de vapor, etc.” Esta proposta não teve consequências: um ano depois o deputado Visconde de Silves apresentava outro projecto de lei, bem mais prático, onde o governo, proprietário das caldas, seria autorizado a vender “as inscrições no valor de 7.200$000 reis nominais, que possui o estabelecimento das Caldas de Monchique, para ser o seu líquido produto aplicado em melhorar as condições do mesmo estabelecimento.” .
Na sua exposição o deputado referia-se às Caldas como tendo “uma concorrência sempre crescente, não somente de pessoas de diferentes pontos do país, mas também do país vizinho, que ali vão procurar alívio dos seus padecimentos, e sendo já hoje muitíssimo mais difícil, ou antes impossível, se tornará receber ali toda a concorrência que a próxima conclusão do caminho de ferro, destinado a ligar o Algarve com o resto país, deve determinar.”
Pinheiro Borges, ao descrever as Caldas de Monchique em 1888, fala de um “hotel” construído em 1691 pelo Bispo D. Simão da Gama e ampliado pelo bispo D. Francisco Gomes. Este autor escreve que o balneário “consta dum longo e estreito corredor abobadado em 4 planos diferentes, deixando a um lado, uns cubículos para acomodações, e o banho da Pancada; do outro, seis casas com tinas, velhíssima capela e piscina de Santa Teresa. A entrada deste balneário dava para a praça onde no lado oposto se localizava “o Palacete, casa com dois andares, feita para moradia do governo Civil do Distrito e residência do director das Caldas”.
Em 1891, o Governo Civil de Faro editou novo Regulamento do Banho das Caldas, onde se previa, além do médico, o cargo de um director não técnico, aumentando substancialmente o número do restante pessoal – capelão, mordomo, guarda-livros, jardineiro, serventes, enfermeiros e enfermeiras, lavadeira e um curioso “marcador de bilhar”. O médico continuava obrigado aos seus relatórios anuais e a consultas gratuitas no início do tratamento, mas tinha direito a cobrar 500 reis por cada consulta extra em horas diurnas e 1000 réis nas nocturnas. Os pobres eram admitidos no período de 1 de Julho a 30 de Setembro, não podendo demorar-se mais que oito dias.
Alfredo Lopes (1892) descreve as instalações: “ Actualmente o estabelecimento termal é muito extenso. Tem além de duas enfermarias, uma para homens com 18 leitos e outra em excelentes condições para mulheres com 20 camas, 48 quartos de aluguer de alojamentos[…] 14 quartos cada um com a sua tina de azulejo branco, uma piscina – banho da pancada - onde cabem 20 pessoas, e ainda um outro banho de Santa Teresa , que comporta 4 pessoas.”
Nas Cortes ainda se falou, na sessão de 19 de Novembro de 1894, de “um contrato que se fez ou está para fazer, para exploração das thermas de Monchique”. O deputado Joaquim Telo, do círculo do Algarve, interpelava assim o governo, proprietário deste estabelecimento, pois na sua opinião “àquelas termas está reservado um futuro muito prometedor, não só pelas qualidades higiénicas e medicinais das suas águas, mas pelo sítio aprazível em que elas se encontram, e que eu considero um dos mais convidativos e agradáveis do país.” Efectivamente, o Governo negociava a adjudicação destas termas, o que se veio a concretizar pelo Decreto de 30 de Dezembro, com alvará passado a 10 de Janeiro de 1895 a favor do Dr. Bentes Castel Branco.
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Em 15 de Outubro de 1897 as Caldas de Monchique recebem a visita da Família Real, e para a ocasião o Dr. Castel Branco preparou uma exposição de objectos da região e de medicamentos naturais fabricados segundo o sistema Kneip, médico naturalista alemão de que este clínico era apologista. Em 1899 o engenheiro Roquete faz a análise química destas águas. Neste mesmo ano é inaugurado o Hotel Central (posterior pensão Central, actual Hotel Central).
Tenreiro Sarzedas, no “Relatório sobre a Inspecção Médica às Águas Minerais e suas Estâncias em 1902” (1903), estimava o número de aquistas entre “setecentos e oitocentos”. Mas para o médico a salubridade do local era má: “por muitas vezes põe em risco a vida dos frequentadores daquela estância, sendo raro o ano em que ali se não manifestam casos de febre tifóide, e de outras doenças infecciosas […] Não muito distante da estância passa uma ribeira, onde são lançados os despejos dos edifícios do Estado e dos particulares. Os proprietários dos terrenos marginais da ribeira utilizam a água para rega dos seus campos, e ao ponto de restarem a descoberto no leito da ribeira os detritos que ali foram lançados. Daí a infecção do lugar das termas e das suas vizinhanças, pelos miasmas desenvolvidos sob a acção demorada de um sol ardente, e arrastados pelas correntes dos ventos norte e nordeste, predominantes, no estio, para aquela região. […] A higiene habitacional também não está muito respeitada; nem mesmo os hotéis , onde não há urinóis nem retretes com autoclismo, e são mal construídos e mobilados.”
Quanto ao estabelecimento hidroterápico, o médico inspector considerava o edifício bom e sumptuoso, “mas não para ser utilizado como está sendo. Compõe-se o estabelecimento de diversas construções edificadas em diferentes planos, porque só assim o permite o acidentado do terreno. No primeiro plano, ou plano superior, encontra-se um quadrilátero arborizado e ajardinado, confinando com várias construções que são: ao norte a fachada do antigo hotel do estabelecimento; ao nascente a fachada principal do sanatório Kneipps, actualmente transformado em hotel; ao poente a continuação da estrada que dá acesso ao estabelecimento; finalmente do lado vê se a fachada superior e entrada principal do estabelecimento termal propriamente dito, no qual se encontram as instalações balneares, salão de baile, consultório, etc. Apresenta esta fachada uma vasta porta central, e mais quatro outras laterais, todas em estilo árabe. Das portas laterais, as duas da esquerda dão para o salão de baile, e as da direita, uma dá entrada para o escritório e outra para o consultório médico. “
Tenreiro Sarzedas faz depois uma descrição detalhada dos balneário, que se desenvolvia em três pisos inferiores ao da entrada. A porta central da fachada “em estilo árabe” dava acesso a uma escadaria por onde se descia para um plano inferior, construção abobadada com clarabóias de ventilação e de pavimento lajeado. Este pavimento era chamado de Banhos de S. João e aqui se localizavam os banhos de 1ª classe, composto por seis quartos com banheiras (três para cada sexo), do tanque ou banho de Santa Teresa, da capela e de 11 quartos de aluguer com copa, cozinha comuns e retretes para os dois sexos. No fundo do corredor, por uma escadaria, descia-se a outro piso, onde se encontravam os banhos de 2ª classe, com cinco gabinetes de banheiras de mármore, banhos de vapor, sala de duches simples, circulares, lombares, perineal, rectal e vaginal, uma outra sala de pulverizações, oito quartos de aluguer com cozinha e retretes; neste piso encontrava-se ainda a caldeira de aquecimento das águas e, curiosamente, “uma sala de patinagem”. Outra escadaria levava ao quarto piso, onde se encontrava a piscina conhecida pelo nome de “Banhos da Pancada” para banhos de 3ª classe, e duas enfermarias para doentes pobres, a das mulheres com 20 camas e a dos homens com 15.
O inspector conclui: “Certamente que não haveria meio de fazer uma pior distribuição de instalações […] Da maior urgência se torna, a bem da segurança salutar dos frequentadores das termas de Monchique, a remoção imediata do hospital e das hospedarias para fora do estabelecimento termal, onde só devem persistir as instalações hidroterápicas com os seus anexos de administração e direcção.
Quatro anos depois o mesmo médico inspector visita as termas e as suas críticas ao balneário mantêm-se. Quanto à salubridade do local, considerava que tinha havido melhorias nos hotéis “com hospedagem mais confortável e higiénica” embora persistisse o esgoto para a ribeira, mas a grande melhoria estava na “extensa e formosa mata, que quase circunda a estância, e que constitui, a meu ver, um dos mais assinalados melhoramentos com que o seu arrendatário a tem dotado […]Está completamente coberta de árvores, na sua maior parte resinosas e de ornamentação, medrando em terreno xistos, à custa dos mais aturados labores e dos mais dispendiosos cuidados.”
Já no regime republicano, as reclamações contra o estado e higiene das Caldas de Monchique aparecem associadas ao “despotismo do concessionário”, que cortava as matas em volta das caldas.
O deputado Adelino Furtado, na sessão de 30 de Abril de 1917, interpela o Ministro da Fomento, Herculano Galhardo, a propósito da concessão: “As reclamações que existem sobre esse assunto são numerosas e vem de longe, não só sobre a concessão feita pelo estado, como também sobre o não cumprimento do contrato por parte do concessionário […] Assim toda a gente se queixa: os doentes que tem de se servir dessas águas; os habitantes dessa região; etc.[…] aquele concessionário que tem um estabelecimento com a ausência completa de todas as condições higiénicas, a ponto dum almirante inglês que ali esteve classificar aquele estabelecimento de gafaria,” Como senão bastasse esta situação o concessionário, “Sr. Castel Branco”, aproveitava-se das madeiras das matas em volta das Caldas, pertença do estado, mas “que o concessionário, saltando por cima de todas as conveniências está destruído”.
Mas a situação não mudaria: na sessão de 8 de Agosto de 1919, o deputado Estêvão Águas interveio mais uma vez sobre o abate de árvores por parte do concessionário, que agora mandara cortar os amieiros, e acrescenta: “Para que a Câmara avalie até que ponto chega o abuso que o concessionário, faz da sua situação, vou expor um caso que é bem sugestivo” . Um aquista que se tinha hospedado no hotel do concessionário, “se hotel àquilo se pode chamar”, levou para o seu quarto alguns alimentos; passados uns dias esses alimentos aparecerem ruídos pelos ratos, queixando-se ao concessionário logo este tomou providências, mando-lhe um gato para o quarto, e “ali esteve o gato alguns dias, e de facto os ratos desapareceram […] Ao terminar a época dos banhos, esse indivíduo resolveu retirar-se e pediu a conta […] qual não foi o seu espanto quando nela encontrou especificada a verba seguinte: Gato, tantos dias do aluguer, a $04 por dia, tanto… O caso é verídico, pois que a pessoa que o referiu é séria e não se serviria disto como simples ‘blague’.”
Em 1921 a Estância termal reverte a favor do Estado geridas por uma Comissão Administrativa. Na vistoria de 1925 o estabelecimento contava com 7 quartos de 1ª classe com tinas de azulejo, 6 de 2ª classe com tinas de mármore, uma piscina de 3ª classe, uma sala para duches de agulheta, sala de chuveiro circulatório e uma outra para inalações e pulverizações. Em 1928 Charles Lepierre analisou as águas das diversas nascentes. Nesse mesmo ano a Estância passa para a dependência da Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. Em 1932 é nomeada uma comissão técnica com o objectivo de implantar melhoramentos na Estância termal. O seu relatório foi apresentado em 1936, sendo pontos de valorização o melhoramento nas captagens de água; urbanização do local; edificação dum hospital e balneário; e construção duma oficina de engarrafamento.
Entre 1939 e 1942, para proceder a uma melhor captação das águas, foram expropriadas e demolidas 11 propriedades que se localizavam sobre a falha geológica. Em 1942 começaram as obras de captação, construindo-se um balneário provisório, que logo se mostrou insuficiente, sendo ampliado em 1943 (actualmente desactivado).
Em 1945 já a maior parte do velho balneário já encontrava demolida e construía-se o canal da ribeira que tantas clamores sobre a salubridade do local tinha dado (corre actualmente sob o caminho de descida do lado esquerdo do vale). Estas obras permitiram por a descoberto a falha geológica entre os xistos e sienites. Nesse ano foi ainda construída uma primeira oficina provisória de engarrafamento, cuja estrutura cúbica ainda hoje se pode ver defronte do Hotel D. Carlos.
No ano seguinte (1946) foi demolida a enfermaria das mulheres. Para isolar as novas captagens de S. João e Santa Teresa que brotam na sienite, foi construída uma placa de protecção com uma área de 700 m2. Em 1951 foi demolida a enfermaria dos homens, o que permitiu a captagem das nascentes Pancada I e Pancada II.
Em 1950 Herculano de Carvalho procede a novas análises, classificando esta água como sulfúrea sódica, mesotermal e alcalino-sódica. Os resultados desta análise encontram-se expostos em grandes quadros na buvete.
Nesse mesmo ano, o deputado à Assembleia Nacional Sousa Rosal intervinha: “O que se passa com as Caldas de Monchique é então verdadeiramente incompreensível […] Porém, já há anos que se apresentam como um campo de ruínas aos olhos dos que têm de utilizar forçosamente as suas águas, em instalações improvisadas, e dos que visitam a sua atraente região. Ruínas não resultantes de qualquer sismo, mas simplesmente provocadas por um plano de urbanização que até hoje apenas se revelou no seu aspecto destruidor, fazendo demolir o antigo balneário, construído e acarinhado com beneméritos fins por três notáveis bispos do Algarve – D. Simão da Gama, D. Lourenço de Santa Maria e D. Francisco Gomes de Avelar.
Mas nada foi feito. Dois anos depois, o deputado, na sessão de 12 de Dezembro de 1952, voltou a interpelar a Assembleia, pedindo ao Governo uma informação sobre o futuro das Caldas de Monchique, “que são termas que o Estado possui num lindo e aprazível recanto do nosso Portugal”. No seu discurso descreveu como era feita a assistência aos aquistas: “Os doentes são recebidos e tratados nestas improvisadas, acanhadas e deficientes instalações, onde os banhos começam por altas horas da madrugada, para que todos os possam tomar. A assistência hospitalar a doentes pobres sofreu apreciável redução e é feita deficientemente, por ter sido demolida uma das suas enfermarias. A iniciativa particular está completamente paralisada, de modo que os hotéis não melhoram, nem se fazem novas construções. Por este facto alguns doentes têm de procurar alojamento na vila de Monchique, que fica a 6 quilómetros das Caldas.” Lamentava que esta situação tivesse afastado os aquistas, sobretudo os andaluzes. “Mesmo assim, mercê do poder excepcional das suas águas medicinais, o movimento que têm é digno de apreço: Em 1950 - l 026 aquistas e 216 contos de receitas. Em 1951 - l 095 aquistas e 224 contos de receitas. Em 1952 - l 098 aquistas e 236 contos de receitas.” O deputado reconhecia que os trabalhos efectuados traziam vantagens futuras: “Refiro-me aos trabalhos de captagem das águas, os quais levaram cerca de doze anos, tão-somente por virtude das fracas dotações anuais atribuídas para tal fim. Em virtude deles, as águas melhoraram muito. Passou-se a dispor de um volume de água medicinal da ordem de um milhão de litros em vinte e quatro horas. A sua temperatura passou a ser mais elevada e produzem-se mais ricas emanações gasosas. O seu título colibacelar fixou-se em zero.” Em consequência desta exposição, no Orçamento do Estado de 1954, foi incluída uma verba de 600 contos destinada a obras nas Caldas de Monchique.
Mesmo com verbas suplementares, a situação das Caldas de Monchique não se alterou, e na sessão de 30 de Outubro de 1958, o nosso deputado, num discurso em que propunha a construção de um aeroporto em Faro, voltou a abordar o mesmo assunto: “Desde a minha primeira intervenção parlamentar, e já lá vão dez anos, tenho mantido presente nesta Câmara uma das mais queridas e importantes pretensões do Algarve: a reconstrução dos demolidos edifícios das termas de Monchique que o foram para melhorar a sua higiene e conforto e que ainda hoje oferecem o espectáculo de um campo de ruínas, a contrastar com a paisagem paradisíaca em que estão implantados e que os rodeia. […] Não desconhecemos que a Administração já despendeu ali verbas importantes naquilo que era básico: captação das águas com mais higiene e maior potência e construção dos esgotos; e ainda que aprontou o edifício de engarrafamento e adquiriu o respectivo equipamento e, bem assim, que tem em mãos os projectos complementares. Estando tudo disposto, segundo parece, para se chegar ao fim de tão valioso empreendimento, só há que adoptar outro ritmo nos trabalhos […] Se o Estado se tem disposto e se dispõe a investir capitais em empresas de domínio privado, não será descabido que o faça em seu próprio domínio, desde que se prove a sua rentabilidade e o interesse público e ainda a sua projecção no fomento da indústria turística.”
Na sessão de 30 de Abril de 1960, Sousa Rosal voltou ao tema de Monchique, dessa vez não pelo estado ruinoso das suas instalações, mas sim por uma reclamação dirigida ao Ministro das Finanças “pela fina flor dos concessionários das águas minerais, onde se pode vislumbrar a reservada intenção de retardar ainda mais a marcha vagarosa empreendida pelo Governo, há cerca de 25 anos, para modernizá-las ”.
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A Comissão Administrativa das Caldas de Monchique tinha gasto a soma de 7000 contos na edificação e montagem uma cadeia de engarrafamento das suas águas e proponha-se comercializá-las sobre forma de água natural ou gaseificada. Os signatários da reclamação partiam do princípio que o Estado, proprietário das Caldas de Monchique, ao explorar comercialmente o engarrafamento das suas águas entrava numa concorrência desleal no “traiçoeiro comércio de águas minerais”. Argumentavam ainda que a inexperiência da administração tinha permitido uma má instalação da maquinaria e por último a impossibilidade de se conseguir uma regular gasificação desta água, “Terminam os signatários a sua reclamação fazendo uma série de sugestões, todas elas orientadas no sentido de impedir, de certa maneira, uma legítima concorrência, e de maneira particular no capítulo das águas gaseificadas”. Mas a verdadeira razão dos signatários era, segundo o deputado, a passagem para a concessão privada destas águas: “Não se reputa aconselhável tentar-se, neste iniciar da sua exploração, um regime de concessão, como se sugere, pelo desconhecimento da projecção das águas de Monchique no mercado, o que levaria a condutas de lotaria ou cair na dependência de interesses contrários à sua natural expansão, que por aí andam com ganas infanticidas. Julgo que a concessão terá a sua oportunidade quando estiverem concluídos os restantes edifícios planeados para as termas, de maneira especial os balneários e hospital, porque só então é possível ter a noção do jogo das receitas e das despesas no conjunto das suas actividades. De contrário o Estado corre o risco de ter dado de concessão a carne da empresa e ter ficado com os ossos, em que ninguém pegará. Como é sabido, as termas têm na venda das águas o seu rendimento básico.”
Mas quanto ao balneário, a situação mantinha-se. Na sessão de 12 de Dezembro de 1963 estava em discussão a Lei de Meios para 1964, onde as verbas destinadas à promoção e infra-estruturas turística eram quase nulas, tendo o deputado Sousa Rosal concluído que “sem grande risco de errar, que não está sendo convenientemente interpretado o fenómeno turístico que presentemente se desenrola por toda a parte e nos bate à porta com a mais viva simpatia, de modo a tirar dele todo o bem que generosamente nos oferece para reforçar a nossa armadura económico-financeira, uma das armas mais poderosas para vencer na luta em que estamos empenhados, tanto nas frentes onde se combate como nas retaguardas onde se trabalha e nos divertimos. Se nas frentes se aconselha uma prudente defensiva, na retaguarda é indispensável pôr em movimento uma vigorosa ofensiva.”
Deu como exemplos de obras necessárias na província que representava, o Algarve, e as Caldas de Monchique foram inevitavelmente citadas: “Uma verba substancial para o acabamento das obras de reconstrução das demolidas termas das Caldas de Monchique há mais de vinte anos, para as actualizar, pelo Estado, que é seu proprietário, nas quais a construção do balneário, que tem lugar de primazia, ainda não foi iniciada. Neste momento em que o turismo atinge a acuidade que conhecemos, lembra-se que as termas são também locais distinguidos e apreciados pelos turistas e que não está sendo bem compreendido o abandono a que o Estado votou as suas velhas termas, de tradição milenária, o que põe até em dúvida a capacidade da Administração. Ao valor turístico temos de juntar o valor do contributo para a cura do reumatismo, a favor da qual milita a excepcionalidade do clima.”
Com o “ intuito de dar maior autoridade às minhas palavras”, citou um relatório para o Ministério das Obras Púbicas, da autoria do Dr. Manuel Assunção Teixeira, então director do Instituto Português de Reumatologia: “Assim Monchique poderá dizer na sua justa propaganda que dispõe de águas benéficas, semelhantes nos efeitos a outras nacionais e estrangeiras, mas que tem sobre a grande maioria das estâncias similares, nacionais e estrangeiras, a grande vantagem de possuir um clima excepcional, de média altitude, ameno e apropriado ao tratamento das doenças reumáticas, mesmo durante o Inverno. Na verdade, a maioria das estâncias termais, nacionais e estrangeiras, onde se tratam doenças reumatismais estão situadas em locais húmidos e frios, o que impossibilita ou dificulta a sua utilização fora dos meses de Verão. Pode ainda servir de justa propaganda a sua proximidade do mar, cujas praias podem ser utilizadas pelos sãos de seis a oito meses por ano [...] e por alguns reumáticos nos meses mais quentes do ano.”
Em 1966 era director clínico o Dr. Rodrigues Clarinha e o hospital termal estava concluído e equipado, mas encontrava-se ainda encerrado, situação que se mantinha ainda em 1969. Na sessão da Assembleia Nacional de 8 de Janeiro, o já nosso conhecido deputado algarvio, num debate em volta do termalismos social, volta a relembrar a situação das Caldas: “Depois de instalada a oficina de engarrafamento da água termal e posta a funcionar com o mais moderno equipamento e melhores preceitos higiénicos, iniciou-se a construção de um hospital para manter e melhorar a tradição assistencial das antigas termas. Este ficou concluído nos primeiros meses de 1966, mas ainda não funciona como hospital, apesar de ter sido devidamente apetrechado para tal, desde as roupas e utensílios de toda a ordem até aos especializados equipamentos médicos, como sejam: Raios X; Câmara escura; Fisioterapia; Laboratório; Desinfecção de banheiras; Ar comprimido; Hidroterapia. […] Em meados de 1966 foi dado como pronta a funcionar o hospital e convidada a comissão administrativa a recebê-lo. Não desejando membros desta, entre os quais me contava aceitar a incumbência de se tornarem responsáveis pela conservação das instalações e tudo quanto nelas estava depositado sem se vislumbrar com que meios se haviam de iniciar o funcionamento do hospital, solicitaram a demissão. Desde então, não me consta que as coisas se tenham modificado. Parte do edifício tem sido, aproveitado para serviços sem as dimensões e as qualidades exigidas por aquilo que está materializado, com desprezo pela missão que poderia cumprir dentro da nossa insuficiente rede hospitalar.” Quanto aos balneários, voltou a lembrar: “Os que por ali passam e são muitos e de toda a parte, de visita à excepcional região de Monchique, ficam surpreendidos perante aquele confrangedor campo de ruínas.”
A 17 de Novembro de 1972 as Caldas de Monchique voltaram à Assembleia, pela voz de Leal de Oliveira. Começou por abordar a indústria de engarrafamento de águas: “Os doze principais produtores de águas minerais colocaram, em 1970, 51.294 milhões de litros, no valor de 92.902 milhares de escudos, enquanto os cinco principais produtores de águas de mesa produziram, também em 1970, 9532 milhares de litros, que valeram 18.258 milhares de escudos”. O deputado mostrou que estes valores estavam em crescente relativamente à produção anterior, representando em relação a 1959 um acréscimo de 172% para as águas minerais e de 188% para as águas de mesa. “Mas pesa-me, Sr. Presidente, que uma das melhores águas minerais e de mesa do País, a das Termas de Monchique […] numa província onde a indústria hoteleira, em plena expansão, absorve milhares e milhares de litros de água engarrafada ou engarrafonada, esteja em pleno declínio e quase completo abandono”
O deputado relembrou Sousa Rosal, que tanto se batera contra a incúria em que se encontravam as Caldas de Monchique, e o “muito que já lá se gastou e que paradoxalmente, não depende, neste caso, de inércia de particulares, mas sim do próprio Estado”. Proponha uma passagem para o regime de concessão, aliás opinião compartilhada pelo Secretário de Estado de Tesouro, conforme a resposta deste a um ofício do deputado, concluindo: “Ao terminar, deixo, como sempre, uma palavra de confiança ao Governo […] Os algarvios verão vencidas as forças negativas que subterraneamente têm esmagado as tentativas de ressurgimento das Caldas de Monchique”.
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Após o processo revolucionário de 25 de Abril de 1974, o património do estabelecimento termal passou para o ministério do Comércio e Turismo e a sua exploração ficou a cargo da Enatur (1975).
Em 1992 a Enatur torna-se concessionária da exploração da água mineral. Nesse mesmo ano foi elaborado o estudo do Perímetro de Protecção e o plano de exploração.
Em 1993 a Fundação Oriente adquiriu à Enatur, por concurso público, todos os bens afectos ao Estabelecimento Termal das Caldas de Monchique, constituindo na ocasião duas sociedades, uma denominada Sociedade da Água de Monchique SA, encarregue do engarrafamento e comercialização da água mineral, e outra denominada Sociedade das Termas de Monchique Lda, para a exploração termal e hoteleira.
Em 1994-95 dá-se a remodelação e ampliação do estabelecimento de engarrafamento, começando a sua comercialização em embalagens PET em 1996. Em 1997 iniciam-se os planos e projecto de renovação das termas. Nesse ano o balneário encerrou em consequência das cheias ocorridas a 26 de Outubro, assim permanecendo até à reabertura de 2001. Em 1998 fazem-se as obras de um novo furo de captagem de água, o SAM 1. Nos anos que se seguiram e até 2001, procedeu-se a obras de remodelação da parte termal e hoteleira, assim como à renovação das infra-estruturas de fornecimento de água, gás, electricidade e telecomunicações, obras estas a cargo da Fundação Oriente, cabendo à Câmara Municipal de Monchique as obras de renovação urbana.
A 26 de Maio de 2001 é reinaugurado o complexo termal com a presença do primeiro-ministro António Guterres, conforme inscrição existente no largo do Lajeado.
Com esta nova exploração termal as Caldas de Monchique entram num novo período da sua já longa história, a de turismo de saúde ou spa. As características ambientais, o património construído, e a localização numa zona turística internacional são as mais-valias para atrair um público jovem, ou pelo menos de faixas etárias mais baixas ao comum das termas portuguesas, que terá eco numa burguesia urbana onde o culto do corpo e a prevenção da saúde são parte dos seus planos de férias anuais.
Actualmente o testemunho recolhido por nós em 2003 (“Isto como está não dá para ninguém, nem para eles nem para nós”) está a deixar de ter sentido, e a nova gestão aposta numa gerência onde os valores humanos sejam equacionados com o desenvolvimento hoteleiro e termal da região de Monchique: “Eu acho o que a Fundação espera é que haja aqui alguma imaginação na gestão, que se consiga criar sinergias entre os várias aspectos hoteleiros e termais.” (conversa com Tiago Barata, Agosto 2005).
Como vimos atrás, a comercialização da água engarrafada foi sempre o problema para os gestores estatais ou particulares das Caldas de Monchique, dado que a moderna unidade industrial de engarrafamento não consegue escoar a sua produção nem impor-se num mercado português das águas engarrafadas, nem mesmo a nível regional: “A mim faz-me imensa confusão que a Água de Monchique chegue mais cara a Faro do que a Água do Luso. Embora o transporte do Luso seja mais caro, eles podem brincar com os preços, e o distribuidor de água é o mesmo da cerveja. (conversa com Tiago Barata, Agosto 2005)
Nas Caldas existem o Hotel Termal, o Hotel Central, o Hotel D. Carlos, a estalagem e apartamentos turísticos, num total de 140 camas, explorados pela Fundação Oriente, e ainda o Hotel Gran Foia, a Pensão Internacional e a Albergaria do Lajeado.
JN- 26/5/04 (Ângela Santos)- Caldas de Monchique oferecem bem-estar – Águas são especialmente recomendadas para afecções das vias respiratórias. Destaque: Milagres explicados à luz da ciência.
JN. 6/4/03 – Bio parque requalifica laboratório vivo na serra – Biodiversidade Estudo inventariou espécies autóctones de fauna e flora locais, parque irá ocupar boa parte do concelho e criar emprego.
Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a; 1948b; 1949-50; 1953. Almeida 1948, Almeida 1966, Alves 1891,Andrade 1929, Aragão 1758, Assunção 1943-44, Avelar 1916, Baptista 1874-79, Basto 1934, Beires 1870, Beires 1873, Beires 1874, Bonnet 1850, Bonnet 1851, Brandt 1881, Cabral 1900, Calado 1995, Cardoso 1652, Carneiro 1891, Carvalho 1930, Carvalho 1934, Carvalho 1939, Castel Branco 1885-1907; 1906; 1910; 1900; 1917. Castilho 1870, Castilho 1884, Castro 1905, Chernovitz 1878, Contreiras: 1937; 1939; 1942; 1947. Correia 1922, Cortes 1872-74, Félix 1877, Formosinho 1948, Franco 1942, Gascon 1813, Guerreiro 1859, Guerreiro 1863, Henriques 1726, Leal 1875-80, Leão 1785, Lemos 1889, Lepierre 1928, Link 1803, Lopes 1892, Lopes 1988, Lourenço 1867, Mangorrinha 2002, Mascarenhas 1939, Mira 1948, Narciso: 1920, 1920b; 1930. Oliveira 1902, Ortigão 1875, Osório 1872, Palha 1783,Pereira 1944, Piedade 1841, Pinto 1892, Poli 1839, Prado 1779, Ramos 1789, Rebelo 1905,Roquete 1899, Salgado 1781, Sarmento 1758, Sarzedas 1907, Silva 1908, Silva 1926, Soares 1873, Sousa 1943, Sousa 1926, Tavares 1810, Teixeira 1704, Vale 1845.
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Artigos em publicações periódicas (sem autor): Livro de Receitas e Despesas do hospital das Caldas de Monchique, 1751-92,/ Anuncio para o lugar de médico em Monchique. In Gazeta de Lisboa, nº8 de 22/2/1805,/ Informa achar-se vago o partido do Hospital das Caldas de Monchique. In Gazeta de Lisboa, nº14 de 11/4/1807/ Memória sobre a agricultura do Algarve. (notas sobre Monchique). In Jornal de Coimbra, Vol. I, p.406, e Vol. II, p.248, 1812/ D. Francisco Gomes de Avelar – sobre os Banhos das Caldas. In O Panorama, vol. I, II série, de 20/8/1842/ Banhos de lodo…. In O Panorama, vol. I, II série, de 20/8/1842/ Os Banhos das Caldas de Monchique. In Conimbricense, nº587, de 10/9/1859/Copiador dos documentos inéditos relativos às Caldas de Monchique. In Arquivo do Estabelecimento Termal, 18..?/ Banhos de Monchique. In A Nação, nº 2976, de 1 de Junho de 1860/ Sobre o Regulamento de Caldas de Monchique. In Correio Médico de Lisboa, nº22, II Vol., 1872/ Caldas de Monchique, In Gazeta do Algarve, nº18, 1873/ Regulamento das Caldas de Monchique. In Gazeta do Algarve, nº20, 1873/ Banhos de Monchique. In Correio do Meio-dia, nº7, ano I, 5/6/1874/ Sobre o Regulamento de Caldas de Monchique. In Correio do Meio-dia, nº21, ano I,11/10/1874/ O edifício das Caldas de Monchique. In Correio do Meio-dia, nº72, ano II, 3/10/1875/ Caldas de Monchique, In O Ocidente, nº355, 11ºano, vol.11, 1888/ As termas de Monchique. In Medicina Contemporânea, nº41, VII ano, Outubro, 1889/ Caldas de Monchique. In Revista Popular de Conhecimentos Úteis, nº50, II ano, 12/5/1889/ Memória sobre o estabelecimento balneário das Caldas de Monchique e projecto de estatutos. Arquivo da DGMSG, 1897/ Crónica Oriental – visita de sua Majestade ao Algarve – Caldas de Monchique, In O Ocidente, nº677, 20ºano, vol.20, 1897/ As Caldas de Monchique. In Revista a Saúde, 1898-99/ A Saúde (revista) números sobre as Caldas de Monchique: nº1, 3, 4, 12, 41, 88, 94 e 99, dos anos 1898, 99, 1903, 05,06/Legislação, Regulamento das Caldas de Monchique. In Medicina Moderna, nº138, XII Ano, vol. IV, 1905/ Águas e Termas Portuguesas. Indicações Gerais para uso dos Banhistas e Turistas. Ed. Da Sociedade de Propaganda de Portugal, 1910/Anuário Médico-hidrológico de Portugal, Ed. Direcção Geral de Saúde, Lisboa,1963/ A vila, as Caldas de Monchique e outras terras do Algarve, In Portugal Ilustrado, 1927-29/ Relatório da comissão técnica nomeada para estudar o plano geral de melhoramentos da Caldas de Monchique, In boletim de minas, 1929/ Entrevista com o Dr. José de Sousa e Costa sobre as Caldas de Monchique, In Diário do Alentejo, Maio de 1939/ Caldas de Monchique, In Folha de Domingo, nº1291, ano XXVI, Faro 17/12/1939/ Águas minerais do continente e ilha de S. Miguel. Publicações das Comemorações Centenárias da Independência e Restauração de Portugal, 1940/ Boletim do Serviço de Fomento Mineiro, referente aos anos 1942-43, sobre Monchique, 1945/ Curiosos achados arqueológicos nas Caldas de Monchique, In Diário de Notícias, 26/8/1945/ Achados Arqueológicos em Caldas de Monchique. In Diário Nacional, de 21/4/1947/ Termas de Portugal. Ed. Do SNI, 1947/ Entrevista com o Dr. Alberto de Sousa sobre as Caldas de Monchique. In Diário do Alentejo, nº 5007, 1948.
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Legislação
1691- Despacho Real concedendo ao Bispos do Algarve a administração do Hospital Termal das Caldas de Monchique.
1795 – Resolução de uma visita filosófica na Serra de Monchique a fazer por Simão Pires Sardinha, seguindo o directório de domingos Vendei, com todas as despesas por conta da Academia Real das Ciências. In Actas da Real Academia das Ciências
1796 – Provisão Régia de 19 de Dezembro, ordenando que o Corregedor das Comarcas do Reino do Algarve seja Juiz privativo nas coisas do Hospital de Monchique. Chancelaria de D. Maria I.
1805 – Provisão Régia de 30/1 criando o partido Municipal de Monchique.
1833 – Lei de 3 de Agosto, sobre os bens das Caldas de Monchique.
1849 – Diário do Governo de 8/1/1849. Notícia acerca da descrição do Algarve de Charles Bonnet.
1849 – Diário do Governo de 4/5/1849. Autorizando o Governo a despender 3 contos com a visita ao Algarve de Charles Bonnet.
1851 – Ofício da Junta Geral do Distrito de Faro, de 10/5, pedindo ao governo melhoramentos nas Caldas de Monchique.
1855 – Diário do Governo de 20/6. Nomeando três comissões para exame dos trabalhos geológicos, estatísticos e corográficos do Eng. Charles Bonnet no Alentejo e Algarve.
1872 – Portaria de 7 de Dezembro, determinando que se executem melhoramentos nas Termas de Monchique.
1894- Portaria de 21/7 abrindo concurso para a exploração das Caldas de Monchique
1894 – Portaria de 30/10 abrindo o concurso para a exploração pelo prazo de 75 anos
1894- Portaria 9/11 determinando que As Caldas de Monchique só funcionem na época termal.
1894 – Decreto de 30/12 – Adjudicando as Caldas de Monchique.
1895 – Alvará de 10/1, concedendo o arrendamento das Caldas de Monchique ao Dr. João Bentes Castelo Branco.
1921 – Decreto de 16/2, Nomeando uma comissão Administrativa para as Caldas de Monchique.
1929- Portaria mandado proceder ao estudo urgente do plano de obras para as Caldas de Monchique, nomeado uma comissão para este efeito, D.G. nº34, II série, de 11/2
1932- Decreto de 20/1, Diário do Governo de 23/1, nº19, I série. Autorizando a abrir concurso à exploração por 50 anos, Passando a Comissão Administrativa a Comissão de Iniciativa, urbanização, assistência e propaganda.
1937 – Decreto determinado que passe para a comissão Administrativa todas as funções atribuídas à Comissão de Gerência. D.G. nº92, I série de 21 de Abril
1942 – Decreto de Lei de 28 de Abril (DG, nº97, II série, de 28/5) Determinando que passem a depender do ministério das Finanças as Caldas de Monchique, sobre a superintendência da Direcção Geral de minas e Serviços Mineiros.
1942- Decreto de 13/6 abrindo um crédito de 250 contos à DGMSG para as despesas de captagens em Monchique.
Freguesia
Monchique
Povoação/Lugar
Caldas de Monchique
Localização
Na EN-266 Portimão-Monchique, a 5 km desta vila, encontra-se o parque termal das Caldas de Monchique.
Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica do Rio Arade
Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona sul de Portugal
Fundo geológico (factor geo.)
Maciço Subvulcânico de Monchique, afloramentos de selénio. Meio fissurado, permeabilidade alta.
Dureza águas subterrâneas
50 a 200 mg/l CaCO3
Concessionária
Sociedade das Termas de Monchique, Lda. O engarrafamento e comercialização das águas pertencem à Sociedade das Águas de Monchique, S.A.
Telefone
282910910
Fax
282910990
Morada
8550-232 Caldas de Monchique
E-mail / site
spa@monchiquetermas.com
www.monchiquetermas.com
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais