Tipo de exploração:
Termas abandonadas
Natureza da água:
Sulfúrea sódica
Indicações:
Doença músculo-esqueléticas e dermatoses
[Capela de Santo Amaro, junto do balneário]
Época termal
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Manifestações artríticas e pele (Contreiras, 1951)
Tratamentos/ caracterização de utentes
Actualmente não tem uso. “As pessoas preferem ir a outra, à Fontinha, também tem um pouco de enxofre mas não tanto como esta”.
Instalações/ património construído e ambiental
Amaro de Almeida (1975) refere duas nascentes uma no interior do edifício do balneário e outra numa fraga 50 m para nascente deste. É esta segunda nascente que o nosso guia chamou de Fontinha.
O antigo edifício da hospedaria é hoje uma ruína. Trata-se de uma construção em granito, de planta rectangular, com cerca de 100 m2 de área e dois pisos, 12 janelas no piso superior (6 de cada lado), o que deveria corresponder ao mesmo número de quartos. Este edifício tem acoplado um outro de menores dimensões (cerca de 20 m2) onde se encontrava as banheiras e a emergência de água, também este em avançado estado de ruína. A construção deverá ser da primeira década do século XX.
Tivemos como guia ao local um senhor, residente na nas Quintas de Cima, que descreveu o que seriam os banhos, apresentando-se assim para a gravação:
"Sou José Marques, residente nas Quintas de Santo Amaro, freguesia de Linhares. Venho ensinar ao senhor aqui as termas, que começam aqui nesta parede como o senhor vê [muro de divisão da propriedade]. E vai a toda a volta, mas lá para baixo tem umas tapadas grandes que chegam até lá abaixo, até à ribeira, de maneira que depois vem por esta cerca, este olival também é. Ali era o sítio da caldeiras, onde se aquecia a água, depois as pessoas que cá estavam internadas iam tomar banho nas banheiras. A água tiravam de um poço, é essa a água de Santo Amaro. O poço é ali dentro, e anda muita água por aí estragada, igual a esta aqui. Ali ao fundo está uma nascente da mesma água, é pequenina, mas é da mesma água. Aqui por detrás da casa, que chamamos dos banhos, também está uma poça. Quantas banheiras tinha não sei dizer, mas se calhar cada janela tinha a sua, ora são duas e duas quatro… Devia ser umas 12 banheiras [confusão com os quartos da hospedaria]. Isto é uma pena estar tão mal empregado."
Natureza
Sulfidricada sódica (Contreiras 1951)
Sulfúrea sódica (Calado 92)
Nunca foi concessionada
“No sítio a que chamam de Santo Amaro, há uma fonte tépida de água sulfurosa, de que naquela terra usam em banhos para males cutâneos, como são sarnas, proidos, impigens, pústulas.” (Aquilégio, 1726: 66)
Francisco Tavares escreveu em 1810: ”Nasce ao fundo de um pequeno outeiro pedregoso, no cimo do qual está a capela do Santo cujo nome tem. É de água bastante fria, cristalina, com cheiro e sabor manifestadamente enxofrado, e é mineralizada pelo gás hidrogénio sulfurado, que perde com grande facilidade”. (p. 77)
Lopes (1892: 275) informa-nos que existiam duas nascentes: “Junto da primeira há uma pequena casa com duas modestas banheiras. Serve ao mesmo tempo de estabelecimento balnear e de hospedaria, e é, assim como as nascentes, propriedade particular.”
O edifício da hospedaria e balneário deverá ter sido construído no início do século XX. Teve um funcionamento normal até 1948, quando um incêndio o destruiu. “Dizem que foi o proprietário que lançou fogo à aquilo para não pagar as dívidas.” (informante José Marques).
Almeida (1975: 136) dá a mesma data para o abandono das termas: “Tiveram nos tempos idos grande concorrência, como ainda se lembram as pessoas mais idosas e como atestam as ruínas do casarão que servia simultaneamente de albergue e balneário, que ardeu em 1948.”
Segundo informação do nosso guia, o actual proprietário vive em Andorra, não parecendo dedicar o mínimo interesse aos banhos. Situação para a qual o Sr. José Marques tem a seguinte solução: "O nosso Estado devia obrigá-lo a arranjar isto ou a vender, assim é que não pode ser, tudo exaurido."
A 30 m das ruínas do balneário está a Capela de Santo Amaro, advogado das doenças dos membros. O templo é de planta rectangular, muito reformado em diferentes épocas, mas guarda no entanto a porta, com o seu modesto arco gótico a denunciar um culto medieval, onde provavelmente havia ritos com a água da nascente vizinha. O santo tem a sua festa em Janeiro, onde não faltam as promessas dos crentes como problemas em braços e pernas: “Todos os anos fazemos aqui a festa de Santo Amaro. Quem coxeia das pernas ou dos braços, tem aí em pau o braço direito ou esquerdo, a perna direita ou esquerda [referência aos ex-votos da capela]. O pessoal vem aqui fazer as suas promessas do dia 15 de Janeiro. Vem pessoal de todo o lado, o padre vem cá dizer a missa. É o único Santo Amaro que temos por esta redondeza, então vem de toda essa indústria. Vem muita gente, não tem conto. Olhe, Figueiró, Vila Cortês, Carrapichana, Mesquitela, Mongadouro, Vale da Ribeira, Cortiçó, Celorico, Fim do Monte, Azenhas, Linhares [lugares dos concelhos de Celorico e Gouveia], toda a gente. Isto é tudo cheio, todos trazem merendas, assiste-se a missa. Depois às vezes o tempo está ruim, outras vezes está bom, então dançam e cantam é a Festa ao Santo Amaro, então!”
Turismo de habitação em Linhares
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Acciaiuoli 1944, Acciaiuoli 1949-50, Almeida 1975, Bastos 1937-37, Calado 1992, Chernovitz 1878, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Correia 1922, Costa 1819, Félix 1877, Fonseca 1867, Henriques 1726, Leal 1875-80, Lopes 1892, Tavares 1810, Vale 1845, Águas e Termas Portuguesas 1918,Le Portugal Hidrologique e Climatique 1930-42
Freguesia
Linhares
Povoação/Lugar
Junto da Capela de Santo Amaro
Localização
Antes de chegar a Linhares toma-se a EM alcatroada, para a Quinta de Baixo de Santo Amaro. Neste lugar toma-se um caminho de terra que vai em direcção à capela deste santo. As ruínas dos banhos encontram-se na vertente da colina.
Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Mondego
Zona geológica
Maciço Hespérico - Zona Centro-Ibérica
Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (granitóides)
Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3
Concessionária
Uso popular
Telefone
n.d.
Fax
n.d.
Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais