AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O balneário em ruínas]

 

Época termal
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Indicações

Reumatismos, dispepsias átonas e doenças da pele (Contreiras, 1951)

Reumatismo, aparelho digestivo, doenças de pele e vias respiratórias

Tratamentos/ caracterização de utentes

Em 2001 foi o ano do reinício das suas actividades, trabalhando numa fase experimental. – “Este ano o número de aquistas deve ter rondado os 600 e qualquer coisa. Este é terceiro ano que o balneário provisório está a trabalhar, nos anos anteriores os valores foram mais ou menos idênticos. Também não temos por agora capacidade para receber mais. Temos uma época termal curta, no futuro pensamos em alargar o período de abertura, mas apostando também no lazer ou turismo de saúde “ (Eng. Afonso Tavares – CM do Sabugal)
Director clínico: Dr. Santos Silva (responsável também pelas termas de Unhais da Serra, Manteigas e das Águas de Penacova). Conta actualmente com cinco funcionários com uma pequena formação em balneoterapia.
O balneário conta com duas cabines de hidromassagem, uma de duche de agulheta, outra de vapor à coluna e uma pequena sala de tratamento ORL.

O preçário de tratamentos (2003) é nesta fase experimental de 40 Euros – inscrição, mais os seguintes valores: reumatologia (12 dias – 60 euros); ORL (12 dias 55 Euros); dermatologia (12 dias 50 Euros). Os aquistas que fazem dois tipos de tratamentos pagam 75 euros por 12 dias.

 

Instalações/ património construído e ambiental

Actualmente o balneário está a trabalhar num pré-fabricado, com uma área de cerca de 100 m2, que conta com recepção, sanitários, gabinete médico e sala de repouso na zona de entrada pública, seguindo-se um corredor separado da primeira zona por porta, com vestiários, sala de ORL, hidromassagem, duche de jacto e de vapor à coluna. Prevê-se a construção de um novo balneário até 2006, assim como a recuperação de antigos balneários que terão a função de apoio ao turismo e alojamentos, destino que também terão as outras construções existentes no local, actualmente todas em ruína.
O aglomerado urbano das Caldas de Cró desenvolve-se nas duas margens da Ribeira de Boi, ligadas por um pontão em pedra. A passagem da ribeira para viaturas faz-se a vau. Na margem direita encontram-se as ruínas do antigo balneário, construção de grandes dimensões ao gosto da arquitectura funcional da década de 30, mas só finalizadas em 1957 (informação de "Anuário", 1963). Nesta margem encontram-se ainda o actual balneário e os furos de captação de águas, com pequena bica e quatro construções em ruína que correspondem a antigos serviços e alojamentos.

Na margem esquerda vê-se três ruínas de construções. Na primeira (à esquerda do caminho que sobe) nota-se uma inscrição um tanto apagada onde se lê “Casa do José – dos curados milagrosos -19??”. No topo da subida a capela de N.ªSª. dos Milagres, construção em granito do início do século XIX, recentemente restaurada.

 

Natureza

Água sulfúrea sódica, primitiva, de origem profunda, alcalina, fluoretada, rica em tiossulfatos (a mais rica das águas portuguesas analisadas) (Mata, 1963).
Sulfúrea sódica, hipotermal (23º). 

 

Alvará de concessão

1912 - 13 de Julho, Alvará de concessão
1922 - 30 de Janeiro Declarada Abandonada
1935 - Alvará de concessão à empresa Balnear de Cró Lda., com uma área reservada de 50 hectares.

2001 - 1 de Janeiro é a data do actual contrato realizado com a CM do Sabugal.

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Historial

No Aquilégio Medicinal (1725) são chamadas de “Caldas da Ribeira do Rei” no índice e na descrição de Ribeira do Boi (p. 47): “No limite da Raipola do Côa, […] no sítio a que chamam dos banhos, há uma fonte de água muito quente, cujo mineral é sulfúreo, o que se conhece, não só pelo grande calor com que nasce, mas também pelo cheiro a enxofre. Nos banhos desta água tem achado remédio os estupores, paralisias, tolhimentos das juntas, debilidade de nervos; é de crer que se houvesse banho coberto, que seriam umas boas Caldas para os achaques dos nervos”.
Nos Quesitos aos Párocos do Marquês de Pombal (1758) a nascente é descrita: “Tem água com olfacto a enxofre receitada pelos médicos da Guarda a doentes.” .
Tavares escreve em 1810 que “na margem ocidental do Rio Côa, na raiz de um pequeno monte, afastado da povoação cerca de meia légua, acham-se três nascentes de água evidentemente sulfúrea [...] transparente, e tem sabor enjoativo e algum tanto amargo [...] Nenhumas comodidades ali há para banhos […] No sítio apenas há uma pia de pedra, aonde os povos vizinhos vão banhar-se, sem maior ou nenhum resguardo mais que mantas ou cobertores, que levam para agasalhar-se em saindo do banho
Em 1841, Francisco António da Cunha, na Topografia médica da cidade da Guarda, escreve sobre estas águas, que eram quentes antes da sua mistura com a água do ribeiro, pois os temporais inutilizaram a fonte. (cit. Acciaiuoli 1944, II:135).
Correia (1897) depois de falar da frequência das caldas, que foi de 300 banhistas em 1896, escreveu: “O que se precisa é um bom edifício balnear com piscinas para pobres e abastados, com as comodidades exigidas para estabelecimentos desta ordem, satisfazendo as necessidades dos doentes e as prescrições da ciência. Devia tal estabelecimento ter uma dependência para recreio dos banhistas, porque está mais que provado que a eficácia das águas muitas vezes concorre a boa disposição de espírito dos doentes”. Este autor também relatou uma lenda segundo a qual o primeiro doente a utilizar destas águas, com fins curativos, foi um descendente do Conde da Guarda “ que na freguesia do Seixo tinha vastas propriedades”, que, curando-se dos seus males, considerou isso um milagre, mandando erguer uma capela.
Em finais do século XIX as nascentes ainda não contavam com nenhumas instalações balneares. Em 1909, na memória descritiva de Bonhsort, é mencionada a existência de uma capela “construída em período já bastante remoto” sobre a invocação de N.ªSª. dos Milagres, os banhos tomavam-se em casas “modestas” onde se albergavam os aquistas (cit. Acciaiuoli 1944, III:115)
Acciaiuoli refere um Relatório de Visita do Funcionário da Inspecção da Águas, em 1923, onde é mencionada a frequência de 800 banhistas, “havendo somente 60 quartos, em 8 prédios [ainda hoje existentes em ruína], acumulando-se assim, dez a doze doentes em quartos para uma ou duas pessoas. Não tem dono e, por isso ninguém paga tratamentos. Cada um vai buscar a água que quer, conduzindo-a para a tina que se acha instalada num dos aposentos do prédio onde se encontram albergados. Em geral, as tinas servem de um para o outro doente, sem desinfecção ou lavagem prévia”. (cit. Acciaiuoli 1944, III: 115).
Em 1935 é dado alvará de concessão à empresa Balnear de Cró Lda., e no ano anterior tinha sido elaborado um ante-projecto para novas captagens. Em 1937 iniciaram-se as obras do novo balneário.
No relatório referente à exploração de águas minerais de 1939 lê-se: “É muito precário o alojamento nesta Estância; a não ser a Pensão de Nossa Senhora dos Milagres (que pertence à empresa concessionária) e uma outra casa que recebe hóspedes, os restantes prédios são velhos, quási a cair; só na pensão existem retretes.” É também noticiada uma actividade paralela bem típica destes anos que antecederam a guerra: “ Algumas pessoas, com o desejo de obter minério, fazem uma exploração no ribeiro, sem terem as respectivas licenças do Governo.” (Acciaiuoli 1941: 138)
Até final da década de 60 as Caldas de Cró mantiveram-se em funcionamento, e na década seguinte foi o abandono total e a consequente ruína dos edifícios. "Depois de 74 aquilo entrou em decadência total, roubaram banheiras, portas e telhas." (Eng. A. Tavares).
Em 2000 a câmara do Sabugal chama a si a exploração termal, encomendando um estudo sobre a viabilidade económica, de saúde, turismo e recuperação urbana das Caldas. Os resultados deste estudo foram apresentados em Julho de 2002, pelo coordenador da equipa Dr. João Almeida Dias (então administrador das Termas da Felgueira), onde se prevê a construção de um novo balneário, a recuperação dos edifícios em ruína para alojamentos e apoio ao turismo, a construção de um parque termal com piscinas e campos de jogos e uma zona residencial e comercial.

Em 2001, as Caldas começaram a funcionar numa fase experimental, com 500 aquistas, situação que se repetiu no ano seguinte e em 2003, aguardando-se actualmente o parecer positivo da Direcção Geral da Saúde ao licenciamento definitivo. "Do IGM temos já a concessão e o perímetro de protecção definidos. Da Direcção Geral de Saúde a licença que havia de laboração caducou. Agora temos que comprovar novamente as qualidades terapêuticas da água, estudos de médicos hidrológicos sobretudo. Em princípio as qualidades físico-químicas da água mantiveram-se, assim como as características bacteriológicas. Mas o ano passado saiu um despacho no sentido de dar continuidade a todos os processos termais iniciados. E as qualidades destas águas já foram provadas há 20 anos atrás." (Eng. A. Tavares).

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Alojamentos

Actualmente não existem no local. No Anuário de 1963, quanto a alojamentos foi referido que “hotéis não há. Há uma casa de hóspedes (Pensão) e a antiga pensão da Empresa, remodelada. Existe uma «Cozinha Económica». Há casas com quartos para alugar, com ou sem mobília”. Nesta obra é ainda referido que há “Divertimentos: Há uma cervejaria com terraço, onde por vezes se dança”.

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953, Baptista 1874-79, Bonhorst 1909,Brandt 1881,Chernovitz 1878, Contreiras1937, Contreiras 1951, Correia 1897, Correia1922, Costa 1819, Cunha 1841, Dias 2002, Félix 1877, Gomes 1934, Henriques 1726, Leal 1875-80, Lopes 1892, Mata 1963, Matos 1728, Melo 1911, Morais 1935, Narciso 1920, Narciso 1947, Perdigão 1845, Santos 1931, Santos 1935, Santos 1937, Silva 1896, Tavares 1810, Vale 1844, Águas minerais do continente e ilha de S. Miguel 1940, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963, Le Portugal Hidrologique e Climatique 1930-42, Termas de Portugal 1947

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Dados gerais

Distrito
Guarda

Concelho
Sabugal

Freguesia
Rapoula do Côa       

Povoação/Lugar
Caldas de Cró 

Localização
Junto da Ribeira do Boi  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (granitóides)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

CM do Sabugal

Telefone
271751040

Fax
271753408

Morada
6320-339 Sabugal

E-mail / site

n.d.

 

 


Na outra margem encontra-se a capela de N. Sr.ª dos Milagres e as ruínas de velhas hospedarias




A fonte pública



Outros aspectos do que resta do grandioso balneário




Pavilhão prefabricado que serve de balneário provisório