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[O Chafariz de S. Mamede no largo da aldeia]

 

Época termal
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Indicações

Afecções respiratórias e reumatismo (Correia, 1922)

“Faz bem aos rins” (informante)

Tratamentos/ caracterização de utentes

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Instalações/ património construído e ambiental

A emergência da água é junto da capela de São Mamede: “A nascente é frente ali ao clube, tem assim umas escadas em que se vai lá abaixo, e ela brota ali. Há quem diga que ela vem de outros sítios e depois vai para ali… não sei, não percebo nada disso.” (informante). Não foi possível visitar o local, cujo acesso se faz por um poço junto da capela, mas tudo leva a crer que seja a mãe de água de uma nascente que se encontra nas colinas localizadas uns 300 m para leste, local onde, provavelmente, se localizava a fonte das Águas Quentes.

A fonte no largo tem duas bicas em bronze em forma de um delfim, incrustadas num pilar trabalhado terminando numa fogaça, que pelo aspecto será obra do inicio do século XX, altura em que terá sido construída esta nova captação da nascente descrita como das Águas Quentes.

 

Natureza

Sulfúreas, hipomineralizadas, 33º (Correia 1922)
Sulfúrea cálcica, cloretada (Contreiras 1951)
Cloretada ( prova ao sabor)

Não tem cheiro sulfúreo, mas é quente, sai tépida tanto de Inverno como de Verão, no Inverno até fuma, nunca é aquela água fresquinha.” (informante).

 

Alvará de concessão

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Historial

As Caldas de S. Mamede são citadas por Francisco da Fonseca Henriques no Aquilégio Medicinal (1726: 18): “Em distância de uma légua das Caldas acima [outras caldas ou Rio Real?], no caminho que vai de S. Mamede para Baraçães, termo da vila de Óbidos, junto da serra, que está no mesmo caminho, há outras Caldas dos mesmos minerais, que as que temos falado, e em tudo semelhantes, menos na cor que destas é mais cerúlea, e é só no que diferem. Entende-se que terão as mesmas virtudes, mas não se tem posto em uso, pela vizinhança das outras, de que a gente se serve.”
Tavares (1810: 137) descreve-as nas “Instruções e cautelas”: Na Serra que fica a L. da aldeia de S. Mamede distante da Vila de Óbidos uma pequena légua para S. de onde é termo, e Comarca de Alenquer, afastada da dita aldeia coisa de dois tiros de bala há uma nascente de água sulfúrea. Corria esta, em outro tempo, na quantidade de mais de uma telha para a estrada que vai de S. Mamede para o Bombarral aldeia vizinha, no sítio que se chamava e ainda hoje se chama Águas Quentes. Entre 1770 e 1780, por efeito de uma grande trovoada, (segundo incerta e vaga tradição) ou por outro motivo, cessou de correr e sair fora da nascente, a qual hoje está reduzida a um pequeno poço existente dentro de um prédio rústico cultivado. Tem esta água todas as propriedades e a mesma natureza da das Caldas da Rainha com pouca diferença de calor. A direcção e rumo, em que ela está em relativamente às Caldas, Gaeiras, Vale de Flores e Rio Real, faz crer com todo o fundamento que todas elas vêm do mesmo abundantíssimo manancial comum. Já se vê que não tem comodidades, nem copia de banhos, e que talvez se conserve esse pouco calor de maneira, que eles se pudessem tomar em tinas: serve porém aos vizinhos para bebida, de podem tirar as vantagens das outras ditas.”
Lopes (1892: 362) localizou S. Mamede a 5 km para sul de Óbidos, encontrando-se a nascente a 600 m da aldeia, “na serra que lhe fica a leste”, conhecida por Fonte das Águas Quentes: “Provêm provavelmente suas águas do mesmo abundantíssimo e profundo manancial que alimenta todas as idênticas e numerosas nascentes sulfúreas dos concelhos de Óbidos e de Caldas da Rainha”. Refere as mesmas intempéries dos anos de 1770 e 1780, que reduziram o seu caudal: “Estas águas, que se apresentam com cheiro sulfídrico e temperatura de 33º, ainda não foram analisadas e são quase unicamente usadas, em bebida, para combater catarros brônquios”.
Desta fonte de Águas Quentes não há memória, nem na toponímia local. A água que aqui brota é evidentemente cloretada, não se notando nenhum sabor sulfúreo, e é muito utilizada pela população e passantes, considerada uma boa água para os rins, sendo mesmo recomendada: “Havia um médico no Bombarral, era o Dr. Botica, não bebia outra água, vinha aqui buscar água e aconselhava os doentes dele a beberem porque fazia bem… e a viúva dela, mora nas Caldas, também cá vem buscar água.”

A captação da água está relacionada com o paço de Martim Afonso de Melo, casa senhorial com possível fundação no século XVI, como nos disse um dos informantes: “Tudo isto foi canalizado para esta quinta, é um palácio, fundado por Martim Afonso de Melo, foi um daqueles descobridores que foi à Índia, na volta apanhou uma tempestade, e prometeu fazer um palácio onde se encontra uma coisa a jeito. Ele morreu aqui, está enterrado ali na frente da capela. Isto tudo indica que foi ele que mandou fazer estas canalizações. Lá dentro da quinta tem uma série de tanques grandes, tudo indica que foi tudo feito na mesma altura. Ele morreu em 1550, portanto terá sido por volta de 1520 ou 30. Este palácio tem uma história grande.

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Alojamentos

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli 1944, Contreiras 1951, Felix 1877, Henriques 1726, Lopes 1892, Tavares 1810, Vale 1845, Zuquete 1944, Livro do 1º Congresso das Actividades do distrito de Leiria 1944

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Dados gerais

Distrito
Leiria

Concelho
Bombarral

Freguesia
S. Mamede       

Povoação/Lugar
S. Mamede 

Localização
São Mamede localiza-se a sul de Óbidos e é atravessada pela EN 8. A nascente localiza-se junto da capela de São Mamede e é canalizada para a fonte no largo da aldeia.   

Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica: Ribeiras de costa       

Zona geológica
Orlas Meso-Cenozóicas

Fundo geológico (factor geo.)
Vale tifónico – diapiro   

Dureza águas subterrâneas
100 a 300 mg/l CaCO3

Concessionária

Uso popular

Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


Pormenor da bica




O poço da nascente ou a mãe de água