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[As termas do Estoril na década de 30 (In Acciaiuoli, 1944)]

 

Época termal
Com abertura prevista para 2007. 

Indicações

“Reumatismo com a percentagem de 31,8%, depois as vias respiratórias com 15,9%,, gastrointestinais com 9,9%, as doenças nervosas e nutrição com 7,9% cada, útero e anexos com 4,7%; doenças da pele 3,9%; várias doenças com 13,3%, e finalmente, 4,7%, foram pessoas saudáveis que fizeram massagens”.(Acciaiuoli,1939).
De remarcar a utilização por “pessoas saudáveis” como uma primeira forma de turismo de saúde.

Tratamentos/ caracterização de utentes

Encontrava-se aberto todo o ano e o seu corpo clínico era constituído por 3 médicos, para uma frequência anual sempre em volta das 150 inscrições entre 1939-46.

Os tratamentos consistiam em Balneoterapia: banhos de imersão; banhos salino; carbogasosos; duches escoceses; duches subaquáticos. Banhos de luz infravermelhos e ultravioletas. Aplicações de diatermia e galvanização e massagens gerais ou parciais.

 

Instalações/ património construído e ambiental

Os primeiros banhos ali existentes remontam ao séc. XVIII, segundo Lopes (1892): “Este balneário existe desde o tempo de el-rei D. José que o frequentou, mas foi restaurado em 1880 pelo actual proprietário Sr. José Viana da Silva Carvalho. Contém 15 tinas em mármore para banhos de imersão, em quartos separados, circundando um pequeno jardim coberto que serve de sala de espera”. Deste balneário chegaram até nós fotografias da fachada de um pavilhão de um piso ao gosto da arquitectura de jardim do séc. XIX. Ainda em finais do séc. XIX ao lado deste edifício seria construído um outro de estilo revivalista onde se destacava a piscina árabe. Com a República, Fausto de Figueiredo inicia todo um processo de valorização turística do Estoril, encomenda em 1913 ao arquitecto francês Martinet, um estudo de urbanização onde estão incluídos os hotéis, campos de golfe e termas. O estabelecimento termal foi edificado no início da década de 30, por traça do arquitecto António Rodrigues, passando a estar anexo ao Hotel Palace e apresentava-se com uma fachada de gosto neo-clássico. Em 1961 este estabelecimento foi demolido. Actualmente (2006) encontra-se em construção o novo edifício das Termas do Estoril no terreno junto do referido hotel.

 

Natureza

Cloretada sódica, hipersalina (IGM).

1819, Jacinto Costa em  Farmacopea Naval e Castrense relata análise feita pelo Drº Domingos Vandelli “ 16 onças desta água contêm: Gás hepático, acido aéreo, Sal fontano ou marino a base alcalina –23 grãos; sal fontano a base terra-6 grãos; terra absorvente ou magnésia - 11grãos; selinite –4 grãos”.

 

Alvará de concessão

1ºalvará de 12 de Abril 1894.
Alvará de Transmissão de 14 de Julho de 1921, a favor da Sociedade Estoril Plage.
Contrato actual 30 de Maio de 1995

Área reservada de 50h. por portaria de 31 de Agosto 1936

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Historial

Henriques, Francisco da Fonseca, Aquilégio Medicinal, 172& -  “ …Junto ao convento dos Religiosos de Santo António, em uma Quinta chamada do Estoril, está um tanque, em cujo fundo nascem três olhos de água, que ao romper da manhã está quase morna, e pelo dia adiante se põem menos fria, que qualquer outra água comum. Corre por minerais de algum enxofre, que sempre se supõem em todas a água, que nasce quente…
São também mencionadas por Tavares, Dr. Francisco, em 1810 “ junto à falda de um monte nasce grande quantidade de água, que antigamente formara um lago, diáfana, muito salobra, e brota das suas origens, que são do lastro por cima, em 84º de calor na escala F. ou 23 na de R.[…] Pelos anos 1787 ou 1788, se construíram, e ainda existem doze banhos com divisões de lajes postas a prumo, que tem por cima pequenas casas de madeira para comodidades dos banhistas. Afora estes doze banhos há um mais bem reparado e com casa mais ampla e decente, aonde tomam banho pessoas de maior distinção e alguma vez ali tomou o Senhor Rei D. José, de saudosa Memória. Na altura correspondente à superfície do tanque cheio há um cano, que recebe a água que, continuamente nascendo, sobrepuja e sai por ele para outro tanque a que chamam o Banho dos Pobres, aonde a água é já fria, e nenhum reparo há….”     
Nos Diários da Câmara Constituinte está registada a 28 de Agosto de 1821 uma proposta do Governo que remete para apreciação dos deputados, da transferência do hospital de S. Lazaro de Lisboa para o sítio do Estoril, onde além de uma excelente água “ para a moléstia vulgarmente dita de lázaros”, tem a vantagem de a nascente se encontra numa propriedade, que pela morte do proprietário “vem a pertencer à Nação”.
De 1835 data um relatório feito pelo Governo Civil de Lisboa sobre os Banhos do Estoril, onde se considerava o balneário mal construído, mas conservado com asseio, quanto aos banhos eram 14 os então existentes. O autor do Relatório, Ribeiro Barral, considerava que eles deveriam ter origem num único tanque de grandes dimensões que foi posteriormente dividido.
As águas do Estoril fazem parte do Catálogo elaborado por Agostinho Lourenço para a Exposition Universelle de Paris de 1867, “Renseignements sul les Eaux Minérales Portugaise”. Sobre as características desta água escreveu este químico:“Sa température est de 28º c. dans les conduits; elle diminue de 1º a 2ºc. dans les baignoires, qui sont trop spacieuses et mal disposées. Un Kilogramme d’eau d’Estoril contient 3,570 gr de principes fixes, ce sont : des Chlorures de sodium, magnésium et calcium ; des sulfates de chaux, des carbonates de chaux et de magnésie et de la silice.      
Lopes (1892) informa-nos que estes banhos foram restaurados em 1880 pelo proprietário José Viana da Silva Carvalho, como referimos atrás.
No Relatório de inspecção Médica de Tenreiro Sarzedas (1902), já estas instalações serviam aos pobres e indigentes, o proprietário tinha construído um outro edifício, que: “ pela beleza da sua arquitectura e cuidados esmerados na instalação bem deve considerar-se um dos mais aprimorados de entre os que possuímos”.
O novo estabelecimento contava com: “Sala de atmosfera húmida, onde também há quatro pulverizadores, uma sala de duches de agulheta e em forma de chuva, para senhoras; uma sala com iguais instalações, para homens, tendo mais um aparelho para duches circulares; uma sala para duches rectais, vaginais, perineais e lombares, com uma banheira de mármore para imersão; uma sala com quatro inaladores e pulverizadores e dois aparelhos para duches nasais e auriculares. A parte central do edifício e ocupada por um espaçosíssima sala em estilo oriental, que constitui a sua edificação mais luxuosa e esmerada, podendo mesmo dizer-se de aparência sumptuosa. Ao centro desta sala está uma enorme piscina de forma circular, contendo água do mar, e destinada a exercício de natação. Em dezoito gabinetes construídos com todo o esmero e mobilados correctamente, estão outras tantas banheiras de mármore, em que se ministram os banhos de água termal, de água do mar e de água comum, conforme a prescrição clínica.” (Sarzedas, 1902,91).
Águas e Termas Portuguesas, publicado pela Sociedade de Propaganda de Portugal, em 1918, repete a notícia de Sarzedas, acrescentando no final: “A água é também utilizada em bebida, mas só na própria estância.”     
Na década de 20, a Sociedade Estoril Plage inicia uma série de obras para promoção turística desta estação balnear marítima e termal, foi então construído o Casino o Hotel Palace, foram urbanizados e definidos os arruamentos e jardins do Estoril, ao lado do referido Hotel, os dois edifícios do estabelecimento termal deram lugar a uma nova estância termal, descrita no Portugal Hydrologique et Climatique (1934-35,IV):  L’établissement thermal actuel, luxueux et confortable, est installé dans un édifice spécialement construit dans le but auquel il est destine. Il se compose d’un sous-sol et de deux étages. Dans sous-sol e tau rez-de-chaussée sont les 40 cabines de bain construites en porcelaine écossaise, les sales de repos, une piscine, la sale de gymnastique et de mécanothérapie, etc. Au pre4mier étage, dans l’aile sud du bâtiment est installe L’Hôtel du Parc.
On administre dans cet establishment thermal des bains d’immersions vulgaires, des bains d’eau minérale e salée, des bains carbo-gazeux e de bulles d’air, des bains avec douche sous aquatique et avec irrigation vaginale, des douches écossaises, refroidies, chaudes, froides, circulaires et en pluie, des inhalations, des pulvérisations et des douches nasales. On y fait aussi des applications de diathermie, de rayons ultraviolets et des courants électriques, les bains de lumière généraux et locaux, les massages, les douches d’air chaud et diverses formes de mácanothérapie »    
Em 1944 Herculano de Carvalho procedeu a uma nova análise destas águas, concluído: “Estoril é a mais mineralizada das águas cloretadas do País, e tem individualidade própria. A sua forte radioactividade é comparável à das águas dos Cucos, mas um pouco mais alta ainda”  
Em 1961 o edifício das Termas do Estoril foi demolido, embora conste ainda no Anuário (1963), mas com informação sumária e sem referência a essa demolição.

No final da década de 80 a Sociedade concessionária destas águas minerais, relança a ideia de reactivar as termas, foram então feitos dois furos artesianos, que encontraram a água a 250m de profundidade com uma temperatura de 34º. Em 2005 a empresa anunciou o início da construção de um novo balneário com uma área de construção de 4500 m2, onde serão fornecidos tratamentos para as quais estas águas são vocacionadas (doenças de pele, reumatismo e respiratórios), mas onde não foi esquecida uma forte componente de Turismo de Saúde o de Bem Estar.

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Alojamentos

O hotel Estoril e posteriormente o hotel Palace foram concebidos como alojamentos de apoio a aquistas e turistas

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953. Almeida 1947, Baptista 1874-79, Barral 1835, Brandt 1881, Calado 1995,C.B 1867, Carvalho 1944, Castro 1762, Castro 1900, Cavaca 1932, Chernovitz 1878, Contreiras 1937, Contreiras 1941, Contreiras 1951, Correia 1922, Correia 1835, Correia 1836, Costa 1819, Félix  1877, Forjaz 1930, Henriques 1726, Larcher 1942, Leal 1875-80, Lepierre 1920, Lepierre 1923, Lepierre 1931, Lopes 1892, Lourenço 1867, Lourenço 1867b, Mangorrinha 2002, Machado 1898, Marques 1930, Melo 1923, Melo 1846, Morais 1947, Narciso 1920, Narciso 1920b, Narciso 1947, Ortigão 1875, Padesca 1935, Pamplona 1935, Rodrigues 1894, Sarmento 1758, Sarzedas 1907, Silva 1908, Tavares 1810, Tedeschi 1845, Tedeschi 1859, Vandelli 1778, V.J.F. 1839, Le Portugal hidrologique e Climatique 1930-42, Águas minerais do continente e Ilha de S. Miguel 1940, Águas e Termas portuguesas 1918, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963, Excursão dos alunos do Instituto de hidrologia de Lisboa às Termas dos Cucos, Caldas da Rainha,Ccúria, Luso, Monte Real e Estoril 1943, Memória sobre a utilidade e uso dos Banhos do Estoril 1939, Termas de Portugal 1947.

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Dados gerais

Distrito
Lisboa

Concelho
Cascais

Freguesia
S. António do Estoril       

Povoação/Lugar
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Localização
Sobre o lado nascente do vale central do Estoril, Entre a Av. De Portugal e a rua do Hotel Palace, nos terrenos anexos a este hotel.  

Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica do Rio Ribeiras de Costa         

Zona geológica
Orlas Meso-Cenozoicas

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas sedimentares, predominantemente carbonatadas – calcários    

Dureza águas subterrâneas
200 a 400 mg/l CaCO3  

Concessionária

Estoril Plage, S.A        

Telefone
214682792/ 214648000

Fax
n.d.

Morada
Rua Arcadas Parque

2765-267 Estoril

E-mail / site

n.d.

 

 


O balneário de 1880
(In Acciaiuoli, 1944)


O pavilhão das termas em finais do séc. XIX
(In Acciaiuoli, 1944)




A piscina dita árabe

(In Acciaiuoli, 1944)




Estaleiro das obras na primavera de 2006