AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O novo edifício do Campo do Santa Marta (Primavera de 2006)]

 

Época termal
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Indicações

Doenças gastrointestinais
Empregam-se as águas de Santa Marta tanto interna como externamente. Internamente tomam-se às refeições, ou nos intervalos, puras ou misturadas com vinho, etc. A dose diária varia, entre os dois decilitros e um litro, ou mais, conforme a doença, o temperamento e a constituição do doente e os efeitos que se deseja obter. (Atestado Médico de Joaquim Alves Crespo, cit. Diniz,1997)

Tratamentos/ caracterização de utentes

 “Na minha prática tenho usado as Águas de santa Marta de dois modelos: 1º Nas doenças do estômago e quando desejo aproveitar a sua acção tónica uso-a em pequenas doses: 100gramas de manhã, 100 entre o almoço e o jantar e nas refeições à vontade do cliente.

Nas outras doenças – doenças dos rins ou da bexiga especialmente – desejando: desejando então obter uma acção derivativa uso-a em doses maciças: 250 gramas de manhã em jejum, 250 gramas entre o almoço e o jantar, 250 gramas à noite e nas refeições à vontade do cliente. “ (Atestado Médico de Arantes de Oliveira, cit. Diniz,1997)   

 

Instalações/ património construído e ambiental

O plano desse grandioso melhoramento abrange casas de banho de águas medicinais de Santa Marta e salgadas, edifício para hotel com todas as comodidades exigidas num estabelecimento desta ordem, enfermarias, etc. “ ( Correio de Mafra 2/4/1899. Cit. Diniz.97)

 

Natureza

Cloretada  sódica, muito nitrada    

 

Alvará de concessão

1898- Alvará de concessão de 20 de Janeiro a favor de António Lopes da Costa 
1919- Transmissão do alvará de 25 de Fevereiro a favor da sociedade Beirão Magalhães & C.ª.
1931- Alvará de concessão de 16 de Maio, a favor de Torcato Pardal Monteiro.
1936- Transmissão do alvará, 26 de Maio, a favor da Sociedade Águas de Santa Marta Lda.
1956- Alvará de concessão de 16 de Maio, a favor da Câmara Municipal de Mafra.

1984- Declaração de abandono, Despacho ministerial 23 de Maio.

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Historial

Lopes da Costa adquiria, em 1895, um terreno situado na área do que em outros tempos se chamava o mato de Santa Marta. Decorrido algum tempo resolveu aprofundar um poço para obter água potável, mas em vez desta apareceu-lhe água fortemente mineralizada, à profundidade de dez metros. “ ( Diniz,1997).
Data de 28 de Janeiro de 1897 a primeira análise desta água feita C.Von Bonhorst, que a classifica como “Águas mesosalinas, cloretadas sódicas, nitro sulfo-carbonatadas” , com grande estabilidade na composição o que permitia o seu engarrafamento. Ao que se segui-o análises para determinação do resíduo seco e análises bacteriológicas efectuadas por Câmara Pestana em Outubro desse ano, ano em que se devem também incluir os atestados médicos citados acima.
Estavam realizados todos os tramitas legais para a confirmação do pedido de concessão de exploração feita pelo proprietário, em finais de 1897. Em 20 de Janeiro de 1898, é publicado o alvará régio de concessão da exploração, a favor de: “António Lopes da Costa, industrial de Lisboa, era um homem do seu tempo. Devia saber como conciliar os interesses pessoais com uma visão de progresso local, admitindo que nesta comunhão harmoniosa que as terras e os homens alcançam a glória e riqueza” (Diniz, 1997)
Este “saber conciliar” deste industrial, está patente no método utilizado para se introduzir no mercado das águas minerais da capital (Farmácias e Drogarias) onde abre um depósito geral na rua do Almada,124. “…começa por fornecer a água gratuitamente, seja que quantidade for, a quem a requisite. Em troca, apenas pede que enviem atestados reconhecidos declarando em que doenças tinham obtido melhoras” (Diniz, 1997). Em 1899 era publicada uma pequena brochura com “23 atestados particulares, além das análises da água” (Diniz, 1997)
No local da nascente, havia já uma construção em forma de capela poligonal (semelhante à ermida de  S. Sebastião) que abrigava a nascente. Esta construção seria reformulada pouco tempo depois, construídos a partir deste corpo central dois corpos laterais com varandins. Era um pavilhão de jardim, o Parque de Santa Marta contava também com campo de ténis e crocquet.
Em 1906 Tenreiro Sarzedas visita a estância como Médico Inspector em missão oficial,  resumindo a situação em que se encontrava a exploração da água mineral: “ A água na estância é apenas aproveitada em bebida, e na pequena exportação que se faz em garrafas e principalmente em garrafões. Também é usada em banhos, mas nos domicílios, mandando os interessados adquiri-la na fonte. Pode dizer-se que a estância de Santa Marta é, por ora, a sede de uma tentativa de exploração
O Médico Inspector reconhecia os bons resultados obtidos em uso interno, mas acrescentava: “No entanto pela sua composição química , pelo privilegiado local em que brota, pelo clima marítimo que ali se exibe,  é convicção minha , que a água de Santa Marta, quando associada em tratamento à água do mar, ao clima marinho, e ao de media altitude, que o lugar fornece, no conjunto devem encontrar um aprazível meio de cura, os linfáticos, os escrofulosos e os portadores de tuberculismo local, quando menos: estando ali, a meu ver, um lugar de eleição para o assentamento de um sanatório, que acolha doentes desta categoria.”  (138).       
Em 1918 seria a vez de C.Lepierre proceder à análise de radioactividade. Nesse mesmo ano a publicação “Águas e Termas Portuguesas” (1918), informa-nos que a exploração passava a ser feita pela empresa Beirão, Magalhães & C.ª, “para o qual o Sr. Lopes da Costa transferiu a concessão”. No ano seguinte a estância contava com assistência clínica prestada pelo Médico Raul Andrade. Mas em 1928 com o falecimento do concessionário as termas encerraram
Em 1931 a concessão é adquirida pelo industrial de mármores Torcato Pardal Monteiro, que procedeu a algumas melhorias no parque e na buvete. Em 1933 a Comissão de Turismo da Ericeira entrou em negociações com o proprietário Pardal Monteiro para a aquisição do Parque de Santa Marta. “Corriam as diligências para a realização de um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos, quando apareceu uma companhia de capitais holandeses que se propunha adquirir a propriedade de Santa Marta, para ai desenvolver um plano de exploração com aparência de grandioso e sugestivo ((Diniz,1997). Mas a empresa embora tenha dado o sinal da compra da propriedade nunca chegou a efectivar a compra.
Em 1936 Torcato Pardal Monteiro forma uma sociedade de exploração das águas de Santa Marta com o Tenente Coronel José Augusto Sá da Costa. Nesse mesmo ano inicia-se a construção de um novo balneário segundo o projecto do Arquitecto Porfírio Pardal Monteiro. Dois anos depois o balneário estava em pleno funcionamento e assim continuou até à estação balnear de 1947, ano em que encerrou definitivamente.
Em 1955 a Câmara Municipal de Mafra adquiriu o Parque e termas de Santa Marta, nesse mesmo ano abriu o parque, e para as nascentes foram projectados novas captações, elaboram-se curiosos projectos arquitectónicos que possibilitavam a descida dos aquistas ao local da nascente, por túneis em suaves rampas, mas nunca chegaram a concretizar-se.
A situação mantinha-se na década de 60, O Anuário (1963) dado-nos a informação que esta água teve novo alvará, publicado no DG nº117, 3ª série, de 16 de Maio de 1956, passado a favor da Câmara Municipal de Mafra, informando-nos que a concessionária esta procedendo a trabalhos de beneficiação da captagem.
Embora o Parque de Santa Marta se mantivesse aberto ao público, com os seu ringue de patinagem, mini-golf, esplanadas e outras ofertas de lazer para os veraneantes, a exploração das suas águas minerais foi sempre adiada e em 1984, um despacho ministerial considerava abandonada.
Em 2001 a Câmara Municipal de Mafra abriu um concurso de Ideias para reabilitação do Parque de Santa Marta, sendo premiado o projecto dos arquitectos Carlos Rui Sousa e Rui Rosa, que previa a construção de um anfiteatro, ginásio, esplanadas, ateliers para artistas, zona comercial e um arranjo da mina de Água.

Em 2005 o balneário desenhado por Pardal Monteiro foi demolido, no ano seguinte iniciou-se a construção do projecto premiado. No que respeita às águas minerais de Santa Marta prevê unicamente a construção de uma gruta ou túnel em declive de acesso à nascente

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Alojamentos

De vários tipos e para todas as bolsas na vila da Ericeira

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Recortes

Público Local – 11/11/05 (Francisco Neves)- Câmara de Mafra destruiu termas de Pardal Monteiro – técnicos do IPPAR defendiam preservação. Obras em parque na Ericeira arrasaram construção de 1936 de uma das figuras do modernismo português.

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953. Calado 1995, Diniz 1997, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963.

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Dados gerais

Distrito
Lisboa

Concelho
Mafra 

Freguesia
Ericeira       

Povoação/Lugar
Campo de Santa Marta 

Localização
Sobre as arribas dentro da própria vila da Ericeira, no Campo de Santa Marta perto da igreja do mesmo nome.  

Província hidromineral
A   / Bacia hidrográfica do Rio:  Ribeiras de costa        

Zona geológica
Orlas meso-Cenozoicas 

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas sedimentares (Calcários)    

Dureza águas subterrâneas
300 a 500 mg/l CaCO3

Concessionária

Câmara Municipal de Mafra

Telefone
261810100

Fax
261810130

Morada
Praça do Município

2644-001 Mafra

E-mail / site

geral@cm-mafra.pt

 

 


A antiga entrada do Campo de Santa Marta

O muro Sul da nova construção


A entrada da gruta da nascente


As arribas na zona de Santa Marta


As termas de Santa Marta na década de 1940 (In Acciaiuoli, 1944)