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[A Fonte - Foto: Cristiana Bastos]

 

Época termal
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Indicações

Patologias do aparelho digestivo

Tratamentos/ caracterização de utentes

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Instalações/ património construído e ambiental

A encosta voltada a Norte pertence ainda à estrutura urbana de Ouguela, uma velha rampa que já foi calcetada, serve à fonte e de acesso aos campos do vale. Toda a zona para trás da fonte é murada em pedra seca, por detrás dos muros pomares e pastos. Na encosta é ainda presente a construção da Escola Primária dos anos 60, uma das salas foi cedida á Misericórdia de Campo Maior para apoio Domiciliário à população idosa desta povoação, com 91 habitantes dos quais são 6 são as crianças em idade escolar. Para trás esta o morro do castelo, recuperado recentemente, e as ruas de Ouguela extramuros, para a frente o horizonte abre-se sobre colinas suaves até terras espanholas, onde se ergue a praça-forte de Albuquerque.        
O fontanário tem uma estrutura do séc. XVII: Arca, tanque, frontão, bancos e degraus, originalmente de cantaria, rebocados no século seguinte, época em que se acrescentou o painel de azulejos, invocando  Nª Senhora da Graça, com a seguinte legenda: "Se Quereis Saúde - Vinde Amim - Fonte da Graça" . Este painel encontra-se em mau estado, "... é culpa dos rapazes que ganharam a mania de fazer pontaria com pedras" (informante).
O Fontanário é caiado anualmente e está bem conservado. A bica da água e o tanque estão na câmara formada pelo arco aberto na fachada, encontram-se num plano abaixo do solo, com acesso por 4 degraus, servindo o terceiro de banco. A fachada termina em frontão triangular, coroado por três simples fogaréus piramidais. Por detrás da fachada a Arca da nascente de construção com pedra à vista com teto triangular. A um plano inferior da calçada o bebedouro de animais para o qual escorre a água em excesso do tanque da fonte. O local da nascente é provavelmente o mesmo onde se encontra a fonte, nada indica a existência de tubagem.   

A outra fonte visitada encontra-se no sopé da colina de Ouguela voltada para Este, junto da EN para Campo Maior, é uma construção simples, com bica em forma de marco, que corre para tanque, bebedouro de animais. A água é de sabor semelhante á da Fonte da Graça só que mais fresca, segundo os informantes, mas esta costuma secar no Verão e fica mais longe da povoação razão porque é menos utilizada, embora seja muito procurada por residentes em Campo Maior.

 

Natureza

Cloretada sódica    

 

Alvará de concessão

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Historial

O testemunho escrito mais antigo que temos conhecimento são as "Constituições Sinodais do Bispado de Elvas", de 1634, no título “Vila de Ouguela” onde é referida esta nascente. Sabemos também que esta água "mata as sanguessugas"  (Poliantea Medicinal, Curvo Semedo, 1697) e aparece ainda mencionada na Corografia Portuguesa ( Costa,1706).
No “Aquilégio” (1726) é denominada de “Fonte Velha” e sua principal característica é descrita do seguinte modo: “… que não cria cousa viva, e que mata todo o bicho vivo, que nela se lança. Usam desta água para matar as sanguessugas que entram no corpo, e para as lombrigas. É tradição nos moradores daquela Vila, de que de Madrid se viera já ali buscar para este efeito…”(191)    
Tavares (1810) descreveu a sua origem como sendo a “trezentos passos na Atalaia de S. Pedro”, donde era conduzida por aqueduto. Quanto à sua natureza considerou-a “… fria e cristalina - não tem cheiro algum estranho – o sabor porem na fonte é azedo, áspero, e custoso de sofrer, o qual perde conservando-se a água em casa em vasos e quartas de barro, de maneira, que se torna capaz do uso comum. Não obstante, poucos ou quase ninguém a bebe receosos dos seus efeitos, porque dizem que faz abalar os dentes e separar-se das gengivas”. Cita depois o poder de matar as sanguessugas e lobrigas razão porque é procurada: “ O uso Médico que hoje desta água se faz sendo conduzida em garrafas para o interior de Espanha, fiando dela o vencimento de moléstias obstinadas, onde convêm tais águas […] debilidades de estômago, vómitos pertinazes dela pendentes, hidropisias, expulsão de lombrigas, sem excepção da ténia ou solitária”. Concluiu que estes atributos eram devidos: “há natureza gasosa carbónica com excesso desta água
Em 1844 é publicada na Gazeta Médica do Porto  “Nota sobre a virtude tonifuga da água mineral de Ouguela”.
Em 1867 estas águas foram analisadas por Agostinho Lourenço, que isolou 0,7849 gramas de resíduo seco num quilo de água, sendo este formado por cloreto de sódio, sulfato de soda, azotatos de soda e de cal, carbonatos de soda e magnesia e sílica (Noticias de algumas águas minerais, 1867).
São mencionadas por Ortigão (1875) que pouco acrescenta à análise de Lourenço (1867).
Para Lopes (1892) a características especial e única desta água é a de conter “azotatos”, repete a notícia da sua exportação para Espanha, sendo a sua utilização terapêutica para: “expelir a ténia e outros vermes, ou combater vómitos rebeldes, algumas gastrites e hidropesias” (325).   
Foi analisada por Herculano de Carvalho em 1926. Contreiras em 1937 no seu Guia Hidrológico, classifica como: “Cloretada nitrada”, útil em gastrites, artropatias e reumatismo.    

As suas qualidades terapêuticas foram completamente esquecidas, mesmo pelos poucos moradores de Ouguela, que a preferem à água da rede municipal por ser leve, utilizam-na para beber e cozinhar, “ a da rede só usamos para limpezas”.

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Alojamentos

Em Campo Maior residenciais e pensões

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli 1944, Assunção 1845, Calado 1995, Carvalho 1926, Castro 1745, Costa 1706, Contreiras 1937, Felix 1877, Henriques 1726, Lopes 1892, Lourenço 1867, Ortigão 1875, Semedo 1697, Tavares 1810, Notas sobre a virtude taenifuga  da água mineral de Ouguela 1844, Le Portugal Hydrologique et Climatique 1930-42.

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Dados gerais

Distrito
Portalegre

Concelho
Campo Maior

Freguesia
S.João Baptista       

Povoação/Lugar
Ouguela 

Localização
A meia encosta, do lado Norte da colina onde se ergue a povoação e Castelo de Ouguela, voltada para o vale da Ribª de Abrilongo.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio: Guadiana      

Zona geológica
Maciço Hespérico- Zona Centro Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Zona rica em sulfuretos polimetálicos (cobre, chumbo, zinco, arsénio, antimónio, prata e ouro)   

Dureza águas subterrâneas
300 a 400 mg/l de CaCO3

Concessionária

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Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


O painel de azulejos que serve de alvo à pontaria dos rapazes de Ouguela (foto Cristiania Bastos)