Tipo de exploração:
Sem uso
Natureza da água:
Nitratada
Indicações:
Aparelho digestivo
[A torre que foi símbolo da Água da Bela Vista no parque do Supermercado]
Época termal
---
Aparelho digestivo e rins (Contreiras 1951)
Doenças da nutrição, estados de debilidade orgânica, perturbações dispépticas gastrointestinais (Almeida 1947)
Tratamentos/ caracterização de utentes
Ingestão de água e lavagens.
Almeida (1947) relata seis casos de aplicações populares desta água, com resultados positivos: 1.º Um homem de 64 anos que curou um eczema nas pernas com pachos de água morna; 2.º Uma mulher de 57 anos, com hipertensão e insónias, o que lhe passou depois da ingestão desta água; 3.º Uma criança de 7 anos débil e sem apetite, que se curou por ingestão; 4.º Um homem de 49 anos, diabético, passado um ano de ingestão continuada desta água os índice de glicosúrias baixo até ao normal; 5.º Um homem de 22 anos com más digestões, que deixou de ter sintomas depois da ingestão de água; 6.º Rapaz de 12 anos, sofrendo há nove meses de uma hemoptise, ao fim de 3 meses melhorou.
Instalações/ património construído e ambiental
A água emerge do fundo de um poço de 10 m, com certa força ascensional, em terreno saibroso avermelhado, assente em argilas, margas e calcários do Pliocénio (Almeida 1947).
A antiga Quinta da Bela Vista foi, nos finais da década de 1970 e durante a década seguinte, objecto de urbanização por grandes blocos de prédios para habitação social, onde se alojaram as camadas mais desfavorecidas, representadas pelas minorias étnicas cigana e cabo-verdiana, tornando-se um dos bairros problemáticos da cidade de Setúbal.
A zona de captação das águas e seu engarrafamento está actualmente ocupada por uma superfície comercial de uma cadeia de supermercados (Lidl). Restam a norte do armazém comercial, o antigo poço com os bancos de cimento de cores variadas ao gosto da década de 1950 e a protecção circular sobre o poço, tudo em mau estado de conservação. No lado sul encontra-se, num ponto mais elevado, o que foi o antigo mirante da quinta, que serviu de símbolo aos rótulos das garrafas, este em bom estado de conservação e fechado ao público por uma alta rede. Do outro lado da rua que desce para o centro da cidade há um grande depósito camarário de água, com possível captação de água no local.
Natureza
Hipossalinas, oligossalinas ou fracamente mineralizadas – nitratadas (Almeida 1947)
1944 – Alvará de exploração, publicado no DG, n.º 202, 3ª série, de 30/8/1944, a favor de Maria Teresa e Maria Fernanda Passos Couto e João Passos Ferreira Couto
No relatório de Acciaiuoli de 1947, esta nascente é mencionada no capítulo “Águas de Mesa”, e a sua comercialização, em garrafões de cinco litros, tinha sido de 3250 litros em 1944, 36.000 litros em 1945 e 163.670 litros em 1946.
Almeida (1947) dá como data de abertura do poço o ano de 1920. Os moradores no local utilizavam esta água nos seus usos domésticos, começando a notar que a permanência na quinta era “de sobremaneira reconstituinte, facto que se verificou quando em 1938 para ali foi fazer a sua convalescença certa pessoa debilitada por um mal tenaz”.
Em 1950 foi analisada por Herculano de Carvalho. Os resultados desta análise constavam do rótulo da garrafa, assim como o nome do distribuidor desta água, Artur Paiva Lda., com escritório em Lisboa na Rua D. Domingos Jardo, n.º 17, de onde se deduz que a venda desta água ultrapassava o âmbito da região de Setúbal.
O engarrafamento deve ter terminado em finais da década de 60, ou princípio da década seguinte, segundo informação da funcionária do turismo de Setúbal: “Era das melhores águas minerais do país. Deixou de se engarrafar aí há trinta e tal anos ou mesmo quarenta.”
A situação desta nascente faz lembrar a de uma outra, na cidade de Braga, onde uma cadeia de supermercados construiu o seu espaço comercial sobre uma nascente de aproveitamento tradicional, a Fonte de Fraião. A fonte foi reconstruída e a água da nascente canalizada para o novo local, obra a que se viu obrigada por imposição da junta de freguesia local, mas que resultou numa operação de “charme” para a cadeia comercial. Desconhecemos se a água da Bela Vista foi ou não afectada pela urbanização que se fez no local mas, a confirmar-se o seu estado de pureza, bem podia esta cadeia de supermercados seguir o exemplo da sua congénere de Braga.
De todos os tipos na cidade de Setúbal e arredores.
---
Acciaiuoli 1947, Almeida 1947, Contreiras 1937, Contreiras 1951
Freguesia
São Sebastião
Povoação/Lugar
Setúbal
Localização
No Bairro da Bela Vista, na zona leste da cidade, em colina sobre o Sado.
Província hidromineral
A / Bacia hidrográfica do Rio Sado
Zona geológica
Bacia Terciária do Sado
Fundo geológico (factor geo.)
Rochas sedimentares, predominante calcários.
Dureza águas subterrâneas
100 a 300 mg/l de CaCO3
Concessionária
Actualmente sem uso
Telefone
n.d.
Fax
n.d.
Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais