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Fonte Santa


[A Fonte barroca de Bravães]

 

Época termal
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Indicações

Doenças de pele.
Foi relatada a cura de úlcera de estômago, por ingestão desta água: “Para qualquer coisa na pele é o melhor que há. Mas esteve aqui um Senhor do Porto ou de Braga, não me recordo, que curou uma ulcera a beber desta água, fez uma radiografia e tinha de ser operado, então começou a beber a água da Fonte Santa e passou, fez outra radiografia e já não tinha nada…Ele mostrou as radiografias…( informante).

Nenhum dos informantes considerou que a água tivesse mais poderes curativos na noite de S. João, mas sim um maior caudal:  Mas na noite de S. João ela tem mais força, chega até ao rio. Agora ela um pouco mais a baixo da fonte, desaparece na terra…Na Noite de S. João à meia-noite deita com mais força, chega ao Rio. Mas que seja melhor nunca ouvi falar …ela tem sempre o mesmo cheiro. (informante).

Tratamentos/ caracterização de utentes

A água é levada em garrafões para lavagens no domicílio.

Os utilizadores são sobretudo do concelho, aqui moradores ou daqui oriundos e residentes nas cidades. Arco de Valdevez tem uma água semelhante, não muito longe desta mas na outra margem do rio Lima.

 

Instalações/ património construído e ambiental

Recentemente foi aberto um corredor nas terras que soterravam a velha fonte, com as inundações periódicas do Lima. Este corredor dos seus 3m de largo, na direcção do rio, foi aberto com retro-escavadora, sendo os trabalhos de consolidação das paredes laterais feitos só por calcetamento destas terras de aluvião, o que não impedirá em futuras cheias de uma nova soterração da Fonte Santa.     
É uma fonte monumental em cantaria, obra de meados do séc. XVIII, de frontão rectangular, onde se abre um nicho em concha, actualmente sem imagem. Por baixo deste nicho a água jorra com bom caudal de uma carranca, de forma humana, para uma bacia larga. Por detrás da fonte, velhas estruturas de muros, são talvez indicativas do local exacto da emergência desta água sulfúrea.

O local é a futura praia fluvial de Bravães, por agora um improvisado parque de estacionamento e um “barraco” que serve de bar aos banhistas.

 

Natureza

Hipossalina, sulfúrea sódica, hipotermal  (Almeida, 1988).

Sulfúrea sódica (Calado, 1995)    

 

Alvará de concessão

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Historial

(Na literatura hidrológica esta nascente e a Fonte das Virtudes do Padreiro são tratadas na maioria dos casos em conjunto. A fonte das Virtudes localiza-se a cerca de 200 m para jusante da Fonte Santa de Bravães, mas na outra margem e portanto já concelho de Arcos de Valdevez).
No Aquilégio (1726) fala-se de lavagens rituais de S. João, mas a denominação dada á nascente é de Fonte das Virtudes, localizada: Na freguesia de Santa Maria de Távora, termo da vila de Arcos de Valdevez, há uma fonte a que chamam das Virtudes, porque lavando-se nas manhãs de S. João Baptista muitas pessoas achacadas, melhoram de suas queixas; e por isto é grande concurso de gente de várias partes no dia do Santo a banhar-se nela. Consta da Corografia Portuguesa…” .
O Dr. Mirandela, não visitou a nascente, as suas referências tirou-as da Corografia Portuguesa (1706), mas o Padre Costa depois de mencionar os banhos da manhã de S. João, acrescenta: “ outra mais abaixo junto do Rio Lima, a que chamam Caldas, frequentada na mesma manhã, cheira mal lavando nelas as mãos, & dali a pouco cheiram suavemente.”
Também  Frei Cristovão dos Reis, (1779), refere um local de lavagem, ao enumerar a sua listagem de Fontes Medicinais: “fonte Santa na Freguesia de Brabães, a meia légua de Vila da Barca; Fonte das Virtudes, freguesia de S. Salvador de Padreiro, Arcos de Valdevez, nasce num penhasco, e tem uma pia tosca no qual se tomam banhos, e, na parte mais baixa, há um buraco para os doentes se lavarem “(cit.Acc.44/II.85).
Tavares (1810, 55) escreveu sobre estas nascentes: “…nas margens esquerda e direita do Rio Lima nascem duas pequenas fontes de água mineral sulfúrea fria em tudo semelhantes. A primeira no sitio chamado a Fonte Santa na mesma margem do rio que a inunda com as suas enchentes; a outra no monte fronteiro e eminente saindo do meio de uma pequena fraga. Esta água é clara e muito diáfana, fria, com gosto e cheiro próprio das águas sulfúreas, e depõe por onde corre sedimento de cor alvacenta desmaiada, em consistência mucosa ou de geleia pouco espessa, da qualidade própria das águas termais sulfúreas. Ainda que não são frequentadas, talvez pela pouca abundância das nascentes e faltas de comodidades, podem com tudo ser de proveito para a vizinhança assim aquecidas para banho, como para uso interno. “     
São mencionadas no Topografia médica do Distrito de Viana, em 1841, como sendo nascentes de águas férreas, de Brabães em Barca e a das Virtudes na Freguesia de Padreiro em Arcos de Valdevez. (cit.Acc.44/II,134).
Lopes (1892, 327), trata das duas nascentes no parágrafo referente a Padreiro: “ perto da Reboreda da Freguesia de Rio de Moinhos, dista 6km da Vila da Barca, 7 de Arcos …. Este aprazível sitio, do qual se goza um vasto e deslumbrante panorama, tem um clima ameno … No monte de Reboreda, e na parte onde começa a sua descida para o rio Lima e ainda na margem direita deste brotam de um terreno granítico várias nascentes de água minero-medicinal, com um caudal superior a 3.800 litros em cada 24 horas. Os numerosos pontos naturais de emergência foram há pouco num só reunidos pelos trabalhos feitos pela empresa recentemente organizada para a sua exploração. Conhecidas pelos nomes de Padreiro, Reboreda ou Bravães, são todas frias, à excepção da que com pequeno caudal emerge de uma rocha granítica, junto à foz do Vez, a 4Km de Arcos, a qual tem 26º de temperatura.
Um tanque rectangular de cantaria, parecendo datar do começo do actual século, e servindo ainda para nele se banharem os doentes pobres, é o único vestígio do antigo aproveitamento destas águas. Hoje apenas há no local das nascentes uma capela e princípios de um modesto estabelecimento balnear há poucos anos erigidos por iniciativa particular … Os 600 doentes, portugueses e espanhóis, que por ano vão usar destas águas, têm que habitar Padreiro ou algumas povoações vizinhas, e ir todos os dias de carruagem ao lugar das águas, ou faze-las transportar para as suas residências. Em garrafas são elas exportadas em larga escala para diferentes pontos do Norte do país, onde chegam e se conservam longo tempo sem alteração…”          
 Acciaiuoli (1942, 224) Depois de citar Lopes menciona o relatório de Análise de Silva (1885): “são aplicadas e muito preconizadas no tratamento das doenças de pele, no reumatismo sub-agudo e crónico e internamente nos catarros gástricos e especialmente nos intestinais e ainda nos das vias respiratórias, na faringite granulosa e no artritismo”   . Terminando com uma informação recolhida no local: “… agora sai de um furo aberto, quando em tempos foram dados uns tiros na rocha onde brotava a água, para aumentar o caudal, tendo porém este diminuído […]  a água sai em cântaros onde é aplicada em banhos e gargarejos numa casa, na estrada, a 3 km da fonte, onde há quartos para alugar

Almeida (1988) esclarece as dúvidas entre as nascentes de Bravães e Padreiro: “ … as duas estão separadas pelo rio Lima […] as duas nascentes ficam situadas vis-á-vis” uma em cada margem do rio, portanto, muito próximas em linha recta”.

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Alojamentos

Residenciais e pensões em Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.

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Recortes

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Bibliografia

Acciaiuoli 1942, Acciaiuoli 1944, Acciaiuoli 1947, Almeida 1988, Andrade 1894, Bastos 1934, Brandt 1881, Brito 1945, Carvalho 1841, Chernovitz 1878,
Contreiras 1951, Correia 1922, Costa1706, Costa 1819, Félix 1877, Henriques 1726, Leal 1875-80, Lemos 1934, Lopes 1892, Narciso 1920, Narciso 1920b,

Pais 1887, Reis 1779, Roquete 1888, Silva 1885, Silva 1839, Tavares 1810, Le Portugal Hydrologique et climatique 1930-42.

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Dados gerais

Distrito
Viana do Castelo

Concelho
Ponte da Barca 

Freguesia
Bravães         

Povoação/Lugar
Fonte Santa  

Localização
Na EN- 203, Sentido P. Barca –Bravães, cerca de 200m antes da igreja de Bravães, toma-se EM á direita em direcção ao Rio Lima, passa-se o campo de futebol (direita), a EM deixa de ser alcatroada e desce  suavemente para as margens do rio, um parque de estacionamento em volta de um “barraco” que serve de  bar á praia fluvial, a fonte está 50m para montante deste local, a cerca de 20m do leito do rio.

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Lima      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas Magmáticas (ácidas e intermediárias), granitoides e afins     

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l Ca CO3

Concessionária

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Telefone
n.d.

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 


Pormenor da bica