AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O novo balneário]

 

Época termal
1 de Julho a 30 de Setembro

Indicações

Doenças de pele; doenças reumáticas e músculo-esqueléticas; vias respiratórias e doenças do aparelho digestivo (folheto de divulgação).

Tratamentos/ caracterização de utentes

Directora clínica: Dr.ª Manuela Machado. Duas técnicas de balneoterapia e pessoal administrativo.
Técnicas: Banho de imersão simples, com hidromassagem simples e computorizada, duche de vichy; duche circular, duche subaquático, duche de agulheta, Bertholet – vapor à coluna, inalação nasal.
Os aquistas são sobretudo pessoas da região (concelhos vizinhos) que aqui se deslocam diariamente: “Aqui as pessoas passam sempre pela consulta médica e depois são orientadas em relação aos tratamentos. Em termos de idades a faixa etária é maior entre os 55 e 65, em termos de patologia aqui há muitas doenças de pele, mas será mais ou menos 60% para as doenças reumáticas e 40% para as de pele. A presença de doenças de pele é superior à maioria das outras termas, porque a água é indicada para esse fim. Também temos os tratamentos ORL mas é menos marcante.” (directora clínica)
Quando questionada sobre uma prevalência de frequentadores do sexo feminino, a directora clínica afirmou que “ao princípio era muito grande a diferença entre aquistas femininos e masculinos, mas essa diferença tem se vindo a esbater-se, estará quase em percentagens iguais. Nós temos muitos casais que em conjunto fazem tratamentos, eles começaram a ver os resultados nas mulheres e começaram a fazer tratamentos.”
Frequência (IGM):

2002 – 328; 2001- 301; 2000-333; 1999 – 327; 1998 -315; 1997 -355; 1996 -308.

 

Instalações/ património construído e ambiental

O actual balneário é uma construção que aproveita o declive do terreno para o rio. No piso inferior, concluído em 1986, estão instaladas as diferentes cabines dos vários tratamentos. Sobre este foi construído um outro piso em 2000, onde se instalou a recepção, sala de espera e gabinetes médicos.

As nascentes e captagens de água são as mesmas que Almeida descreveu em 1970 (abaixo enumeradas). Actualmente só se utiliza a Nascente Grande: “As nascentes são aqui, esta vem de uma galeria de uns 6 m, mais ou menos da minha altura. A água lá dentro da galeria é preta amarelada, quando está em excesso e sai cá para fora é que oxida e forma essa nata branca. Esta é a única emergência que está a ser aproveitada. As outras nascentes são a da Vinha. Uma terceira nascente tem um caudal mais pequeno e uma mineralização do mesmo tipo mas em menor quantidade. Os técnicos que vieram de Lisboa acharam que bastava explorar esta nascente.” (proprietária).

 

Natureza

Subgrupo das sulfúreas sódicas, fluoretada, mesotermal. Alcalino-sódicas (Almeida e Almeida 1970)

Sulfúrea sódica, bicarbonatada e fluoretada , 29º, pH 8,2

 

Alvará de concessão

1942 – Alvará de concessão, publicado no DG, n.º 190, 3ª Série, de 18 Agosto, a favor de Manuel José Guerra dos Santos Melo.

1981 – Alvará de transmissão de 20 de Março, passado a favor João Augusto Alves Elias

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Historial

No “Aquilégio” são denominadas de Caldas de Favaios: “São de água sulfúrea, e tépida, em que os moradores tomam banhos, sem conselho médico, para qualquer achaques que padecem. Entendemos que esta água por tépida sulfúrea, será boa para curar estupores, e paralisias espúrios, sarnas, impigens, proidos, e mais achaques cutâneos; e para as intemperanças quentes das entranhas, e do útero, para convulsões, diarreias de causa quente, e para acidentes uterinos, que procedam de calor.”
Tavares (1810) denomina-as de Caldas de Carlão, mas remarcou que também eram conhecidas pelos toponímicos de Caldas Porraes, Murça ou Favaios : “Na margem O. do ribeiro Tinhela, […] no fundo de uma fragosa eminência, debaixo para cima nasce água transparente, cristalina ao grau de calor de 92 a 94 de F. ou 21 ½ a 22 ½ de R, com sabor, e cheiro próprio das águas mineralizadas pelo gás hidrogénio sulfurado, deixando na boca sensação de leve adstrição decidida, que atesta assim como os reagentes, presença de porção ferruginosa, talvez em estado de sulfato de ferro. Deposita no seu trânsito sedimento branco, que seco facilmente se inflama, e espalha fumo sufocante sulfúreo. Não há o sítio de banhos próprios e estes ou se tomam em tinas ou em poços cobertos com cabanas de ramada.
Lopes (1892) pouco acrescenta ao enunciado por Tavares, considerando-as “possivelmente sulfúreas férreas”, e refere que os banhos continuavam a fazer-se transportando a água para casas particulares ou nos já referidos poços cobertos.
Acciaiuoli (1944, IV: 100) informa-nos da vistoria de 1932, que encontrou as Caldas em “exploração ilegal e em lastimoso estado higiénico, sendo a maior parte dos banhos que nela se ministram, tomados em comum, em pseudo-piscinas (antigos lagares). Além dos banhos em piscinas também se dão alguns em banheiras, geralmente de madeira ou zinco”.
Três das quatro nascentes foram analisadas em 1938 por Pereira Salgado, que concluiu tratar-se de uma água hipossalina, sulfídricas sódica, carbonatada alcalina, levemente cloretada e radioactiva pelo rádon.
Com o pedido de concessão foi elaborado o Relatório de Reconhecimento, a cargo do engenheiro Fonseca (1939) que, depois da descrição geológica da zona das nascentes, comentou sobre as instalações: “As condições higiénicas são deficientíssimas, tornando-se perigosa, a bem da saúde pública, a continuação da exploração destas termas com um balneário nas condições em que se encontra o actual”.
Em 1942 foi concedido o alvará de exploração e impostas as obras de remodelação do estabelecimento.
Mas a situação pouco se alterou, e no “Anuário” (1963) as Caldas continuavam com uma exploração precária: “Embora pagando os seus impostos ao Estado o concessionário não tem a nascente em exploração”.
Quando da visita de Almeida e Almeida (1970), provavelmente em 1967, os acessos eram ainda difíceis e as caldas eram “um conjunto de casas, algumas em ruínas, espalhadas pela encosta que desce até ao Tinhela” . Os autores descrevem quatro nascentes. Três são de água sulfúrea: a Nascente Grande, dentro de uma mina com 6 m de profundidade; a Nascente do Rio debaixo de um amieiro a pouco metros da margem do rio, ficando submersa no Inverno; a Nascente da Vinha, que rompe do granito num local do Tapado do Chalé. A quarta é a Nascente dos Olhos, perto da Nascente da Vinha, que “fica represa numa pedra de modo a que os doentes ali possam chapinhar os olhos. Nasce fria e não exala cheiro sulfúreo”.
Todas estas águas tinham utilizações diferentes. Para dermatoses e reumatismo utilizava-se a água da Nascente Grande ou do Amieiro. Caso a utilização fosse para doenças reumáticas a água era aquecida. A da Nascente dos Olhos utilizava-se em problemas oftalmológicos, e a Nascente da Vinha para uso interno em doenças do aparelho digestivo. Mas as condições dos tratamentos, eram, segundo Almeida e Almeida, “mais que precárias” e “ sem quaisquer instruções clínicas ou preceitos de higiene”. “Uma empresa constituída tenta actualmente, a sua exploração legal”, afirmam ainda os autores.
No final da década de 1970 toda a propriedade foi adquirida pelo casal Alves Elias. Os seus interesses não eram ao início a exploração de águas minerais, como nos explicou a esposa: “Eu costumava vir para aqui, gostava de ver esta água a correr para o rio. A certa altura vi um anúncio no jornal a dizer que estava à venda. Comprei só por causa do olival, é uma terra de bom azeite, só queria isto por causa das oliveiras. E, olhe, depois saiu-me estas coisas todas, começámos a interessar-nos pelas nascentes, a fazer os balneários e pronto, veio este azeite muito especial, procurava azeite, veio a água.”
Segundo esta senhora, o que se passou entre a data da primeira concessão e a data da sua aquisição pode-se resumir do seguinte modo: “O que acontecia era que como a água não tinha alvará era de toda a gente que tinha a sua parcela de terreno aqui. Em 30 e tal houve um senhor desta zona que foi registar a água em seu nome, e ao ter a concessão teve direito a expropriar tudo em volta. O que aconteceu é que houve gente que preferiu demolir as suas casas e não receber as indemnizações, prefiram destruir tudo para não deixar nada ao homem. Esse tal senhor que teve o alvará acabou por ficar sem nada e sem meios para fazer alguma coisa. A única coisa que resta do antigo balneário é as paredes em pedra do actual balneário.”

Outra curiosidade, que provoca certa confusão ao viajante, é a mudança de nomes dados a esta estância, não só no passado mas sobretudo actualmente. Nas indicações de estrada a denominação é Caldas de Santa Maria Madalena, no IP 4 na saída de Murça está indicado “Caldas de Tinhela”, mas todos em os registos oficiais ao nível da administração central são as Caldas de Carlão. Esta confusão foi explicada pela proprietária das Caldas do seguinte modo: “Mas voltando à Santa Madalena, houve um presidente da Câmara de Murça, um dos irmãos Ferreira Torres, irmão do outro de Marco de Canavezes. Bom, isto foi depois do 25 de Abril, naquelas trapalhadas quem era presidente era dono de tudo, ou pelo menos parecia ou pensava. Nessa altura o tal presidente pensava que isto não tinha dono, se calhar não tinha mas havia um concessionário. E então resolveu pôr mãos à obra, fez uma construção onde agora tenho o café e mudou as placas de estrada para Santa Maria Madalena, por causa da velha rivalidade de isto estar em território de Murça e ter o nome de uma povoação de Alijó. Os presidentes seguintes não quiseram alterar o que o primeiro fez, e não vão alterar enquanto eu não me chatear. Isto são as Caldas de Carlão. Mas é uma tremenda confusão quando as pessoas chegam ali à procura das Caldas de Carlão e vêem uma placa com Caldas de Santa Maria Madalena… Isto é uma rivalidade entre concelhos, aqui juntam três concelhos, não acredito que venha a haver um presidente que consiga acabar com isto. Quando as placas eram de cimento as pessoas que vinham aqui de Alijó, arrancavam-nas e atiravam-nas ao rio, agora já não, estas muito grandes, são mais difíceis de arrancar.”

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Alojamentos

Os proprietários estão a construir uma estalagem de 10 quartos no local que deverá estar finalizada em 2005.

Outros alojamentos só em Alijó, a 18 km, ou Murça, a 20 km.

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Recortes

JN - 18/6/00 (Fernando Seixas) Termas de Portugal – Beleza da montanha envolve Caldas de Carlão – No limite dos concelhos de Alijó e de Murça, a estância balnear é pródiga em águas “milagrosas” e em ambiente repousante ( Destaque: Estalagem com vista para o rio)

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Bibliografia

Acciaiuoli: 1941; 1942; 1944; 1947; 1948; 1949-50; 1953. Almeida 1970, Baptista 1874-79, Brandt 1881, Calado 1995, Castro 1762, Chernovitz 1878, Contreiras 1942, Correia 1923, Correia 1943, Costa 1909, Costa 1942, Costa 1819, Félix 1877, Fonseca1934, Henriques 1726, Henry1858, Lopes 1892, Monteiro 1889, Narciso 1920ª, Narciso 1920b, Narciso 1924, Narciso 1933, Narciso 1948, Leal 1875-80, Salgado 1938, Tavares 1810, Vale 1845, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1930-42

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Dados gerais

Distrito
Vila Real

Concelho
Murça

Freguesia
Candedo       

Povoação/Lugar
Caldas 

Localização
Nas margem esquerda do Rio Tinhela, a 1 km da confluência com o rio Tua.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro      

Zona geológica
Maciço Hespérico, nos limites da Zona Centro-Ibérica com a subzona da Galiza Média / Trás-os-Montes

Fundo geológico (factor geo.)
No limite das rochas magmáticas ácidas (granitóides) com as rochas metamórficas (xistos)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

Caldas do Carlão - Alves Elias

Telefone
259549147 (balneário) 259959323 (sede)

Fax
n.d.

Morada
Sede: Rua Torcato Luís Magalhães – 5070 Alijó; balneário: Caldas de Carlão – Candedo 5090 Murça

E-mail / site

caldasdecarlao@
caldasdecarlao.com


www.caldascarlao.com

 

 

 


O duche circular
(foto Leonor Areal)



A sala de espera do balneário
(foto Cristiana Bastos)



O balneário




O rio Tinhela