AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[A Buvete das Caldas de Chaves]

 

Época termal
1 de Maio a 31 de Dezembro. Está planeada uma abertura anual, com um encerramento de 15 dias em Janeiro.

Indicações

Doenças reumáticas e musculo esqueléticas; Doenças do aparelho digestivo e das vias respiratórias (Folheto 2005).

Numa entrevista dada pelo Dr. Mário Carneiro ao Jornal “Ecos de Chaves” em 31 de Outubro de 1948 e publicada posteriormente (Alencar 1949), este médico, à data director clínico das Caldas, dizia sobre as indicações destas águas: “ No reumatismo, é escusado dizer que se continuam a registar verdadeiras curas, como desde há séculos. No tratamento de doentes do fígado, que só há poucos anos se tem ensaiado em grande número de doentes, foi de molde a passarmos a considerá-lo como tendo nas nossas águas uma das suas principais indicações, o que não quer dizer que se possa esquecer a sua indicação no tratamento de certas doenças do estômago e até dos intestinos.


Tratamentos/ caracterização de utentes

Director Clínico Dr. António Vicente
“Temos um corpo clínico de 4 médicos, 3 enfermeiros e 3 fisioterapeutas. Quanto a técnicos, neste momento temos à volta de 70 auxiliares, tanto técnicos de balneoterapia, como de fisioterapia e de técnicas variáveis, fora os administrativos, limpezas, seguranças e manutenção (Miguel Louro, Relações Públicas)
Tratamentos: Ingestão de água
Balneoterapia: Banhos de imersão, de hidromassagem, duche subaquático; piscina com hidromassagem; duche Vichy; duche de jacto, duche circular.
Técnicas de vapor: Vapor à coluna, vapor aos membros, banho turco, sauna
Tratamentos de ELECTROTERAPIA e MECANOTERAPIA
Tratamentos ORL: Nebulização, pulverização, irrigações nasais, inalações, aerossóis.
“Os tratamentos às vias respiratórias começamos a fazer há dois anos, por agora fazemos só inalações. Mas os frequentadores destes tratamentos são sobretudo jovens, o que deu uma descida forte na média etária dos nossos frequentadores. Vêm por recomendação médica para tratamentos de renites, sinusites e asmas. A moda de encharcar as crianças de remédios para essas doenças está felizmente a passar, cada vez mais é procurado um tratamento natural como é a água, sem efeitos secundários.
Aquela ideia das termas serem só para os velhos começa a desaparecer, cada vez há mais casais novos que vêm a tratamentos de bem-estar, na faixa entre os 20 e 30 anos. Aliás, adoptámos um quase provérbio do Dr. Mário [Carneiro]: “Vem enquanto és novo, para não vires quando fores velho”.
Programas de “Bem-Estar Termal” de 2, 3, 5 e 7 dias: “Para os programas de Bem Estar nós optamos por aconselhar os utentes, no caso de não querem fazer a consulta médica, de pelo menos fazer um check-up médico, apesar de não pagarem a inscrição e de não pagarem a consulta. Pensamos que é uma mais-valia para as pessoas e para nós, no fundo ao fazerem esse exame rápido de 5 minutos podem fazer os tratamentos com mais segurança tanto para as pessoas como para nós. Apesar da “ já não obrigar, o director clínico pede sempre para as pessoas fazerem esse rastreio (Miguel Louro)
Tem uma média de 6000 aquistas ano.

“Temos muitos aquistas flavienses, talvez não cheguem a metade das inscrições, mas anda mais ou menos ela por ela. Foi deliberado em reunião camarária que os aquistas residentes na região de Chaves tivessem 50% de desconto no período que vai de 29 de Junho até ao fim da primeira quinzena de Julho, porque é uma altura em as pessoas têm tendência a fazer férias no litoral, e onde é baixa a ocupação do balneário. Mas a região que concorre com mais números de aquistas é o Porto, embora tenham muitas termas na região à escolha, e representam um valor entre 2000 a 2500 dos nossos aquistas.” (Miguel Louro).

 

Instalações/ património construído e ambiental

Na já referida entrevista do Dr. Mário Carneiro ao Jornal “Ecos de Chaves” em 31/10/1948 (Alencar 1949), o clínico referiu uma “cidade nova” que iria surgir tendo as Caldas de Chaves como epicentro: “A cidade nova não ficará independente da cidade velha, que guardará o seu pitoresco, certamente com novos melhoramentos, restaurados os seus monumentos seculares e, uma vez resolvidos os seus problemas de da água, saneamento e electricidade, Chaves, estância termal, possivelmente aberta todo o ano, passará então, a ocupar um lugar de vanguarda entre as restantes estâncias crenoterápicas do País, com projecção internacional.”
Chaves é actualmente (2005) objecto de uma renovação urbanística, incluída no programa Polis, incluindo a zona termal do Jardim de Tabolado. A cidade renova-se recuperando o seu velho encanto, e a zona termal e as margens do Tâmega desde da velha ponte romana às termas será em breve uma agradável zona de lazer. A cidade nova cresceu na margem do Tâmega para jusante das Caldas.

No Campo do Tabolado, a buvete construída em 1952 continuará a ser um belo exemplar de uma arquitectura e de engenharia arrojadas. Os poços envidraçados fumegando vapores, a nascente do povo, renovadas em 1992, continuarão a fazer parte do percurso de visita de flavienses e turistas. O balneário, de arquitectura exterior mais pobre, conservará as suas fachadas, mas a parte construída em 1972, quando da nossa visita (2005), era objecto de obras de renovação total: “Na parte exterior não vamos mexer, é uma construção de 1972, a renovação vai ser interior. No fundo vamos fazer outro balneário, o antigo balneário não se vai reconhecer em nada, vamos ter novos programas de bem-estar termal, com novas máquinas, de tecnologia mais avançada, basicamente é isso. Já havia duas piscinas nesta zona do balneário, agora vamos renová-las, são piscinas com uma capacidade para cinco pessoas, sobretudo para exercícios acompanhados por um fisioterapeuta. Pretendemos humanizar mais a relação entre o utente e o fisioterapeuta, num relação mais próxima, mais individual.” (Miguel Louro)

 

Natureza

Carbonata sódica, hipertermal (76º) (cit. Acciaiuoli 1952, I: 172-3)
Grupo das bicarbonatadas sódicas, fluoretadas, litinadas, ricas em gás carbónico, pH ácido na nascente. Hipertermal. Alcalino sódica. (Almeida e Almeida 1970)
Águas bicarbonatadas sódicas, hipermineralizadas, gaso-carbónicas e hipertermais (73º C) (Folheto 2005).    

 

Alvará de concessão

1899 - Alvará de concessão: 4 de Outubro de 1899
1945 – Aprovação da nomeação de director clínico, publicada no DG nº223, 2ª Série, de 22 de Setembro de 1922
1950 – Concessão passada a favor da empresa Termas de Portugal, Lda., com sede em Lisboa, Rua Martens Ferrão, 5
1950 – Nomeação de Director Clínico do Dr. J. Afonso Guimarães, e seu adjunto Dr. Mário Gonçalves Carneiro
1994 - Contrato actual, de 28 de Julho
2003 - Perímetro de protecção. Portaria de nº 285, de 1/4

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Historial

“Eram sumptuosos os banhos de Aquae Flaviae, dizem os escritores que sobre estas termas escreveram [...] Há divergências quanto à localização destas termas [...] no Convento da Conceição ou no local onde hoje estão as nascentes” (Acciaiuoli 1944, II: 31)
Os testemunhos arqueológicos da região flaviense e do município romano Aquae Flaviae, são variados, no que respeita a actividade termal e à sua fundação no final do séc. I. Sobre o Império de Flávio Vespesiano, guarda-se no Museu da Região Flaviense um cipo, ex-voto aos deuses Lares.
Sobre estas Caldas escreveram o Dr. António Pires da Silva na sua “Corografia Medicinal” (1696), o padre Carvalho da Costa na sua “Corografia do Reino” (1706) e evidentemente, o Dr. Mirandela no seu “Aquilégio Medicinal” (1726). Os três descreveram a demolição das Caldas, durante a Guerra da Restauração, por razões de estratégia militar, por ordem do governador militar de Chaves Conde de Mesquitela.
O Dr. Mirandela (1726) dedica várias páginas a estas Caldas, fazendo numa narrativa de quem tinha um conhecimento directo, e não pela redacção a partir da correspondência com médicos e cirurgiões de todo o reino, em que se baseia grande parte das suas descrições de nascentes. Começa com um elogio rasgado às águas: “Estas são as melhores Caldas, que há neste Reino para os achaques frios dos nervos, de juntas [reumatismo e artritismo], e mais partes do corpo, a que se devam aplicar banhos de Caldas”. Quanto à localização das nascentes, junto das muralhas de Chaves, no Campo do Tabulado, é assim chamado por “ser lugar em que fazem os seus festejos de cavalo, e os exercícios militares; e ali abrindo uma cova, com a mão que seja, em qualquer parte deste território, sai em muita cópia água calidissima, que tirada das Caldas, se conserva quente nas quartas todo um dia”.
Quanto à mineralogia, o Dr. Mirandela considera ser marcante o “enxofre, e caparrosa [sulfato de ferro] em grande abundância, bastante salitre, e alguma pedra de hume [sulfato de alumínio]”. Curiosamente nenhuns destes elementos entram na composição desta água marcadamente bicarbonatada cálcica e gasocarbónica, onde a sílica marca presença.
O autor descreve depois a demolição dos banhos na Guerra da Restauração, lastimando a perca deste “benefício”, recorrendo os próprios habitantes de Chaves às caldas galegas de Ledeima. Mas o mais curioso na descrição destas caldas no Aquilégio é o relato de várias curas, a primeira de “de uma mulher nobre, já quadragenária” que sofria de “uma paralisia universal, de forte lesa, que só a língua movia, e falava. Entrou a tomar banhos de tina; e no terceiro se restituiu o movimento de maneira que andou pela casa, e continuando com eles, sarou perfeitamente”. A outra cura relatada foi a da mulher de Luís Vaia Monteiro, “hoje Governador do Rio de Janeiro”, que sofria de uns achaques “de que se temia uma esterilidade”, e que depois dos banhos “curou dos achaques que padecia, e pouco depois da cura se fez fecunda”.
Se estas nobres tomavam banhos em tinas, “os que por pobreza não podem tomar banhos em tinas, fazem uma cova em que caibam no mesmo lugar das Caldas, e ali se enterram para não morrerem; porque assim se curam”. Mais pobres que estes que abriam covas, havia aqueles que nem essa possibilidade tinham, como foi o caso da cura do mendigo “hidrópico” recolhido em casa de Duarte Teixeira Chaves, que mandou chamar médicos “que o curassem”: “Proibiram-lhe eles água: mas o pobre apertado de sede, lá se arrastava como podia, e foi bebendo daquela água que usavam os porcos, cujas viandas se fazem com água de Caldas; em breve tempo estava são o hidrópico, sem saberem os médicos a que atribuir a melhoria, até que o doente confessou o delito, que foi todo o seu remédio.
Segue-se o relato da cura de um filho de gálicos (sifilíticos), que “sendo toda a sua vida valetudinario, e morboso, o que se atribuía a ser filho de país gálicados”, fez um tratamento que consistiu em tomar antes do banho um xarope de “salsa parrilha, como se costuma fazer nos suores de estufas, e tendo depois regimento da mesma salsa”. Depois do tratamento ficou com “muito boa saúde, remediado de todos os mais danos, que se imputavam ao mal gálico”. A última das curas relatadas é de uma menina de seis meses, que se curou com dezoito banhos da “ debilidade, ou laxação de uma perna, que não podia mover”.
Voltando à história das Caldas de Chaves, devemos agora mencionar o Contador de Argote (1732). O padre D. Jerónimo, Contador de Argote, que Ricardo Jorge definiu como um “contador de petas” (Gerez Termal, 1888), no seu repertório de antiguidades de Braga “Antiquitatibus Conventus Bracaraugustini”, fez a transcrição de várias inscrições romanas de Chaves e relatou que nas obras feitas à sua época na fortaleza, onde foram encontradas canalizações dos tempos romanos.
Ainda no século XVIII as Caldas de Chaves aparecem mencionadas no “Mapa de Portugal Antigo e Moderno” (1762), de Bautista de Castro e na obra de Frei Cristovão dos Reis, “Métodos botânicos…” (1779), que referem também notícia do desaparecimento dos banhos ao tempo da Guerra da Restauração e da sua fundação romana.
Em 1807 houve um primeiro projecto de construção de um balneário, não tendo passado da construção da protecção de uma nascente mandada edificar pelo príncipe regente D. João (futuro rei João VI), de que se conserva a lápide, perto da actual buvete, com o seguinte dizer: “MILIT. XENODOCH.UTILIT. O.PUBLIC. JOAN.PRINC:REG:O:P:P:= A N MDCCCVII.”
Sobre este projecto não concretizado escreveu o Dr. Francisco Tavares (1810): “A tempo, em que se apoderou deste Reino, no ano de 1807 o tirânico Governo Francês, havia já plantas levantadas e risco para a construção de um Edifício acomodado para bom uso de tão úteis águas únicas da sua ordem em Portugal” . Para este médico, os exames feitos “pelos reagentes e por evaporação” excluíam esta água da “ordem das sulfúreas”, e caracterizava-as com “salinas alcalinas gasosas”, tendo como mineralização o carbonato de soda, “algum muriato de soda, e o gaz, que se julga carbónico”.
Em 1863 o Dr. Agostinho Lourenço procedeu a uma primeira análise destas águas, realizada na Escola Politécnica de Lisboa. Quatro anos mais tarde, nos “Estudos Preliminares sobre as principais águas do reino” (1867), que serviu de base ao catálogo para a Exposição Universal de Paris desse ano, “Renseignements sur les Eaux Minérales Portugaises” (1867), Agostinho Lourenço classificava-as, como “alcalines chaudes”, com uma composição química semelhante à das águas vizinhas de Vilarelho da Raia e Vidago, mas com uma temperatura mais elevada, de 50 a 56º, com 1,7645 g de resíduo fixo por quilograma.
Em 1892 Alfredo Luís Lopes relatou o projecto de construção de um outro balneário: “Consta-me que ultimamente por iniciativa do visconde de Alentem, do Porto, se projecta a construção de um grande estabelecimento hidroterápico, em que convenientemente se explorem as especiais águas da municipalidade de Chaves. É para desejar que tão louvável projecto se realize e que, no futuro balneário, se instalem os banhos de vapor mineral, a que estas termas tanto se prestam e que poderiam, perfeitamente, rivalizar com as de Baden-Baden”. Os banhos davam-se então em pensões ou casas particulares para onde a água mineral era transportada sem perder o calor: “É tão elevada a termalidade das águas que para quase todas as casas de Chaves elas são transportadas, a fim de ainda quentes se aproveitarem em usos medicinais e caseiros” (p. 198).
Em 1899 a Câmara Municipal de Chaves viu-lhe concedido o alvará de exploração, e nesse mesmo ano encarregou o eng.º Terra Viana de elaborar um projecto para uma edificação balnear.
 Os “Relatórios de Inspecção Médica” de 1902 e 1906, publicados respectivamente em 1903 e 1907, do médico inspector Terreiro Sarzedas, têm o mesmo texto, mencionando o projecto de balneário da Câmara. As instalações existentes, resumiam-se a “três poços muito aproximados, construídos de granito, um coberto e os outros dois apenas defendidos por gradeamento de ferro, mas só para defesa do perigo individual, fornecem, a quem para qualquer fim a queira utilizar, a sua preciosa água hipertermal com os seus 68º C de temperatura nas camadas superficiais das nascentes e em contacto com a atmosfera ambiente” (1907: 180).
Segundo a “Crónica da Vila Velha de Chaves”, em 1912, a primeira câmara republicana de Chaves adjudicou as Caldas ao capitalista flaviense Cândido Sotto Maior, com o compromisso de este construir um balneário, mas a I Grande Guerra e as consequentes dificuldades de transferência de dinheiros do Brasil para Portugal, onde este capitalista tinha a sua fortuna, vieram a alterar os seus projectos empresariais, desistindo da adjudicação em 1919. Em 1920 o coronel Aníbal Coelho Montalvão planifica um novo projecto, que a sua morte em 1923 viria a anular (Machado 1994: 309).
Em 1934 a câmara municipal mandou construir um buvete. Sobre essa captação escreveu o eng.º Joyce Diniz (1940) no relato da sua Vistoria: “A captagem não oferece garantia hidrológica nem higiénica e sobre ela mandou construir a Câmara daquele Concelho uma buvete, que não foi autorizada pela direcção Geral, a água é levada para várias pensões vizinhas, nem só modestas mas mesmo sórdidas, onde são dados banhos. A água termal anda perdida entre as areias, nas margens do Tâmega, rebentando à superfície, em diferentes pontos. No vasto areal da margem do rio e junto à Buvete, têm lugar periodicamente grandes feiras de gado de que resulta, forçosamente, a impregnação das areias pelas urinas de milhares de cabeças de gado vacum, suíno, caprino, etc. E é através dessas areias que corre a água medicinal, para chegar à buvete, aonde é distribuída ao público gratuitamente, por uma empregada vestida de bata branca, paga pela Câmara Municipal, consequentemente com chancela oficial.”
Na “Hidrologia Portuguesa” (1946: 221) o engenheiro Acciaiouli relata também o estado deficiente da exploração, que ainda não contava com balneário. No entanto, no ano anterior tinha sido nomeado um director clínico, que tivera de “vencer grande resistência para a inscrição dos doentes, desde sempre habituados a fazer o tratamento como queriam. Somente a empregada da Buvete, dava as suas indicações sobre a quantidade de água a beber.” Termina o seu artigo sobre estas caldas repetindo a afirmação dos relatórios anteriores: “Aguarda-se a resolução do governo sobre as medidas a tomar a fim de terminar esta irregular situação”.
O director clínico mencionado no relatório de Acciaiouli era Mário Gonçalves Carneiro, que em 1945 tinha apresentando “As Caldas de Chaves” como tese de doutoramento profissional à Universidade de Coimbra, sendo a aprovação da nomeação publicada no Diário do Governo de 22 de Setembro de 1945.
No Campo do Tabulado nada tinha mudado e a buvete tão criticada na vistoria de 1940 lá continuava junto do tanque protegido construído em 1807. Era uma construção semi-circular aberta em colunas para o exterior, ao gosto da primeira arquitectura do Estado Novo, a denunciar já a pretendida monumentalidade do viria a ser a arquitectura da Exposição do Mundo Português.
O local foi descrito por Mário Gonçalves Carneiro: “Apenas existia uma Buvete com colunas ao gosto romano, de água não captada, e junto algumas Pensões e Hospedarias, uma delas a Pensão Jaime construída mesmo junto das nascentes, todas rodeadas de terrenos onde eram lançados os estrumes de lojas de animais e feitas várias plantações hortícolas […] Numa enorme extensão de terreno plano, chamado Tabolado, realizava-se semanalmente a feira do gado e no ribeiro Rivelas lavava-se roupa doméstica e num poço de água quente ao lado da Buvete depenavam-se galinhas. Na cidade havia o chamado Grande Hotel (com vinte e três quartos de dormir e sete quartos de banho), e várias Pensões”. (Carneiro 1999: 44)
Era este o cenário do Campo do Tabolado, quando o director clínico instalou numa pequena dependência existente junto das nascentes, que servia na residência do Guarda, um posto de informações, onde “uma empregada passou a fazer em livro apropriado o registo de inscrições dos doentes e colocado um armário envidraçado para guardar os copos graduados em utilização”. (ibidem)
O médico instalara o seu gabinete de consultas na sua residência na Rua Direita, onde recebia os inscritos na buvete, prescrevendo o tratamento a seguir, onde constava o método de ingestão de água e de banhos a dieta a fazer, a entregar pelo aquista no Grande Hotel ou nas pensões que possuíam “quartos de banho” ou que tinham prática balnear com tinas portáteis, onde “o tratamento balnear só poderia ser feito mediante a sua apresentação”.
Em 1948, o direito de exploração das águas minerais foi vendido à empresa Termas de Portugal Lda., “por cento e vinte contos” (ibidem). Esta empresa tinha sede em Lisboa, na Rua Martens Ferrão, 5, ou seja, o endereço de serviço do palácio do banqueiro Sotto Mayor, e por contrato comprometia-se a executar as captagens e à construção de um balneário e de uma buvete.
Na já mencionada (Alencar 1949) entrevista dada pelo Dr. Mário Carneiro aos “Ecos de Chaves” em Outubro de 1948, o entrevistador, ao inquirir sobre os novos concessionários, obteve a seguinte resposta: “A concessão das Caldas de Chaves foi, efectivamente, passada para o Dr. Cândido Sotto Mayor e constituída uma sociedade de que também fazem parte o Engenheiro João Carmona e o Comandante Correia Matoso, com o fim da sua conveniente exploração. Como vê está em boas mãos.
- Podemos, então esperar grandes melhoramentos?
- Sim, num futuro próximo vão as Caldas de Chaves ser convenientemente captadas e construído um balneário e um hotel, as obras deverão começar em breve e cuja localização não se deve afastar muito do Tabolado, o que juntamente com a abertura das avenidas da nova ponte sobre o Tâmega, virá modificar completamente o local, transformando-o no fulcro da cidade nova”. Um pouco mais à frente o entrevistador pergunta-lhe qual será o seu papel nessa nova empresa, e a resposta de Mário Carneiro foi evasiva: “Continuarei nesta campanha em que me meti, de tornar mais conhecidas as águas das Caldas de Chaves e impulsionar o seu desenvolvimento. Se o conseguir ficarei satisfeito.”
Em 1949 foi nomeado director clínico das termas o Dr. J. Afonso Guimarães, tendo como médico adjunto o Dr. Mário Gonçalves Carneiro.
Ainda nesse ano de 1949, iniciaram-se por conta do Estado as obras de desvio do ribeiro de Rivelas e foi demolida a buvete para proceder aos trabalhos de captagem, e no ano seguinte abria o edifício provisório dos balneários
Em 1952 entrava em funcionamento a nova buvete, de forma circular, com cobertura esférica assente em colunas, numa arquitectura arrojada e voluntariamente contrastante com a arquitectura tradicional da cidade, prometendo ser o marco da “nova cidade” que então começava a crescer em volta da nova ponte sobre o Tâmega. Esta buvete é assim descrita no Anuário de 1963: ”Pelas suas proporções e traça arquitectónica deve ser considerado como um dos mais belos das estâncias crenoterápicas portuguesas” (“Anuário” 1963: 396).
O director clínico Dr. J. Afonso Guimarães considerava como grande impulsionador destas obras o engenheiro Barbosa Carmona, membro da sociedade exploradora das Caldas, falecido em 1958. Num artigo público numa separata da Revista “O Médico”, num capítulo dedicado a história das Caldas, comentava: “Com efeito, foi graças ao seu perseverante esforço ou à sua intervenção que a Empresa Termas de Portugal, por si só ou com a colaboração dos poderes públicos, conseguiu as realizações que largamente contribuíram para a valorização actual da Estância, dando-lhe a possibilidade de cumprir, embora ainda com limitações, os fins terapêuticos que definem o seu interesse e a sua missão.” (Guimarães 1968: 3). E enumera a seguir essas obras: “a) a captagem da água medicinal efectuada sob a direcção do eng.º Freire de Andrade; b) a construção do balneário provido de 14 cabines de banho […]; c) a construção do Fontenário, excelente trabalho de engenharia […] d) o início do repovoamento florestal dos terrenos privativos da Estância; e) os novos estudos analíticos da água medicinal.
Esses novos estudos analíticos foram executados por Herculano de Carvalho em 1954, por requisição da sociedade Termas de Portugal.
No “Anuário” (1963) é descrito o balneário: “Compõe-se essencialmente dum grande átrio de recepção, no centro do qual existe uma câmara envidraçada em comunicação com o exterior pelo cimo, que circunda um pequeno lago. O átrio dá acesso aos gabinetes reservados aos exames clínicos (2) e a duas alas paralelas, uma reservada para mulheres e outra para homens, separadas por um pátio interior onde estão colocados os tanques de arrefecimento da água termal. Nestas alas estão instalados os quartos de banho: 4 de primeira classe, 8 de segunda classe e 2 de terceira classe. Os banhos de segunda classe possuem quartos de vestir duplos, alguns dos quais providos de uma marquesa para descanso dos doentes mais debilitados. Em ligação directa com o Balneário há ainda uma ampla sala, acrescentada em 1958, com capacidade para 40 cadeiras de cura, destinadas ao repouso dos aquistas após o banho.
Em 1962 a concessão das termas volta para a Câmara Municipal de Chaves. “Por influência do Engenheiro de Inspecção de Águas, Albino Vicente a Concessão voltou de novo à Câmara Municipal, a qual com a ajuda do Estado, readquiriu as Termas […] por cerca de mil e duzentos contos e providenciou para a construção do grande Balneário.” (Carneiro 1999: 47)
Foi com esta nova concessão que se começou a idealizar um novo balneário, só concretizado em 1972, mas de que conhecemos duas proposta, uma do médico adjunto Dr. Mário Gonçalves Carneiro e a outra do director clínico Prof. Afonso Guimarães.
As Caldas de Chaves no Passado, no Presente e no Futuro”, de Mário Carneiro, publicado em 1964, tem no final um capítulo dedicado ao “Novo Balneário”. O autor começa por propor que conjuntamente com balneário fosse construído um hotel “com ligação fácil” ao balneário, “uma vez que a lei não permite a existência de um hotel-balneário”. Descreve depois os vários serviços e gabinetes para os vários tratamentos, com pormenores que os técnicos deveriam tomar em conta, por exemplo as banheiras deveriam dispor de um sistema automático de esvaziamento da água, outro que mantivesse a temperatura constante ao longo do banho, não esquecendo os varões para facilitar a entrada e saída do banho, assim como as ampulhetas ou relógios, e campainha de alarme. Na parte final considera que esse projecto deveria planear dois tratamentos futuros:
 “1º) – A instalação de um «tanque-piscina» individual. Na «piscina terapêutica» (como a que existe no Hospital de S. João no Porto) o doente pode fazer exercícios activos debaixo de água, boiando sobre uma maca apropriada”. A sua preferência pelo tanque-piscina em vez da piscina terapêutica prendia-se com razões económicas, mas também, porque a piscina “afastaria dela certos doentes com o complexo de pudor aumentado pela exteriorização das sua mazelas e deformidades”.
2º) – Aplicação de lamas (vegeto-minerais)”, relembrando que antes da mudança do percurso do ribeiro Rivelas, apareciam no seu leito uns limbos verdes que eram popularmente utilizados para curar feridas. “Esses doentes não faziam mais do que experimentar um tratamento, idêntico àquele que com tanta procura e sucesso terapêutico vi aplicar na França, em Vichy, e na Itália, em Monte Cantini.” Propõe que o tanque para maceração dos lodos ficasse no exterior, escavado no antigo leito do ribeiro e aproveitando “as pequenas nascentes subsidiárias que não foram apanhadas pela actual captagem”, e coberto por uma tampa de vidro “como em Vichy”.
O balneário deveria ainda ter uma zona de repouso em cada sector, especialmente dedicada “aos doentes indigentes”. Deveria ainda ser estudado o processo de arrefecimento da água, a central a vapor para desinfecção das banheiras, e uma lavandaria com estufa de desinfecção.
Anexo a este texto estão reproduzidos quatro desenhos esquemáticos, o primeiro representa a localização do balneário, hotel, buvete e tanque de lamas no Campo do Tabolado. Os outros três desenhos são proposta da divisão do espaço interior com pormenores dos vários cabines de banho, onde não falta a sala de repouso para indigentes.
Afonso Guimarães publicou as suas “Bases Gerais Orientadoras do Projecto do Novo Balneário da Estância Termal de Caldas de Chaves”, em 1965, formando um capítulo de um pequeno livro com o título: “Caldas de Chaves”. Segundo esta esquemática proposta, o novo balneário deveria ter as seguintes zonas: Zona de Recepção, Zona Seca, abrangendo o Sector de Diagnóstico e o Sector de Fisioterapia; Zona Húmida, destinada à prática das modalidades da crenoterapia externa e à peloidoterpia; e
Zona de Abastecimentos.
Descreve depois cada uma destas zonas com mais pormenores, mas sem a visualização espacial que a narrativa de Mário Carneiro nos deu.
O hidrologista Amaro de Almeida visitou as Caldas de Chaves em 1968, no ano anterior o número de aquista tinha sido de 1250 (Almeida e Almeida 1970: 78). A sua descrição do balneário a é semelhante à do “Anuário” (1963), mas termina do seguinte modo: “Há o projecto de um novo balneário delineado pelo Prof. Afonso Guimarães, cuja execução está em vista.”
O mais curioso na sua narrativa é o que classifica com “nascentes bastardas”, nascentes não concessionadas que rebentavam em vários pontos da cidade: a de Água Férrea, a meia distância entre a Buvete e a ponte sobre Rivelas, na margem deste ribeiro; a das Poldras do Tâmega, um pouco a jusante destas; a da Pensão Rito, no seu quintal da Rua das Longras; as da Rua do Tabolado, duas nascentes, uma na Pensão das Caldas, e outra no quintal do Dr. João Baptista de Morais; a do Grande Hotel de Chaves, captada num poço “à temperatura de 45º, com um manancial praticamente inesgotável”.
Em 1973 foi inaugurado o novo balneário, embora já tivesse trabalhado em fase experimental no ano anterior, quando o Dr. Mário Gonçalves Carneiro se encontrava à frente das Caldas.
Pelo relatório deste médico referente à época termal de 1985 (Carneiro 1986) sabemos que o número de aquistas nesse ano foi de 4404, com “ o máximo de frequência entre os 45 e 64 anos de idade (o que prova que para as termas não vêm só as pessoas da terceira idade) sendo mais 488 do que no ano anterior e mais 3922 do que há quarenta anos ( a primeira época em que passou a haver inscrição de doentes e a sua observação clínica antes dos tratamentos termais)”.
O director clínico, que nesse ano comemorava 40 anos de trabalho dedicado às Caldas, dá-nos outras informações sobre obras no Jardim do Tabolado. Em 1982 tinha-se procedido a uma perfuração da rocha aquífera e o parque termal estava em recuperação. A iniciativa privada também contribuía para o progresso das Caldas, com a construção e renovação das unidades hoteleiras. O Hotel Aquae Flaviae encontrava-se em construção e quando concluído ficaria ligado ao balneário. Carneiro termina citando as necessidades mais urgentes: “O saneamento básico da zona termal. O estado actual do rio Tâmega junto das nascentes termais acarreta prejuízos no aspecto ecológicos na influência negativa que pode ter sobre a pureza e o caudal da água das Calda [...]
Também é necessário ampliar o balneário e o caudal da água termal para o mesmo, dada a insuficiência já notada no período de maior afluência, prevendo o seu aumento futuro com a abertura durante todo o ano (desde que concluído o Hotel).
Salvar a Veiga de Chaves, indispensável à colheita de géneros para a alimentação dos habitantes da cidade e daqueles que de outras terras vêm para tratamento ou férias.”
Algumas destas obras seriam efectivadas em 1992: a ampliação do balneário, o saneamento básico na zona termal, assim como a renovação da canalização de captação e distribuição da água mineral, e a ligação subterrânea directa do hotel ao balneário. No final da década de 1990, o aquecimento do hotel e balneário utilizava a energia geotérmica do aquífero. Quanto à poluição do Tâmega e à ocupação urbana da Veiga de Chaves, o problema mantinha-se, e agudizava-se mesmo no caso da Veiga.
O Dr. Mário Gonçalves Carneiro continuou como Director Clínico das Caldas de Chaves até 1 de Janeiro de 2004, aposentou-se depois de 58 anos de vida profissional dedicada à valorização das Caldas de Chaves, da cidade e do seu envolvimento à Veiga. “A cidade nova” que tinha sonhado a crescer com o desenvolvimento termal é real, a cidade velha é actualmente objecto de uma recuperação urbana e patrimonial com o projecto Polis, a poluição do Tâmega será em breve uma má recordação. Só a Veiga, essa imensa planície agrícola, parece ameaçada por desenvolvimento urbano que não leva em conta a natureza agrícola dessas terras.
“O Dr. Carneiro está muito bem de saúde, ele foi director clínico das caldas durante muitos anos, penso que foi dos directores clínicos mais antigo a nível de termas nacionais, mas o Dr. Mário está bem de saúde, está com 86 anos, actualmente o nosso director clínico é o Dr. António Vicente.” (Miguel Louro)

Em 2005 iniciaram-se as obras de renovação urbana do projecto Polis, das margens do Tâmega, onde se inclui as Caldas, e no estaleiro de obras em 2005 encontrava-se o seguinte placar com o título: “Renovação urbanística – Área Termal 1ª Fase, Jardim do Tabolado”. No interior do balneário também era tempo de obras, a zona construída em 1972 encontrava-se em remodelação profunda, as Caldas de Chaves adaptavam-se a uma nova clientela que procura os locais termais para programas de “bem estar”: “O que as pessoas agora procuram não é a cura termal mas mais o «bem-estar termal», e para isso precisamos de ter novas cabines, nova aparelhagem. Uma das alas terá sete duches de Vichy, actualmente há uma quase Vichyomania. Temos também mais hidromassagens com máquinas mais recentes, mas tudo isto num ambiente requintado, o que nos vai colocar entre os melhores a nível nacional.” (Miguel Louro)

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Alojamentos

Hotéis, residências e pensões, além do aluguer de quartos em casas particulares. Junto às termas e com ligação ao balneário há o Hotel Aquae Flaviae, de 4 estrelas. 

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Recortes

JN – 12/5/04 (Margarida Luzio) – Caldas de Chaves são oásis à beira Tâmega, Complexo possui as águas mais quentes da Península Ibérica, dai a grande procura. Destaque: Uma distinção para a melhor unidade termal

JN- 8/5/99 (Elisabeth Oliveira) – Termas de Chaves são das mais procuradas – O número de aquistas que frequenta as suas instalações tem vindo a aumentar de ano para ano. Em 98 foram mais de seis mil. ( Na parte inferior da folha publicidade da CM às Caldas)

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Bibliografia

Abreu 1722, Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953,.Alencar 1949,  Almeida 1912-14, Almeida 1975, Argote 1738, Azevedo 1867, Azevedo 1897, Barbosa 1859, Brandt 1881, Brito 1945,Cardoso 1652, Carneiro: 1945, 1964, 1967, 1980, 1986, 1993, 1997, Carvalho 1920, Carvalho 1907, Carvalho 1929, Contreiras 1941, Contreiras 1942, Correia 1923, Correia 1943, Costa 1909, Costa 1706, Costa 1942,Costa 1819,Costa 1942, Félix 1877, Guedes 1864, Guimarães 1965, Guimarães 1968, Henriques 1726, Jordão 1859, Leal 1875-80, Lemos 1889, Lima 1734, Lima 1943, Lima 1892, Lopes 1892, Lourenço 1865,  Lourenço 1867, Lourenço 1892, Machado 1994, Maia 1913, Mendes 1845, Mendonça 1758, Monteiro 1889, Morais 1943, Moreira 1864, Mourão 1787, Narciso: 1920; 1923; 1947. Neiva 1946-47, Ortigão 1875, Pacheco 1898, Pereira 1941, Pereira 1943, Reis 1779, Santiago 1762, Sarmento 1758, Sarzedas 1907, Silva 1696, SJ 1892 , Taboada 1945,Tavares 1810, Vasconcelos 1917, Vasconcelos 1929, Velho 1843, Aguas minerais de Vidago, Vilarelho da Raia e Chaves, In Escoliaste Médico 1865,Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963 ,-Chaves, Inscrições Romanas, colecção Manuscritos da BN, séc. XIX,- Portugal Hydrologique e Climatique, 1930-42.

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Dados gerais

Distrito
Vila Real

Concelho
Chaves

Freguesia
Stª Maria Maior       

Povoação/Lugar
Chaves 

Localização
Dentro da cidade, no Jardim do Tabulado, na margem direita do Tâmega.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro      

Zona geológica
Maciço Hespérico - Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas ácidas intrusivas (granitóides)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l CaCO3

Concessionária

CM de Chaves

Telefone
(Termas) 276-332445/6/7 

Fax
n.d.

Morada
Largo das Caldas

E-mail / site

caldasdechaves@mail.telepac.pt www.caldasdechaves.com.pt

 

 


Inscrição de D.João VI (1807)




O muro da renovação dos anos 30




Os poços das nascentes




Interior balneário





O balneário e a ponte romana sobre o ribeiro




Monumento ao Dr. Mário Carneiro




Geral,  ao fundo o
Hotel Aquae Flaviae



A fonte pública