Tipo de exploração:
Água para ingestão
Natureza da água:
Bicarbonatada com gás carbónico
Indicações:
Aparelho digestivo
[A fonte em primeiro plano, por trás a velha casa do banho]
Época termal
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Dispepsias, congestões hepáticas, litíases, catarros das mucosas (Correia, 1922). Aparelho digestivo, pele e rins (Contreiras 1951).
Tratamentos/ caracterização de utentes
Ingestão, aproveitamento regional, embora a concessão passada à Câmara Municipal de Chaves tenha sido objecto de um contrato de exploração com as Águas de Carvalhelhos.
Em tempos foi também utilizada para banhos, como testemunha a pequena casa para banhos existente no local.
Instalações/ património construído e ambiental
“Brota esta nascente de água mineral, do fundo de uma escavação praticada em rocha de terreno vulcânico a 1,06 m abaixo da superfície do solo, onde se acha construída uma fonte, à qual concorrem muitos enfermos todos os anos” (Lopes 1892).
O terreiro da nascente encontra-se a um nível inferior ao chão, descendo-se por cinco degraus, e é de forma rectangular (13x8 m) e murado em granito. A nascente encontra-se na metade posterior deste terreiro, a nível ainda mais baixo, para o qual descem três degraus, formando um pátio quadrado (4x4m) ladeado por bancos de pedra corridos, ao centro encontra-se a “capelinha” de protecção de emergência da água, esta dá-se na rocha a 1m de profundidade, sobre a portinhola encontra-se esculpido na pedra um desgastado escudo de armas de Portugal. A água que ascendia desta fractura da rocha escorria para o exterior por um tubo de ferro, caindo numa bacia semicircular, correndo daqui por caleira para a casa do banho, e daí para os campos em volta. A casa do banho ocupa a parte central da outra metade do terreiro da fonte, e é também uma construção em pedra quadrada (2x2 m), protegida a telha vã. No seu interior encontra-se abaixo do nível do solo a banheira rectangular (2x0,5 m), também em pedra.
Toda esta construção do século XIX encontra-se actualmente abandonada e mesmo desactivada, a emergência da água é feita actualmente por furo artesiano, protegido por rede alta, ao lado do qual se encontra um construção simples de protecção da máquina, saindo a água num improvisado tubo de PVC, do outro lado do caminho.
Quanto à Fontela da Facha, a 200 m da anterior e descrita por Almeida (1970) está actualmente seca, encontrando-se no local outro furo artesiano selado.
Natureza
Carbonata sódica, carbogasosa (cit. Acciaiuoli 1952, I: 172-3)
Grupo das bicarbonatadas sódicas, ricas em gás carbónico, pH ácido na nascente. Hipotermal. Alcalina sódica (Almeida e Almeida 1970).
1898 – Alvará de Concessão. Publicação: DG nº 279, de 13/12/1898
2001 – Data do actual contracto.
Acciaiuoli (1944, IV: 349) dá como primeira referência a esta nascente uma notícia publicada no “Panorama” de 29 de Janeiro de 1839.
Quando em 1864 foram analisadas por Agostinho Lourenço, que a classificou como gasocarbónica e bastante bicarbonatada sódica, já se encontrava construída a captação e a fonte de protecção.
Em 1898 foi dada a concessão a favor da Câmara Municipal de Chaves, o respectivo relatório de reconhecimento foi elaborado por Pacheco (1898), que teceu algumas criticas aos modos de captação: “Brota dentro de uma câmara de granito, fechada superiormente, na qual se entrepôs um pequeno vão vedado por uma porta de madeira. Na soleira desta câmara foi construída uma pequena pia de granito, em cujo fundo emerge a água. Foi esta mandada construir pela Câmara de Chaves, infelizmente porém, a captagem está longe da perfeição, porquanto, a água mineral, brota também por fora da dita câmara, através das juntas do lajedo que a circunda”(cit.Acciaiuoli 1944, IV: 349).
A concessão dada à câmara nunca entrou em exploração, e Sarzedas (1907) refere-o na sua visita de 1906. Segundo o “Anuário” (1963) a situação mantinha-se, repetindo que “embora pagando os seus impostos ao Estado, o Concessionário não tem a nascente em exploração”.
Almeida (1970) não se preocupou com a não exploração, que por desinteresse do concessionário se tornou de uso popular. Mas do ponto de vista da utilização curativa das suas águas, dá-nos uma importante informação: “Os doentes procuram mais a Fontela por correr a crença de que é maior o seu efeito curativo nas perturbações digestivas, principalmente.” Esta superior qualidade da Fontela foi ainda recordada pelos informantes na nossa visita, só que essa nascente secou com os furos de prospecção que a empresa de águas de Carvalhelhos iniciou há cerca de quatro anos (2001). O contrato de renovação de concessão feito entre a Câmara Municipal de Chaves e o IGM terá sido seguido de um outro contrato de exploração entre esta autarquia e a referida empresa, encontrando-se o processo em fase de recolhas de água para análise, imposta pela Direcção Geral de Saúde.
O habitantes de Vilarelho acreditam que o futuro da sua água será o engarrafamento: “Dizem que vão fazer uma fabrica de engarrafamento, mas não sabemos é quando.”
Em Chaves.
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Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a; 1948b; 1949-50; 1953, Almeida 1970, Azevedo 1867,Brandt 1881,Chernovitz 1878,Contreiras 1942, Contreiras 1951, Correia 1923, Costa 1942, Félix 1877, Guedes 1868, Leal 1875-80, L.C. 1865, Lopes 1892, Lourenço 1865, Lourenço 1867, Lourenço 1867, Marques 1999, Marques 1977, Narciso 1920, Narciso 1923, Narciso 1947, Ortigão 1875, Pacheco1898, Pereira ,1899,Sarzedas 1907, Silva 1908, Aguas minerais de Vidago, Vilarelho da Raia e Chave 1865, Aguas minerais de Vidago, Vilarelho da Raia e Caldas de Chaves 1866, Aguas minerais de Verin e de Vilarelho da Raia 1840, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1918, Águas minerais do Continente e Ilha de S. Miguel 1940, Comparação química entre as águas de Vidago, de Vila Pouca de Aguiar e de Vilarelho da Raia , 1871,Le Portugal Hydrologique et Climatique 1930-42, Termas de Portugal 1947
Freguesia
Vilarelho da Raia
Povoação/Lugar
Campo Redondo
Localização
A nascente principal encontra-se a 1,4 km a poente da sede de freguesia. Desta toma-se um caminho para Norte e 200m temos a Fontela da Facha, no local em que o caminho cruza o ribeiro de Calvelos (Almeida e Almeida 1970).
Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro
Zona geológica
Maciço Hespérico – Subzona Galiza Média / Trás-os-Montes
Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas ácidas (granitóides)
Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l CaCO3
Concessionária
Câmara Municipal de Chaves. Actualmente a exploração foi cedida à Águas de Carvalhelhos.
Telefone
n.d.
Fax
n.d.
Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais