AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O balneário]

 

Época termal
1 de Abril a 31 de Outubro

Indicações

Pele, gastrointestinais, reumatismo e bronquites (Acciaiuoli 1944)
Artralgias, bronquites, doenças das senhoras, pele, fígado e intestinos (Contreiras 1951)Dermatologia, doenças reumáticas e músculo-esqueléticas, aparelho respiratório, aparelho digestivo e ginecologia (folheto de divulgação).


Tratamentos/ caracterização de utentes

Director clínico: Dr. Jorge Melo Ferreira Pinto
Equipa técnica: 42 técnicos de balneoterapia e fisioterapia
Ingestão de água; balneoterapia (imersão, hidromassagem computadorizada; duches de jacto, de Vichy): irrigações intestinais e vaginais; tratamentos ORL.
Utentes: “Os curistas são mais mulheres que homens. As mulheres aproveitam para fazer vários tratamentos, sobretudo de massagens cosméticas” (técnica de fisioterapia, guia na visita).
O ano de 1997 marca uma nova etapa na vida das termas, com 1900 aquistas, um valor superior em 40% ao do ano anterior. A partir desta data, este valor aumentou: em 2000 foi de 2400 aquistas, no ano seguinte o valor cai um pouco para 2243, em 2002 recupera para 2559 aquistas.

Os tratamentos mais procurados são para doenças reumatismais e músculo-esqueléticas, seguindo-se os ORL, dermatologia, por último a ginecologia.

 

Instalações/ património construído e ambiental

A água é captada com furos a 50 e 35 m de profundidade, obra executada em 1990, que permitiu aumentar o caudal em 60 vezes e subir a temperatura da água de 23º para 42º.
Está projectado (Outubro de 2003) iniciar os trabalhos de perfuração de um novo furo, onde se pretende atingir água a uma temperatura mais elevada para aplicar no aquecimento do balneário e piscina.
O balneário, de arquitectura simples e funcional, é da década de 1970, ampliado em 1992, e tem uma planta em “L”, com 3 pisos na parte mais longa e 2 pisos na outra parte. Deste edifício sai a nível do piso intermédio um corredor envidraçado que liga à buvete, esta de arquitectura mais arrojada, já dos anos 1980, em forma de quatro prismas de alturas diferentes, com as paredes em volta da nascente envidraçadas.
A recepção dá acesso, pelo lado esquerdo, aos pisos superiores e intermédio do edifício principal e, pelo lado direito, ao edifício secundário, onde encontram os consultórios e gabinetes médico e no 2º piso, os gabinetes de massagem Vichy, de duche escocês, duche subaquáticos, e banheiras de imersão.
No edifício principal há, no piso superior, gabinetes de massagem geral, banhos de vapor à coluna, hidromassagem simples e computorizada, sala de tratamentos intestinais e ginecológicos. No piso intermédio encontram-se mais gabinetes de banhos de imersão simples, hidromassagem simples e computorizada. Daqui se tem acesso à buvete, onde se encontra também o bar/café. No piso inferior encontram-se os tratamentos ORL, banheiras de hidromassagem “Niagara” e a lavandaria do balneário.

O pequeno parque termal conta com piscinas, campos de ténis, pequeno lago com embarcações.

 

Natureza

Sulfúrea sódica, muito radioactiva pelo rádon (28º) – (Acciaiuoli)
Sulfúrea, bicarbonatada, sódica e fluoretada (42º C) – PH 9,3 (folheto de divulgação).    

 

Alvará de concessão

1916- Diário do Governo, n.º 74 de 25 de Março, concessão das Termas do Carvalhal à Câmara Municipal de Castro Daire.

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Historial

Tavares (1810) refere: “A Sul da vila de Castro Daire, está a pequena povoação do Carvalhal, de quinze a vinte fogos e pobríssima. A quatrocentos ou quinhentos passos dela brotam águas termais cristalina.” Refere ainda que são cinco as nascentes mas “somente em duas [...] os enfermos se podem banhar, por as outras, pela sua má situação não dão lugar cómodo e se fazem inúteis. Mas numa destas duas, um eclesiástico daquelas vizinhanças, mandou fabricar uma casa com o seu competente banho. Doutra origem afastada desta, coisa de quinze passos, é que se servem para beber e sendo fácil encaminhar todas as nascentes para um aqueduto comum, donde proviesse maior cópia de água e se aproveitasse em casa regular de banhos, não há meios para que se faça.”. O autor classifica as águas como “sulfúreas mineralizadas pelo gás hidrogénio sulfurado, tendo em si alguma diminuta porção de carbonato de soda”.
Quando desta descrição já deveria existir a “Barraca do Povo” com a sua banheira para uso público, e a Barraca dos Leprosos com duas banheiras, mandada construir por Joaquim Rebelo da Silva Xuquere no início do século XIX. Segue-se a “Barraca do Abade” mandada construir pelo abade de Mões para uso próprio.
Em 1819, Jacinto Costa refere estas águas na Farmacopea Naval e Castrense, no grupo das não analisadas, como sulfurosa quente de 35 a 39º.
Em 1843, parecia tudo encaminhado para uma companhia poder vir a explorar as termas do Carvalhal mas, a falta de acesso e demais condições, deitaram por terra todas as expectativas… Esta sociedade tomou conta das termas durante treze anos e deu início à construção de uma casa com nove janelas tipo quartel; localizava-se imediatamente a seguir à zona das nascentes, para Poente, ao que parece, não chegou a ser concluída.” (Ferreira, 2002).
Em 1892, Alfredo Lopes faz a descrição das nascentes, sendo a água de quatro delas conduzida para um “modesto balneário”, e outra destinada para ingestão, mas a sua água “vai alimentar uma tina particular contida numa pequena casa, conhecida pelo nome de Guarita do Juiz de Direito”. Sobre o balneário, o autor escreve que “foi feito a expensas da Câmara Municipal de Castro Daire, há cerca de 36 anos [1858]). Consiste, apenas, num acanhado edifício, cuja porta se abre num corredor, comunicando para três quartos com duas tinas cada um. Tem além disso, um depósito e uma caldeira para o aquecimento da água”. Estavam abertas de Junho a Outubro, sendo a concorrência média anual de 200 pessoas.
Na última década do século XIX abre a primeira albergaria, a Tasca do Serrano, cuja descrição feita por um neto é mencionada por Ferreira (2002): “Aquela albergaria era uma construção rudimentar, mas boa para a época. Tinha dois pisos. O rasteiro, face ao caminho, era em pedra com divisórias em madeira onde tinha a adega, uma divisão para arrumos, a tasca e um espaço para barbearia. O piso de cima era todo em madeira, tinha divisórias, várias camas que alugava aos que ali procuravam tratamento nas termas. A casa era aqui onde está o café Central.
O Prof. Ferreira da Silva analisou as águas em 1912, classificando-as de mesotermais, oligo-salinas, sulfúreas, alcalinas e litínicas. Por esta data é construído o Hotel do Carvalhal.
O relatório de reconhecimento das nascentes é feito em 1915 pelo engenheiro Afonso Alcoforado, que relaciona estas águas com as das termas vizinhas: “As circunstâncias geológicas destas nascentes e as composições químicas das suas águas deixam admitir e supor a sua inteira afinidade com as águas minerais de Aregos, das Termas de S. Pedro do Sul, da Felgueira e de Alcafache, que se dispersam na mesma mancha granítica”. Neste relatório são descritos os balneários com seis cabines com uma banheira cada uma, mas na extremidade sul do edifício, “feita recentemente, dois quartos de banho relativamente espaçosos, tendo janelas regulares e uma aparência interior muito aceitável, salvo a desvantagem das suas banheiras serem de zinco”. Descreve ainda o Banho da Guarita do Juiz e o Banho dos Leprosos, e sobre este diz que “o seu aspecto exterior é de inteiro abandono, e o interior absolutamente condenável. Tem duas banheiras de pedra tosca em dois compartimentos separado. Na minha opinião, julgo que o uso destas duas casas de banho, tais como agora se encontram, não devia permitir-se no nosso tempo.

O Alvará de 1916 dá oficialmente a concessão à Câmara Municipal e “nesta época começa a ser construído mais um pequeno balneário que não passava de quatro paredes, uma ou outra divisória em madeira e telhado (Ferreira 2002)

Em 1923 no relatório da Inspecção de Águas, são referenciadas as más condições dos balneários, e refere-se ainda o alojamento para acolher a “grande concorrência de aquistas”: “Além de algumas casas que se alugam no pequeno lugar do Carvalhal, que fica perto, um bom hotel com 60 quartos bem mobilados, salas de jantar e de baile, etc., e ainda um outro hotel, também muito razoável, com 40 quartos. “ (cit. Acciaiuoli 1944, IV: 269)
O “bom hotel de 60 quartos” era o Hotel Astúrias, que tem uma curiosa história na sua construção, contada por Ferreira (2002): “António Lopes fez grande fortuna no Brasil mas, uma terrível doença de pele destruiu todo o seu bem-estar, razão pela qual regressou a Portugal. Frequentou as termas do Carvalhal e, algum tempo depois, viu-se livre daquela doença graças às suas águas maravilhosas. Uma das formas que ele encontrou como reconhecimento pela cura que ali obteve, foi mandar construir um hotel de acordo com as formas e tamanho do paquete que, alguns anos antes, o tinha levado à conquista de uma fortuna considerável para a época.”
Em 1924 a Câmara arrenda as termas pelo período de 5 anos a Waldemiro Gomes que era também gerente do hotel Astúrias, arrendamento este sucessivamente renegociado até 1957.
Em 1927 um incêndio destruiu o balneário, sendo reconstruído sobre a mesma planta.

Charles Lepierre fez o estudo físico-químico e de radioactividade em 1928.

Em 1931 novo incêndio destruiu o balneário, no ano seguinte é construído um outro com 4 banheiras de 1ª classe e 2 de 2ª classe.
No relatórios sobre actividade termal dos anos 1940 e de 1943-46 (Acciaiuoli 1942 e1947) é mencionado que o perímetro de reserva ainda não fora demarcado, por ausência da planta hidro-geológica, mas tinha-se apresentado em 1942 um anteprojecto de captagem. Enumera-se duas pensões nas termas, Astúrias e Avenida, e são reproduzidas duas fotografias (relatório de 1940). Na primeira vê-se o edifício do balneário, construção simples de planta rectangular de um piso coberto a telha marselhesa, com porta central ladeado por duas janelas, talvez correspondente a duas zonas de banho para os dois sexos, anexos a este edifício para um lado a casa da máquinas e no outro, a arrecadação e um pequeno consultório. A outra fotografia é da captação da nascente nº6, pequena construção coberta a telha “marselhesa”, num meio de um campo de milho.
No segundo relatório referido, Acciaiuoli (1947) dá notícia de que o director clínico, Dr Constantino Carneiro Freitas, propôs nova designação ás nascentes. Assim, a n.º 2, que era conhecida por Fonte dos Leprosos, passou para Fonte de S. Lázaro, a n.º 3 passou de Fonte da Guarita do Juiz para Fonte Juvência e fonte n.º 6 passa de Nova Nascente a Fonte de N.S. da Saúde. As outras três nascentes conservaram as designações anteriores: Buvete, Estrada e Depósito.
Em 1949 “foi elaborado o anteplano de urbanização das termas do Carvalhal, pelo Eng. Castro Portugal e o Arq. Júlio de Brito e a Câmara deu «parecer que merece inteira aprovação… Ao que parece este anteplano era aliciante, muito embora houvesse dificuldades em arranjar uma empresa com capacidade financeira, capaz de lhe dar cumprimento” (Ferreira 2002).
Em 1951 a água é analisada por Herculano de Carvalho, que a classifica de “sulfúrea fluoretada alcalina, bem caracterizada, apresentando os mais altos níveis dos teores de fluoreto e de silicato. É hipotermal e fracamente mineralizada, muito radioactiva”.
Em 1953 a rede de energia eléctrica chega ao Carvalhal mas “os balneários só vêm a ser electrificados anos depois” (Ferreira 2002).
Em 1957 a Câmara Municipal assume a exploração termal, tendo-se remodelado o balneário. Mas embora nos primeiros anos da sua exploração o número de aquistas tenha aumentado na década seguinte vem a recair. Ferreira (2002) transcreve o seguinte trecho do relatório de uma visita da Direcção Geral de Saúde em 1969: “As termas do Carvalhal, exploradas pela Câmara Municipal de Castro Daire, encontram-se num abandono que causa tristeza e desolação, apesar do seu real valor terapêutico, mormente em afecções dermatológicas.
Em 1972 abre o novo balneário, e na década seguinte é a vez da buvete.
No início dos anos 90 a Câmara Municipal começa a investir na valorização das termas, em estudos hidrológicos para a captação de águas, na ampliação do balneário e melhoramento do parque termal. Em 1997 estavam já em fase final as obras de ampliação do balneário e a câmara adquiriu os terrenos anexos ao complexo termal, para aí construir um parque de merendas e outros apetrechos lúdicos.

Em 2000 o presidente da CM (João Matias Pereira) dizia ao JN (1/4/2000): “Já lá se investiram nestes últimos anos 100 mil contos, metade dos quais no parque das merendas”.

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Alojamentos

Nas termas: Hotel Montemuro, 80 quartos: Pensão Astúrias, 50 quartos; Café Vieira, 32 quartos. Diversas casas particulares. Parque de Campismo Orbitur.

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Recortes

JN – 5/5/04 (Teresa Cardoso) – Termas do Carvalhal entre a saúde e o lazer – Banhos, duches, massagens e irrigações restabelecem equilíbrio físico dos aquistas. Destaque: Qualidade do serviço é a chave do sucesso.
JN – 25/3/97 (?) – Cura turística no Carvalhal – Câmara de Castro Daire reabilita termas famosas pela terapia de doenças de pele – (Destaque) Já vai longe a fama das termas do Carvalhal em Castro Daire, no tratamento e cura das doenças de pele. Há mesmo quem lhe atribua efeitos “milagrosos”, tantos os problemas do foro dermatológico que ali têm encontrado resposta eficaz. A Câmara Municipal de Castro Daire está atenta a esta popularidade e tem procurado, nos investimentos feitos, associar a vertente terapêutica à turística. Os resultados não poderiam ser mais favoráveis.
JN – 10/4/98 (Teresa Cardoso) – Número de aquistas sobe nas Termas do Carvalhal – Câmara Municipal de Castro Daire, optimista, equaciona ampliação do actual balneário e lança concurso para Plano de Urbanização.
JN – 1/4/00 (Rui Bondoso) – Termas “regressam” ao início do século – Investimentos de cem mil contos, no Carvalhal, tem acertado êxito. Número de aquistas aumenta em cada ano que passa. (Destaques: Cronologia; Complexo pode ficar sempre aberto em 2001.

JN – 2/4/00 (?) – Termas (notícia sobre animações termais pelo grupo “Giestas do Montemuro”).

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Bibliografia

A Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953.
Alcoforado 1915, Basto 1934, Basto 1936-37, Brandt 1881, Castro 1900,Contreiras 1937, Contreiras , 1951, Correia 1922, Costa 1819, Felix 1877, Ferreira 2002, Freitas 1943, Leal 1875-80, Lemos 1934, Lepierre 1936, Lopes 1892, Narciso: 1920; 1926; 1925. Silva 1912, Tavares 1810, Vale 1845. Actas – alocuções – comunicações 1948, Águas minerais do Continente e Ilha de S. Miguel 1940, Boletim de Minas 1915-16, Águas e Termas Portuguesas 1910,Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963,Boletim de Minas 1926-29
Boletim de Minas 1930-35, Portugal Hydrologique et Climatique 1930-42,  Termas de Portugal 1947.

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Dados gerais

Distrito
Viseu

Concelho
Castro Daire

Freguesia
Mamouros        

Povoação/Lugar
Termas do Carvalhal  

Localização
A 500 m de altitude, na zona sul da Serra de Montemuro, junto da Ribeira do Carvalhal.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Vouga      

Zona geológica
Maciço Hespérico - Zona Centro-Ibérica.

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas – ácidas e intermédias (granitóides)    

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 CaCO3 mg/l

Concessionária

Câmara Municipal de Castro Daire

Telefone
232-382342 (Balneário)

Fax
n.d.

Morada
Termas do Carvalhal – 3600 Castro Daire

E-mail / site

cmcdaire@mail.telepac.pt

 

 


A chegada às termas do Carvalhal




A Buvete



Corredores no Balneário