AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[O balneário hospedaria]

 

Época termal
Actualmente só abre em Julho e Agosto, ou noutra época a pedido dos clientes habituais.      

Indicações

Reumatismo, dermatoses, problemas digestivos (uso popular)


Tratamentos/ caracterização de utentes

Sr.ª Prudenciana Ferreira: “Os banhos começavam no S. João e iam até final de Agosto. Agora são em Julho e Agosto. Normalmente os banhos são da parte da tarde, mas depois de fazerem a digestão para não haver problemas. Se fosse mais gente tinha de abrir mais cedo, porque estão um quarto de hora no banho, depois são mais 20 minutos a descansar para transpirar, ficam nas camas embrulhados nos cobertores e é aí que vem a transpiração. Quando se sai do banho não se limpam totalmente, só depois, antes de se vestirem, é que se secam no total. Há pessoas que gostam de beber, até levam para casa em garrafões, para o fígado e intestinos. Se têm uma má disposição muita gente até bebe morna para ajudar a digestão. Também se usa muito para doenças de pele. Já há muitos anos uma senhora de Cabaços, na altura era menina, ela tinha um desgosto naquilo, tinha as pernas todas cheias de rodinhas, vinha de Angola, tinha já corrido tudo, mesmo o estrangeiro, e só aqui é que curou a doença. As doenças de pele mais tratadas são os fogachos, manchas, tudo que seja eczemas.
O termómetro não funciona com estas águas, vejo a temperatura da água com a mão, a direita mexe a água e com a esquerda e que sinto a temperatura, quando esta mão [esquerda] aguenta o calor também a pessoa aguenta. Já houve pessoas que trouxeram o termómetro mas nunca se regularam por ele, porque quando indicava a temperatura que queriam estava sempre muito quente. Não vamos deixar escaldar a pessoa, depois de lá estar dentro, aguenta mais quente, então abre a água quente.
Casal de aquistas de Távora: “Fazemos sete ou nove… antigamente dizia-se que os banhos tinham de ser pernão, não era pares, era pernão.”

Irmão de D. Prudenciana): “Já no tempo do meu falecido pai, se dizia que depois do tratamento, se ele dura nove dias devo estar outros nove dias sem fazer coisa nenhuma, estando sempre resguardado de frios e calores.”

 

Instalações/ património construído e ambiental

Os banhos da Nagosa encontram-se sobre o vale do Rio Tedo, onde se abre na paisagem o pátio das construções. É um local isolado, de vegetação variada, onde predominam os carvalhos e sobreiros. Uma grande tília dá sombra ao pátio.
O edifício do balneário e alojamento consta de dois pisos, no piso térreo encontra-se duas salas de banho, a primeira com uma banheira e a segunda com duas banheiras, todas em esmalte. Por detrás desta há a cozinha, com depósito de água mineral, ao lado um outro quarto com banheira em pedra, já não utilizada. Em anexo e separado deste corpo do edifício por um alpendre estão três quartos de aluguer. Do lado oposto, noutro anexo, guarda-se a caldeira de aquecimento da água. No segundo piso há três quartos de aluguer em volta de uma sala.

Por detrás desta construção, a um nível superior, encontra-se a nascente. A água mineral emerge duma fractura na rocha granítica, sendo conduzida para um tanque coberto anexo à casa, que por sua vez comunica com o depósito da cozinha.

 

Natureza

Sulfúrea sódica (Calado 1991)
Dizem que destas águas só outras, não sei onde são, não são em Portugal. Só que estas nascem frias, são sulfurosas, aquelas coisas brancas são enxofre.” (Sr.ª Prudenciana Ferreira, co-proprietária dos banhos).

 

Alvará de concessão

Proprietária: Prudenciana Ferreira e irmãos.

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Historial

Aparece relacionada na brochura “Águas e Termas Portuguesas”, de 1918, não devendo ser muito anterior o uso destas águas. Segundo a informante, a Sr.ª Prudenciana, com cerca de 70 anos, já o seu avô tomava conta destas águas, que seu pai veio a adquirir e ampliar.
Irmão de D. Prudenciana: “Isto são termas pobrezinhas, são só para os amigos. Quem comprou isto foi o meu pai. Mas isto já funcionava com os meus avós, mas eles trabalhavam por conta de outro. Isto era já para não funcionar este ano, mas como estive aqui o ano passado e dei-me muito bem, pedi à minha irmã para voltar.”
Do edifício primitivo resta uma banheira em pedra, num quarto ao lado da cozinha, onde se encontra o depósito de água. Sobre este foi construído um outro piso com quartos para aluguer a aquistas, assim como os anexos para a caldeira e um outro com mais três quartos. D. Prudenciana: “Foi o meu falecido pai que fez isto em 1950. Foi ele que comprou a um médico, os meus avós estavam de renda. Isto não tinha nada, era só uma espécie de palheiro.”
Embora a mãe da Sr.ª Prudenciana ainda seja viva e conte com 98 anos, a propriedade do local encontra-se em partilhas entre os seis irmãos desta senhora, havendo uma irmã que se recusa a ceder a sua parte, em troca de outras propriedades, o que impede a renovação e exploração eficaz das termas. Irmão de D. Prudenciana:

“Nós somos seis irmãos, estamos com vontade de fazer qualquer coisa disto, mas uma das irmãs não deixa. A minha mãe ainda é viva e ela aproveita-se disso, ela nunca fez nada na vida, é a mais nova, foi a única que estudou, agora queria tudo. A minha mãe tem 98 anos, já quisemos fazer trocas de terrenos com ela mas ela nada, só em tribunal é que se pode resolver o assunto, mas nós já estamos a ficar velhos e cansados para essas andanças.

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Alojamentos

Seis quartos no próprio edifício.

Preçário (D. Prudenciana): “Por cada banho cobro 1000 escudos, o que às vezes nem dá para o empate de a gente andar. Temos tão pouca gente que não dá para as despesas da lenha, temos de ter um guarda-livros. Pelo quarto levamos mais 200 escudos, nunca se explorou isto de jeito porque não se pode explorar muito. Há três anos ainda houve umas pessoas que não tinham meio de transporte e ficavam cá e nós também ficávamos com eles.”

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Recortes

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Bibliografia

Bastos 1936/7, Pinto 1947, Águas e termas portuguesas 1910

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Dados gerais

Distrito
Viseu

Concelho
Moimenta da Beira

Freguesia
Nagosa        

Povoação/Lugar
Nagosa 

Localização
Na Estrada de Nagosa para Moimenta da Beira, a cerca de 2 km, um desvio à esquerda leva por caminho de terra batida aos Banhos da Nagosa (com sinalização). Na margem direita do Rio Tedo, numa cota superior, a cerca de 70 metros, encontra-se o balneário.  

Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro       

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (granitóides)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

Uso popular

Telefone
25458252

Fax
n.d.

Morada
n.d.

E-mail / site

n.d.

 

 

 


A nascente por detrás da casa




O depósito de água anexo à nascente




D. Prudenciana Ferreira preparando um banho




Um dos quartos de repouso