Tipo de exploração:
Água para ingestão
Natureza da água:
Cloretada férrea
Indicações:
Anemias
[A fonte férrea]
Época termal
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Anemias (Correia, 1922)
Reumatismo e Linfatismo (Contreiras, 1951)
Tratamentos/ caracterização de utentes
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Instalações/ património construído e ambiental
1ª - “ é de pequeno caudal e precipita ferro, criando grandes depósitos de lama avermelhada.” .(Almeida, 1975). Coincide com o observado, a água nasce abaixo do nível do solo, ao fundo de uma curta galeria (1x0,5m) saindo para o exterior por uma caleira que debita um fio de água numa bacia talhada na pedra, correndo o excesso para o córrego que aí se forma, todo coberto do lodo avermelhado. À beira do estradão junto do atalho que leva à nascente gravado numa pedra redonda uma seta indica a direcção, por baixo a rima: ” A água da Fonte Férrea/ Tinha muita virtude./ Vinha gente fora da terra/ Tratar casos de saúde. - J.S.A.”
2ª – “ a água é detida numa represa de rega e deposita abundantes massas de ferro oxidado. (Almeida, 1975). Esta descrição já em nada coincide com o observado, a nascente de mergulho, encontra-se seca, localiza-se actualmente abaixo do nível da estrada numa curva antes do cemitério, formando um córrego que se dirige para campos de lavoura, o mato e silvas não permitiram determinar se ainda existe o tanque referido.
Natureza
Bicarbonatada ferruginosa (Contreiras, 1951)
Cloretada férrea (Almeida, 1975)
1926- Alvará de Concessão, publicado DG, nº 288, 2ª série de 9/12/1926 a favor da Câmara municipal de Viseu.
1939 – Declaração de Abandono, publicada DG, nº176, 1º série, de 29/7/1939.
Lopes (1892) localiza-as a 17km de Viseu “…onde brota uma nascente de água férrea”
Analisadas por C.Lepierre em 1916 que as classificou como hipossalinas bicarbonatada férrea, comentando “ são péssimos os alojamentos”.
Acciaiuoli (1941) comenta sobre a suspensão da concessão”… As duas nascentes, S.Salvador e Castanheiro do Monte, distando aproximadamente 780m uma da outra, nascem numa região granítica muito acidentada. Estas águas eram em tempo remotos utilizadas por muita gente, sendo péssimas as condições balnear e de alojamento. Conhecidas também por Águas de Cota, brotam à temperatura 15º, de natureza hipossalina férrea, sem grandes propriedades terapêuticas. No Verão, de 10 a 20 doentes utilizam-se da água, indo beber de manhã às nascentes e trazendo-a em garrafas para a povoação de Sanguinhedo onde estão hospedados.
Não foram executadas as obras propostas para resguardo das fontes e acondicionamento da água e que constam do projecto que acompanhou o pedido de concessão.”
Almeida (1975) “ As águas de Cota gozaram de tanta fama que no Verão apareciam muitos doentes em Vila de Um Santo e Sanguinhedo que se instalavam em casas alugadas para tomarem águas, como reconstituintes, ou para as usarem em banho quente nas afecções reumáticas. Nunca nada se fez para proporcionar aos aquistas melhores condições e a pouco e pouco a frequência veio diminuindo e hoje é escassa ou mesmo nula.” (445) .
Para os informantes contactados o desinteresse por estas águas foi provocado por uma “brincadeira de mau gosto”: Foi um individuo que estragou isto tudo. … Botou ao jornal que aqui andava uma doença qualquer, de lepra … ou coisa assim, e isso afastou as pessoas, foi uma brincadeira de mau gosto.
O comentário de Acciaiuoli (1941) refere-se a um aproveitamento concessionado, parece certo que o aproveitamento popular terá durado até finais da década de 60, para os informantes a data não é muito certa: O Pessoal deixou de vir para cá há mais de trinta anos, ou talvez 40. Mas há um facto associado a essa data: Na altura ainda não havia electricidade, era tudo à mão, então já foi há mais de 40 anos.
Actualmente o aproveitamento mesmo local é quase nulo, mas a memória de curas está presente mesmo em crianças, os Gonçalo e Toni tem cerca de 10 anos, acompanharam-me na visita ao local, o Gonçalo é sobrinho do proprietário dos terrenos em volta da nascente, a sua mãe contou-lhe: “…. vinham cá pessoas buscar desta água, diziam que esta água curava.
Também no café de Sanguinhedo é recordada com nostalgia o tempo em que os aquistas procuravam a aldeia, foram esses doentes os principais responsáveis pelo restauro da igreja: Esse pessoal que cá esteve a limpou a igreja e pões as cruzes novas. Talvez numa forma de pagamento de promessas pelas curas conseguidas.
Quanto ao futuro, não acreditam em projectos da junta de Freguesia ou Câmara Municipal, mas … É uma água muito boa era preciso dinheiro para movimentar isto aqui.
Vinham para nossa casa pessoas até de Lisboa, alugavam casas aí, alugavam quartos e estavam aí (informante). Actualmente já não se alugam nem casa nem quartos, hospedagem só em Viseu ou Sátão.
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Acciaiuoli: 1936, 1937, 1940, 1941, 1944, 1949-50, Almeida 1975, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Correia 1922, Lepierre 1916, Lopes 1892, Mendonça, 1920, Águas minerais do continente e Ilha de S.Miguel 1940, Le Portugal Hydrologique e climatique 1930-42.
Freguesia
Cota
Povoação/Lugar
Vila de Um Santo e Sanguinhedo
Localização
1ª - Na Vila de um Santo, toma-se a direcção poente em direcção à Capela de S. Salvador, a 10 metros cortamos o córrego da Fonte onde se encontra a nascente.
2ª – A Noroeste da aldeia de Sanguinhedo na parte de cima de um tapado.(Almeida, 1975) Esta descrição alterou-se um pouco, a Aldeia de Sanguinhedo reivindica como localizada no seu território a 1ª nascente. A sua localização é num estradão que parte da rua do pontão, antes do pavilhão desportivo (um prefabricado), é certo que continuando esse estradão se vai dar junto do Lar da 3ª Idade de Vila de Um Santo, mas para os naturais de Sanguinhedo a nascente é em seu território. Quanto à descrição da 2ª nascente para os moradores de Sanguinhedo ela só poderá ser a que se encontra no córrego antes do novo cemitério da povoação.
Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio: Vouga
Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro Ibérica
Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas, ácidas e intermédias (granitóides e afins)
Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l CaCO3
Concessionária
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Telefone
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Fax
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Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais