AVISO: A informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode encontrar-se desactualizada.


[A fonte da Pedra (foto de Mª Manuel Quintela)]

 

Época termal
Aberto todo o ano
.

Indicações

Doenças metabólico-endócrinais, do aparelho respiratório, reumáticas e musculo esqueléticas. (http://e-geo.ineti.pt)  

Na sua corrente, na parte que se faz ao ar livre, ou quando em quietação no tanque de arrefecimento, dá lugar à formação de «conservas», que pelos doentes da região são muitas vezes utilizadas, em forma de cataplasmas, aplicadas nas manifestações artríticas locais” (Sarzedas, 1907). Este tipo de aplicação nunca foi utilizada na hidrologia médica recente, será preciso remontar ao séc. XVIII, para termos descrições da sua utilização, descritas por “anónimo curioso”  (ver: Textos: A Hidrologia Médica Portuguesa no séc. XVIII (A hidrologia dos humores)


Tratamentos/ caracterização de utentes

Balneoterapia: 
Imersão geral, com bolha de ar ou Aerobanho; hidromassagem, Piscina de Grupo, Vapor parcial ( coluna, membros); duches gerais, de jacto, Vichy e de Cachão.
ORKL- Irrigação nasal, inalações, Emanatório (colectivo e individual), nebulização e Aerossol.
Fisioterapia:
Tratamentos electro-magnéticos (onda curtas, ultra-sons, infra-vermelhos e ultra violetas; Massagens, parafango e Reeducação motora. ( In  http://www.termas-spsul.com)  
As termas de São Pedro do Sul são as actualmente as termas com maior número de aquistas ano, num valor que nos últimos anos tem rondando, os 24.000 aquistas/ano. Procuram estas águas turistas e aquistas de todo o país, sobretudo depois de 1997, quando começaram os problemas de contaminação das águas de Caldas da Rainha, curiosamente quando o hospital termal das Caldas da Rainha, estava próximo dos valores actuais do números de aquista/anos das Termas de São Pedro do Sul.       

 

Instalações/ património construído e ambiental

O Dr. Joaquim Baptista de Sousa, médico em Vouzela, em 1821 e 1827 escreveu duas memórias sobre estas “Caldas”. Na 2ª Memória defendia a tese da “origem vulcânica” destas águas: “Por isso hoje creio ter havido em Couta um vulcão, o qual se extinguiu há tantos séculos, que dele não se faz menção na história da Lusitânia, e que dele nasceram as águas termais existentes no Banho e noutros sítios”.
Quem está nas margens do Vouga entre S. Pedro do Sul e Vouzela facilmente poderá imaginar antigos vulcões, nas serranias que cercam o vale, mas as suas águas não tem esta origem vulcânica, a Tectónica da região foi descrita pelo Engenheiro Carlos Freire de Andrade em 1940, dentro do estudo de novas prospecções de captagem de água mineral: “As grandes e extensas fracturas que, associadas à formação dos vales submarinos de Cascais e de Lisboa, cortam o país na direcção N. NE-S. SO, desviadas aqui e ali da sua posição primitiva pela acção de movimentos posteriores, também passam perto da região termal e devem ter determinado, até certo ponto, a emergência das nascentes desta região. Segundo o Dr. Amorim Girão, que observou atentamente esta parte do país, existem ali numerosas facturas orientadas N- NE-S.SO, acrescenta também que junto à povoação de Crescido de Fataunços (Vouzela), se produziu, no ano de 1883 ou de 1884, uma fractura de grande extensão e na direcção N.NE-S.SO. Em Souto Bom viu o mesmo autor fendas numa casa meio desmoronada por forte desligamento de terrenos, de direcção aproximada N-S.
Mas a mesma ideia de descida a uma caldeira de vulcão podemos retirar do relato de Ramalho Ortigão (1875), na sua viagem para São Pedro do Sul, num período em que a “linha do Norte ainda não passava do Carregado”, e depois de deixada a Estrada Real em Oliveira de Azeméis seguiu pelo Rego da Chave num carreiro de serras “ aberto em torno da rocha cortada a pique sobre o abismo”, atravessando as povoações Trapa, Albergaria das Cabras (actual Albergaria da Serra), Farrapa, Gralheira e Manhouce uma paisagem, “…agreste, dura, de um grande ar melancólico e austero”, chegando finalmente a São Pedro do Sul que descreve em termos paradisíacos: “ Que refrigério! Que grande amenidade! Que brandura! Um vale recolhido e abrigado pelo Monte Lafão, de uma temperatura tépida, refrigerada pela corrente do Vouga, que corre em várias quedas, ouvindo-se por toda a parte o marulho doce das águas jogadas nos açudes.” (Ortigão, 1875, 79).
Actualmente este refrigério é o feito ao ritmo do crescimento urbano, a procura termal e de lazer vieram transformar a estância termal numa quase cidade termal, onde não sei se neste crescimento tem sido de modo a salvaguardar as qualidades da sua maior riqueza, as águas minerais. Do difícil equilibro entre crescimento urbano e exploração de águas minerais temos vários maus exemplos de Norte a Sul do país, entre outros: As Águas da Atalaia em Tavira, as águas das Alcaçarias em Lisboa e mais recentemente as Caldas da Rainha, saibam as Termas de S. Pedro do Sul ser a excepção.
Quanto aos estabelecimentos balneares são dois os existentes. O Balneário Rainha D. Amélia, que foi completamente renovado em 2001, aqui se encontra todas as técnicas de tratamento termais, e ainda um pequeno núcleo museológico sobre as termas, uma sala polivalente e um auditório que servem sobretudo a actividades variadas dos programas de “Animação Termal”.

O Centro Termal, ou Balneário Novo como é mais conhecido, foi inaugurado em 1987, e na sua oferta de técnicas termais, conta com uma bela piscina de tratamento colectivo, de janelas envidraçadas sobre o rio Vouga.

 

Natureza

À temperatura de emergência de 68,7ºC, pH8.82 a 18ºC  Sulfúrea sódica (69º). Água fracamente mineralizada, “doce”, com reacção muito alcalina. Bicarbonatada, sódica e Fluoretada, Sulfidratada e fortemente silicatada. Mineralização total 355mg/l, sulfuração total 22, Alcalinidade total 23, Dureza 0. ( In  http://www.termas-spsul.com)

Se tomarmos a análise de Charles Pierre de 1929 (In Acciaiuoli, 1953,II) esta sílica resume-se 0,04 mg da mineralização total, ou 1/3 que a análise de Lepierre nos dá, 0,16mg. A radioactividade das águas já não faz parte da divulgação das qualidades terapêuticas, no caso de São Pedro do Sul é uma vantagem pela sua baixa emanação radioactiva na imergência, seguido sempre a análise de Lepierre (1929) dá nós como valores: Rn = 4,4 umC/l; Ra= 1,43x10 (Lev.-12)g/l.

 

Alvará de concessão

1910 – A favor da Câmara Municipal de São Pedro do Sul por Alvará de 17 de Fevereiro 1931-  Portaria de 9 de Setembro atribuindo uma área reservada de 192 hectares.

1998  - Contracto actual 14/12/1998.  Com uma área reservada de 151, 405ha, ou seja quase 41ha foram desanexados.

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Historial

São Pedro do Sul as termas onde se curou o primeiro Rei e a última Rainha de Portugal”, foi já slogan publicitário das Termas de São Pedro de Sul na década de 1930.
Se no Banho D. Afonso Henriques curou os problemas consequentes da quebra de uma perna na batalha de Badajoz, pertence ao campo da lenda, não menos lendária é o início da exploração destas águas.
O autor do primeiro tratado português de hidrologia médica (1696), médico destas Caldas, o Dr. António Pires da Silva, na “Cronografia Médica das Caldas de Alafões”, embora considere impossível saber da sua “fundação primeira”, sempre foi fazendo umas associações. Depois de descrever o “Banho” onde se curou o primeiro Rei, conclui da sua semelhança com os banhos de Betsaída em Jerusalém, e remontando na história bíblica conclui que o primeiro senhorio foi Adão.
Sobre esta necessidade de construir uma genealogia até à origem da exploração primeira, a minha colega Maria Manuel Quintela escreveu:        
“ A semelhança de outras termas, a sua origem é reportada aos romanos. Todavia a necessidade de estabelecer uma genealogia étnica, como forma de legitimar a profundidade histórica deste lugar, produziu alguma controvérsia em torno da filiação romana destas Termas. Assim, para uns foram os celtas que primeiro teriam povoado esta região, pois Van seria a palavra celta que significa Banho (Santos, 1972:4), a povoação teria sido por eles edificada e tomando um particular relevo como centro populacional e comercial no tempo dos fenícios e cartaginenses, devido às suas águas sulfúreas e termais. Para outros autores (cf. Trinta 1920, Azevedo 1958) foram os romanos os fundadores, fundamentando-se esta pertença não só na sua origem toponímica – «Balneum, classificação que os romanos «aplicavam aos seus edifícios balneares de segunda ordem» (Almeida, 1930:3) – como nas ruínas. A toponímia é então nomeada como justificativa da pertença a celtas, romanos e mouros. Estes últimos estariam na origem da denominação – que embora não oficial ainda hoje é utilizada quando se trata de questões de reivindicação de  uma identidade regional – Caldas de Alafões, por causa do nome do mouro Alafun, que teria povoado esta região em 1040.” (Quintela, 1999,63)       
Quanto há última Rainha do slogan publicitário, trata-se de D. Amélia de Orleans e Bragança, mulher de D. Carlos, que em 1894 aqui esteve a banhos e de quem a Vila do Banho, as Caldas de Alafões, ou as Termas de São Pedro do Sul tomaram a denominação, por decreto de 15 de Maio de 1895, passando a denominar Termas Rainha D. Amélia. Toponímia desaparecida com o regime Republicano só conservada na denominação do que é hoje o velho balneário.
Embora os testemunhos da sua exploração sejam mais antiga que a das Caldas da Rainha, a sua história é bem mais modesta, é certo que às suas águas recorreram vários monarcas, entre eles, D. Manuel I que aqui curou uma doença de pele, e fundou um Hospício, mas a sua exploração nunca teve o apoio e impulso ao desenvolvimento dado às Caldas da Rainha com a construção do Hospital Termal no final do séc. XV. 
O que seria o balneário dos possíveis banhos do primeiro Rei, construído ou adaptado de uma piscina romana, chegaram até nós os restos arqueológicos (muito desprezados) da piscina chamada de D. Afonso Henriques. Reformadas em 1639, conforme a lápide que se encontrava sobre a entrada, temos ainda a descrição e um desenho no livro do Dr. Pires da Silva (1696).
Na descrição deste médico foi relacionada um outro aproveitamento curativo desta água que nasce a 69º, o “Banho seco”, tratava-se de uma construção abobadada com capacidade para oito enfermos: “Esta pequena casa é situada sobre a fonte de água quente, e como os vapores fuliginosos, que se levantam da fonte está de sorte quente, que a pouco espaço de entrada sua o doente, se  tapa a porta com um lençol ou cobertor
No século XVIII vários autores se referem a estas caldas, mas nenhum deles passa das descrições sumárias e do relato da cura do primeiro rei.
No tempo em que Francisco Tavares (1810) descreveu estas caldas já o banho seco era uma ruína: “…o seu nascente foi coberto com uma casa ou arca, aonde ainda hoje chamam de Banho seco; mas que está quase demolida; ou ao menos tem sido por vezes reformada, pois o seixo, de que é construída (e que o país mais abunda) com facilidade se ataca pelo vapor da água, e vem pelo andar do tempo a esboroar-se. Daqui por um longo aqueduto em muitas partes arruinado passa para os tanques dos banhos, que são quatro em outras tantas casas separadas” (1810,81)
Tavares (1810) ao referir-se à temperatura da água, fez uma pequena advertência sobre os modos de tomar banho nesta água escaldante: “…alguns enfermos, ou os mais deles deixem de sair com a pele mais ou menos da cor de caranguejo cozido. Esta falta de atenção com o mais essencial dos princípios activos destas águas inculca a necessidade de não seguir uma prática inveterada e cega; e persuade, que talvez elas produzirão ainda mais vantajosos efeitos tomando-se o banho em tinas e não nos tanques, aonde a cópia e volume da água não permite tão pronto refrigério.”             
Ao Dr. Joaquim Baptista de Sousa, médico em Vouzela se devem duas Memórias sobre as Caldas de São Pedro do Sul, escritas respectivamente, em 1821 e 1827 e enviadas às Cortes, na pessoa do Deputado Melo Breyner, que por sua vez as remeteu à Comissão de Saúde Pública. Foram publicadas em 1840 no Jornal da Sociedade Ciências Médicas De Lisboa.  Sobre a 2ª Memória já falamos atrás da tese da “origem vulcânica” destas águas, agora acompanhe-se a 1ª Memória.
A 1ª Memória, inicia-se pela descrição geográfica e histórica das Termas de São Pedro do Sul, descreveu depois as instalações, onde comentou sobre o “banho seco”: “ eu não vi mais que ruínas deste banho seco em 1808. Fui consultado há anos, se era ou não útil e preciso a sua reedificação, e de maneira se devia construir; respondi que sim, dei as dimensões, e aconselhei que se fizesse tudo de abobada, para ser durável, nada se fez até hoje”. Segue-se a descrição dos vários tanques e num capítulo sobre “Uso da Água”, comentou: “ Os habitantes do Banho usam e abusam desta água […] o primeiro dano que recebem é a falta de esmalte nos dentes e fraqueza das gengivas […] sendo como são diaforeticas (sudoríficas) em extremo, causam-lhes tal fraqueza no sistema sanguíneo, que raros são os habitantes daquela vila, que deixam de ser sujeitos à hemoptisis (hemorragias nos brônquios)”. Quanto ás épocas de banho informa-nos de que elas eram duas: “ em Junho e Julho primeira quadra, e em Setembro e Outubro segunda quadra. Não se tomam banhos em Agosto, tempo canicular, porque a experiência tem mostrado serem sempre nocivos”.
Estimava em mais de 1000 enfermos por ano os recorriam destas águas. Terminando esta 1ª Memória com uma série de “Reflexões”, onde remarcou a falta de “policia” nos banhos, como: enfermos de vários tipos doenças tomavam banho ao mesmo tempo; de doentes a quem é nocivo o tratamento com esta água, caso das “doenças de peito”; na falta de processo de regular a temperatura das águas; da liberdade de se estar no banho o tempo que se quiser; mas sobretudo o tomar banhos no”tempo canicular”, quando as águas são nocivas.
Em 1853 o Governo Civil de Viseu e a Câmara Municipal de São Pedro do Sul solicitaram ao governo a inclusão no Orçamento de Estado de uma verba de 200$000 réis, para “reparos e conservação” do estabelecimento de banhos, mas o pedido foi indeferido.
No Catálogo para a Exposição Universal de Paris de 1867, “Eaux Minérales Portugaise”, o seu autor Agostinho Lourenço, fez uma descrição muito sumária do estabelecimento: “Elles sont aménagées dans quatre bassins”. Sumária foi também a sua análise destas águas: “Elles contiennent, par kilogramme, 0,0014 gr, d’acide sulfhydrique, et 0,315gr. de principes fixes. Ce sont, des sulfates, des silicates et des chlorures alcalins, des sels calcaires et magnésiens et une petite quantité de fer et d’alumine. »         
         
O deputado José Correia de Oliveira apresentou às Cortes, na sessão de 30 de Março de 1875, uma proposta de tornar a Câmara Municipal de São Pedro do Sul proprietária das Termas, afim de fazer um estabelecimento termal adequado aquelas águas. A Câmara já era exploradora das termas desde 1839, passando a ser sua proprietária a partir de 1878.
O estabelecimento balnear seria construído na década seguinte por iniciativa da edilidade, como nos noticia Oliveira Mascarenhas na “Memória da antiga Vila do Banho e Caldas de São Pedro do Sul” (1885): “ O actual estabelecimento de banhos, que brevemente será substituído por um outro que se encontra em construção”. No ano seguinte o balneário entrou efectivamente em funcionamento, e como vimos atrás em 1894 recebeu a Rainha D. Amélia que ai esteve em tratamento. Este autor, Mascarenhas (1885), relaciona outro curioso tipo de banhos “mistos”, dados em barracas montadas durante a estação balnear no rio Vouga: “ Compõe-se estes banhos de água sulfurosa misturada com a do Vouga, correndo uma e outra encanadas para as banheiras de pau que existem nas barracas. A temperatura da água sulfúrea não excederá aqui 50ºC, que o banhista faz baixar até ao grau que lhe convém, mandando entrar na banheira, maior ou menor quantidade de água fria.”        
Quando em 1907 o médico Inspector Tenreiro Sarzedas incluiu estas Termas no seu Relatório referente à inspecção de 1906, fez um aviso sobre a sua inclusão:  “Ao referir-me neste relatório à termas da Rainha D. Amélia, faço-o em homenagem ás suas famosas tradições, que ali me atraíram, que não em obediência a qualquer preceito legal, uma vez que as suas águas são exploradas sem alvará de concessão. “ (1907,193) 
Embora considera-se o balneário de “boa aparência”, dos dois pisos da construção, só o térreo servia à hidrologia médica, o piso superior era um”club recreativo
Quanto a o balneário propriamente dito constava de: “Duas piscinas e vinte banheiras de mármore e de ferro zincado, apenas fornece banhos de imersão, à parte um simulacro de pulverizações e inalações que lá se anunciam, se tal nome ainda deve merecer, pela pobreza e insuficiência dos aparelhos com que figura.” (1907,196).
Para o pedido de concessão procedeu-se ao “Relatório de reconhecimento das águas minerais Termas Rainha D. Amélia”, elaborado pelo Engenheiro Valério Vilaça em 1909, que depois de descrever as nascentes e o balneário, os banhos em barracas no Vouga, refere o velho balneário ainda em funcionamento: “Há também o Estabelecimento velho que tem tinas para banhos de imersão e uma grande piscina, que não é utilizada, e um tanque de arrefecimento. As condutas das águas são de madeira, onde existem grande depósitos de enxofre e «confervas». O estabelecimento velho funciona para os doentes pobres. Os banhos do Estabelecimento novo são pagos.”           
Quanto a alojamento para os aquistas em 1918 no catálogo “Águas e termas portuguesas” foram relacionados: “… além de diversas hospedarias e casas particulares, que se alugam por mês, por dias ou por toda a época termal, há o Avenida Hotel, de Manuel Inácio Coelho, com regular e variado serviço; o Hotel Bragança, também com serviço de primeira ordem; e o Hotel Vouga, de José Augusto da Silva, muito regularmente instalado e servido.”     
Mas a partir de 1923 começou-se a construir um moderno hotel, O Palace, propriedade da empresa Diniz Lda., que explorava também as águas minerais, mas a Vila vivia em revolta contra os arrendatários, pelas expropriações de terrenos para a construção de um novo balneário. 
A Câmara Municipal de São Pedro do Sul, a 22 de Junho de 1922, assinara um contrato de arrendamento das termas por 99 anos, com a empresa formada pelos irmãos Diniz, uma das clausulas desse contrato obrigava a Câmara a proceder às expropriações necessárias para ampliação do Balneário. A resistência dos habitantes das termas a esta medida, chefiada pelo Padre António Santos, foi de tal modo violenta que a empresa depois de difamações, bomba no balneário, ocupação das suas instalações, processos fraudulentos em tribunal, se viu obrigada a rescindir do contrato em 1925, ficando só com a propriedade do Hotel entretanto penhorado, que viria a abrir as suas portas em 1940, mas em meados da década seguinte encerrava.
Na Câmara de Deputados Republicanos, a questão das expropriações foi abordas na sessão de 1 de Março de 1923. O Deputado Bartolomeu Severino interpelou o Ministro do Trabalho, Rocha Saraiva, presente na sala, sobre a suspensão de uma portaria, que o anterior ministro publicara, “…dando à Câmara Municipal de S. Pedro do Sul o direito de expropriar uma determinada área de terreno para nele se construírem hotéis, balneários, casas de saúde, enfim, tudo quanto requer a exploração desta afamada estância”. Depois surgiram os protestos enviados para o Supremo Tribunal Administrativo, reenviando este para o Ministro do Trabalho, entretanto substituído, o novo ministro Rocha Saraiva acolheu esta representação e suspendeu a portaria. O ministro justificava-se, alegando que a portaria estava suspensa para estudo da questão no Supremo Tribunal, ele só tinha sido porta-voz daqueles que lhe pediram « Nesses hectares estão as nossas fortunas, estão as nossas terras, as nossas casas. Sr. Ministro, acuda-nos»[…] O que eu prometi foi não resolver a questão enquanto não possuísse todos os elementos que reputasse necessários para ver quem, de facto, teria razão.”
 O deputado relembrou à assembleia “Não estou tratando dos interesses duma região, estou tratando dos interesses nacionais. Efectivamente os melhoramentos em projecto, de S. Pedro do Sul, são essenciais para a região; são necessários ao País, porque chamariam a este grande número de turistas da América e de Espanha”.
Em 1940 foram elaborados estudos geológicos para novas captagens, do qual se encarregou o Engenheiro Carlos Freire de Andrade 

Em 1951 o Hotel Palace foi posto à venda, só voltando a abrir em 1959 como colónia de Férias da FNAT António Correia de Oliveira.
Na Assembleia Nacional, na sessão do dia 16 de Março de 1962, o deputado Sales Loureiro, ao mencionar o interesse de estabelecimentos termais para o restabelecimento de acidentados de trabalho, referiu nos seguintes termos essa então recém inaugurada colónia: “Não há dúvida de que a riqueza de um país se mede pela capacidade de trabalho dos seus nacionais. Assim, proteger as vítimas de acidentes ou doenças profissionais é realizar obra ingente em prol da produtividade do trabalho, que é como quem diz da economia da Nação. E, para além da criação de um estabelecimento adequado na Misericórdia de Lisboa, têm particular relevância as possibilidades que aos diminuídos motores oferecem as Termas de S. Pedro do Sul.
O tratamento crenoterápico oferece ali, perspectivas verdadeiramente singulares, e a Colónia de Férias António Correia de Oliveira poderia, desta sorte, transformar-se numa colónia anual de internamento de deficientes motores, que tratamento adequado tornaria aptos para o trabalho e para a vida. O termalismo social é já uma saborosa certeza, com as mais vastas incidências no domínio da recuperação!”
Mas em verdade esse termalismo social limitava-se a essa colónia de férias António Correia de Oliveira, os planos da F.N.A.T. – Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, para as Termas de São Jorge e Águas da Atalaia em Tavira nunca passaram da fase de projecto. 

 

Na sessão da Assembleia a República de 13 de Maio de 1986, Carlos Matias (PRD) fez uma interessante análise da situação do termalismo, começou por recordar o passado recente da queda do sector termal no pós 2ª guerra mundial, com: “O aparecimento dos antibióticos, o progresso da medicação anti-inflamatória fez entrar em regressão o valor, terapêutico das águas.” Situação que dava índices de se alterar, pela procura cada vez maior das termas para as chamadas “doenças de civilização”, da vivência urbana, e o “alargamento dos grupos etários ditos da 3ª Idade”.” Seguiu-se a inevitável menção há nossa riqueza hidromineral, e há situação em que se encontravam as termas: 
Apontou depois os grandes problemas das nossas termas: Não houve uma urbanização adequada nos locais termais; Grandes partes das captações de águas minerais eram obsoletas; “O sector da reabilitação física” com poucas melhorias; A quase ausência de ensino e investigação no sector. A certo momento do seu discurso referiu-se directamente às Termas de São Pedro do Sul: “Por outro lado, nos últimos 25 anos, construíram-se cinco novos balneários - um outro, o centro termal de São Pedro do Sul, Região de Lafões, comparticipado pelo Estado e que será o maior e melhor da Península, com o edifício acabado há anos, incluindo os seus equipamentos fixos, continua indesculpavelmente fechado degradando-se, por falta de verba para se adquirir mobiliário e equipamento técnico complementar “. O Deputado culpabilizava a Câmara de São Pedro do Sul por esta situação.
Em 1987 era finalmente inaugurado o novo Centro Termal, encerrando para obras de renovação o balneário Rainha D. Amélia, que viria a reabrir completamente remodelado em 2001.
2004 Foi o ano da formação da Empresa Municipal, Termalistur – Termas de S. Pedro do Sul, E.M. Em 13 de Novembro de 2006, uma reunião do executivo Camarário, planeou vender os balneários termais e alienar 49% do Capital da Termalistur, os protestos não se fizeram esperar: “… um movimento de cidadãos de todos os quadrantes políticos, pôs inclusive um abaixo assinado a circular com vista à realização de um referendo municipal.  (Público/Local – 24/11/06). O Executivo Camarário recuou um pouco na sua proposta, o capital a alienar era de 10% a favor do Sindicato Hoteleiro da Termas, quanto aos balneários o presidente da Câmara, António Carlos Figueiredo, afirmava: “ O balneário Rainha D. Amélia, por razões históricas, por ser um emblema da estância, está fora de questão. É inegociável. Já em relação ao D. Afonso Henriques, estamos a equacionar vendê-lo em hasta pública a partir de Abril de 2007, mês da conclusão das obras de requalificação. E quem o comprar vai ser na condição da Termalistur se manter gestora do equipamento.”(Público/Local – 24/11/06).

Talvez seja aconselhável o Executivo Camarário relembrar a história da década de 1920, os episódios, nem sempre pacíficos, que se passaram quando a empresa Diniz Lda., se tornou exploradora das águas minerais, ainda recordadas na memória dos moradores de S. Pedro: “Foi no tempo dos Dinizes, mas a população das Termas não deixou” (Quintela, 1999,104) 

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Alojamentos

A Oferta hoteleira é variada e para todas as bolsas. O Hotel Palace demarca-se na arquitectura hoteleira, mas é reservado a sócios do  INATEL. Mas nas Termas há mais 4 hotéis de 3 estrelas, uma Albergaria de 4 estrelas, entre outros hotéis, residenciais e pensões, além do aluguer de apartamentos ou quartos.  

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Recortes

Público/Local – 24/11/06 (Maria Albuquerque)- Câmara de São Pedro do Sul recua na venda das termas.  
JN- 7/1/04 (Teresa Cardoso) – Misericórdia vai abrir centro de fisioterapia - Tirar os idosos da cama e pô-los a fazer ginástica. Um novo conceito de bem estar. Destaque: Humanizar as relações é uma prioridade   
JN- 3/7/00 (Fernando Seixas) Termas de Portugal – S.Pedro do Sul orgulha-se das termas – das mais frequentadas estâncias do país, as caldas não param de se modernizar, para responder a uma clientela exigente (Destaques: Dois mil anos a vender saúde; A mais “jovem aquista)
JN- 12/12/99 (Rui bondoso) – Termas “banhadas” por milhões de contos – Entidades públicas e privadas de vontades unidas em investir em grande revitalização da estância – Projectos aprovados pela Secretaria de Estado do Turismo)
JN- 22/3/97 (Teresa Cardoso) – INATEL Palace das termas reabre totalmente remodelado – Orçamento ultrapassou um milhão de contos – Encerrado durante quase quatro anos por motivo de obras, reabre hoje, totalmente remodelado, o INATEL Palace das Termas de S.Pedro do Sul, Imponente na sua estrutura da década de 30 e beneficiando de extraordinária localização bem no centro de uma das mais importantes estâncias termais da Península Ibérica, esta unidade hoteleira reabre totalmente adaptado às exigências de requinte e funcionalidade do virar de século. Para esclarecer nos próximos meses ficam as contas. Tudo porque à adjudicação inicial de 280 mil contos, sucederam encargos reais na ordem do milhão...
JN- 10/4/97 (?) – Região de Turismo Dão-Lafões lança cardápio termal – Roteiro terapêutico e turístico de seis estâncias – A variedade e vocação terapêutica das estâncias termais da região Dão- Lafões acaba de ser compilada numa brochura editada pela respectiva região de turismo. Autêntico cardápio das ofertas existentes na região a nível termal, este documento concilia a vertente terapêutica à turística, assumindo-se como roteiro seguro para quem deseja tratar da saúde ou do espírito, em espaços cada vez mais apreciados pela qualidade do serviço que prestam.
JN- 10/3/97 (Teresa Cardoso) –Termas de S.Pedro do Sul cada vez mais procuradas – Balneário moderno, paisagens e gastronomia são propostas irrecusáveis – As termas de S.Pedro do Sul são umas das estâncias termais mais conhecidas e pujantes do distrito de Viseu e do país. Localizada na região de Lafões – conhecida pela beleza das suas paisagens - , esta estância termal possui o mais antigo “ balneum” romano da península Ibérica, a que há alguns anos se juntou o mais moderno da Europa. Á tradição/ modernidade das termas juntam-se as paisagens, a gastronomia e algumas das aldeias mais genuínas do país, factores que estão na origem da crescente procura por parte de turistas nacionais e estrangeiros.    
JN- 26/1/97 (Teresa Cardoso) – Aquecimento geotérmico em cascata é projecto pioneiro nas termas – No ano que vem, habitantes terão as suas casa, a igreja e hotéis aquecidos a custo reduzidos – Os habitantes das termas de S.Pedro do Sul poderão, a partir de 1998, Ter aquecimento central – isento de poluição e a custos reduzidos – nas suas casas, hotéis, piscina e até nas estufas dos agricultores mais arrojados. É uma situação única em Portugal, que decorre do projecto de Aproveitamento Geotérmico em Cascata que tem na Câmara Municipal de S.Pedro do Sul a entidade promotora.   
JN – 4/12/02 (Teresa Cardoso) – Balneário dona Amélia recupera “estatuto” régio - Obras de requalificação estão quase prontas e incluem aquecimento com águas termais. Espaço será um pólo de cultura com museu
JN- 8/2/03 (Teresa Cardoso) – Câmara reduz despesas com dispensa de pessoal - Presidente diz que há técnicos a mais e quer poupar 1.5 milhões de euros.

JN- 10/2/03 (Teresa Cardoso) – Viagem de Comboio custa só dois euros – Transporte turístico tornou-se sucesso numa semana.

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Bibliografia

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Dados gerais

Distrito
Viseu

Concelho
S.Pedro do Sul   

Freguesia
Várzea       

Povoação/Lugar
Termas de São Pedro do Sul  

Localização
A meio caminho entre Vouzela e a sede e São Pedro do Sul. Os balneários localizam-se na margem direita do Vouga   

Província hidromineral
B  / Bacia hidrográfica do Rio:   Vouga      

Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Central 

Fundo geológico (factor geo.)
Rochas magmáticas (granitoides)   

Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l de CaCO3

Concessionária

Câmara Municipal de São Pedro do Sul

Telefone
232720300

Fax
232712152

Morada
Centro Termal de S. Pedro do Sul / 3660-692 S. Pedro do Sul

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O balneário novo(foto de Mª Manuel Quintela)




O balneário rainha D. Amélia (foto de Mª Manuel Quintela) 




A praça do Balneário(foto de Mª Manuel Quintela) 




Um recanto da  praça do Balneário(foto de Mª Manuel Quintela) 





O Rio Vouga(foto de Mª Manuel Quintela) 




O Rio Vouga(foto de Mª Manuel Quintela)