Tipo de exploração:
Termas abandonadas
Natureza da água:
Bicarbonatada sódica
Indicações:
Aparelho digestivo e reumatismos
[A hospedaria / balneário em ruínas, visto do local da nascente]
Época termal
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Gastrites, dispepsias, litíase biliar ( Contreiras 1937)
Aparelho digestivo e reumatismos (uso popular)
Tratamentos/ caracterização de utentes
Era sobretudo procurada nos meses de Verão, sendo os aquistas originários da região do Alto Douro e noroeste do distrito de Viseu.
Instalações/ património construído e ambiental
A Quinta da Dona Moira é uma exploração agrícola onde se destaca a produção de baga de sabugueiro, utilizada na indústria de cosméticos e para o tratamento de vinhos e aguardentes. Tinha a sua parte termal no edifício que também servia de habitação aos caseiros.
O edifício é uma construção em dois pisos característica da região beirã, sendo o piso térreo em blocos de granito e o piso superior uma construção menos sólida com as divisórias interiores em madeira, onde não falta a tradicional varanda corrida também em madeira. No piso inferior encontra-se a adega-estábulo (a um nível inferior) e sobre estes os três quartos de banheiras e a sala de duches. No piso superior ficava a zona habitacional, tendo em anexo a cozinha e sala da caldeira de aquecimento das águas, ambas na parte traseira da construção.
A nascente encontrava-se num lameiro a uma cota superior ao do edifício. A água emergia de uma galeria, de onde era conduzida para um tanque coberto, actualmente em ruínas, e daí seguia por canalização para uma caldeira e desta para os balneários.
Todo o conjunto está actualmente em fase avançada de ruína.
Natureza
Bicarbonatada sulfatada cálcica, altamente alcalina (Lepierre 1932)
Bicarbonatada, sulfatada sódica ( Contreiras 1937)
Bicarbonatada sódica (Calado 1992)
Nunca foi concessionada
A construção ou adaptação do edifício a balneário deverá ter ocorrido em inícios do século XX; embora não nos apareceram referências anteriores ao estudo feito por Herculano de Carvalho em 1932, é de crer que a sua utilização seja bastante mais antiga.
Numa primeira fase, os banhos faziam-se no tanque coberto, actualmente em ruínas, que se encontra à saída da mina de água, e posteriormente no balneário. Este já estaria em funcionamento na década de 20, segundo o testemunho da informante D.ª Maria da Conceição, filha do caseiro que tomou conta da quinta desde essa época até ao início dos anos 50, seu pai António Baptista ficou mais conhecido por António da Dona Moira.
Lepierre classificava em 1936 esta água como “novo tipo de água mineral portuguesa, água bicarbonatada sulfatada cálcica”.
Nas décadas de 1940 e 1950 chegou a ser transportada em cântaros e garrafões para Lamego, onde era comercializada. Os banhos termais terão durado até final dos anos 50. A razão por que terminaram, segundo Joaquim Benedito, ex-presidente da Junta de Freguesia de Goujoim, foi o proprietário, António Domingos, ter querido aumentar o caudal de água e para tal ter feito uns “tiros” dentro da galeria, o que desviou as águas.
Actualmente a Quinta da Dona Moira é propriedade de Manuel Carvalho, que a comprou há cerca de 7 anos. Este senhor também é proprietário da Casa do Abade em Goujoim, uma tentativa de turismo de habitação, e apresentou um projecto de turismo rural para esta quinta onde se previa a recuperação do edifício a construção de uma praia fluvial e percursos equestres. O projecto não foi aprovado pela Direcção Geral de Turismo e Câmara Municipal de Armamar.
No edifício existiam oito quartos de aluguer dedicados aos aquistas.
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Acciaiuoli 1944, Acciaiuoli 1949-50, Almeida 1948, Carvalho 1932, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Correia 1954, Correia 1980, Bastos 1936/7, Lepierre 1932, Lepierre e Carvalho 1936, Morais 1943, Morais 1947, Le Portugal Hydrologique e climatique 1930-42.
Freguesia
Goujoim
Povoação/Lugar
Ribeira de Goujoim – Quinta de Dona Moira
Localização
Na margem esquerda do Rio Tedo, a cerca de 3 km de Goujoim e 300 m da povoação da Ribeira de Goujoim, na outra margem do rio e já no concelho de Tabuaço.
Província hidromineral
B / Bacia hidrográfica do Rio Douro
Zona geológica
Maciço Hespérico – Zona Centro-Ibérica
Fundo geológico (factor geo.)
Na zona de junção de rochas magmáticas (granitóides) com rochas metamórficas (xistos)
Dureza águas subterrâneas
0 a 50 mg/l CaCO3
Concessionária
Uso popular
Telefone
n.d.
Fax
n.d.
Morada
n.d.
E-mail / site
n.d.
“Das termas aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”
Projecto POCTI/ ANT/47274/2002 - Centro de Estudos de Antropologia Social e Instituto de Ciências Sociais